(para Oumara Moctar
Bambino)
Não me encontro
neste labirinto de palavras,
precisava de uma
lanterna invisível, pequeníssima e frágil,
uma lanterna que me
guiasse quando viajo nos olhos de gaivota “AMAR”,
perco-me, desejo-me
e desejo-te, quando te transformas em mar, e eu,
e eu, eu me
transformo em neblina sem som, em carcaça encalhada...
não me encontro,
não, não existe no teu sorriso uma canção,
(oiço o Oumara
Moctar Bambino)
(Feliz porque o
oiço)
Não me encontro e
perco-me nos teus lábios, meu Amor sonâmbulo,
sou um ponto algures
no espaço, em rotação,
sei que das tuas
lágrimas crescem gaivotas de “AMAR”,
gaivotas
lindíssimas, gaivotas com sabor a mel,
gaivotas...,
gaivotas de papel,
como silêncios
embebidos nas nocturnas madrugadas sem nome,
Insignificantes,
estes braços que te abraçam,
estes olhos que te
absorvem como as tempestades de paixão,
sou quase engolido
pelo teu coração,
feliz... feliz
porque o oiço, porque... porque a música dele é poema vadio, é
poema rebelde,
porque o oiço,
porque a sua música me provoca uma translação,
e voo, e voo... até
aos sonhos do Tejo,
não me encontro,
não tenho medo das tuas coxas quando ele entra em nós, e somos dois
pássaros em suspensão, brincando nos lençóis da tua pele, e
voo...
até me cansar,
e voo... voo para te
encontrar,
gaivota, minha
gaivota de “AMAR”
minha gaivota com
sabor a Aurora Boreal...
… minha gaivota
irreal,
(oiço o Oumara
Moctar Bambino)
(Feliz porque o
oiço)
Não me encontro, e
só te observo em sonho,
imagem transparente
dos espelhos embriagados,
não, não me
encontro, não... não no centro das palavras,
objectos, cacos,
cacos e carcaças apodrecidas...
e esqueletos
doirados das tardes intermináveis,
tardes em que o teu
corpo era poesia...
POESIA NUA
DESPIDA... POESIA, POESIA EM DESPEDIDA.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Junho
de 2014