Todas
as coisas, possíveis, impossíveis,
Acontecem
quando nasce em mim a noite.
O
corpo range de sono, perco-me nas palavras da saudade,
Quando
regressa a madrugada,
E,
todos os pássaros voam em direcção ao mar.
Um
barco chilreia, voa sobre o jardim das cantarias,
Flores
dispersas, como mendigos apressados,
Brincando
na eira,
Olham
o cereal,
Deitam-se
no chão,
E,
sonham com o luar.
Todas
as coisas,
Infinitas,
finitas, nas mãos de Deus.
Um
esqueleto de silêncio vagueia nas pálpebras da insónia,
Morrem
as pedras do meu pobre jardim,
Levantam-se
as migalhas da fome,
Quando
um carnívoro de sombra, às vezes cansado, levita na escuridão da solidão.
Tenho
fome;
Tive
pai, mãe, e, nada mais…
Agora,
tenho a floresta,
Os
papagaios em papel, de três cores,
E,
num pequeno caderno quadriculado, invento o sonho,
Imaculado,
distante, ausente,
Como
todas as coisas,
Possíveis,
impossíveis.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
29/01/2020
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