Pegava-te na mão
E voava sobre as
sombreadas sombras das velhas mangueiras,
Pegava-te na mão
E escrevia nos teus olhos
O poema madrugada,
Enquanto o meu pai,
Também ele,
Me pegava na mão,
Os três,
Em pedacinhos de silêncio,
Corríamos como loucos
Em busca do mar
E dos barcos em papel,
Pegava-te não,
Pegavas-me na mão
Sem perceberes que um dia
Pertencerias às
fotografias a preto e branco
Que brincam sobre a minha
secretária,
Pego num livro
E imagino-te sentado no
jardim
A semear cigarros,
Pegava-te na mão
E abraçava-te e tu
abraçavas-me
E ele abraçava-me,
Como hoje me abraça
enquanto durmo dentro deste sonho.
Alijó, 3/11/2022
Francisco Luís Fontinha
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