terça-feira, 12 de novembro de 2013

Barcos em flores acreditando nas gaivotas de porcelana

foto de: A&M ART and Photos

Éramos dois barcos dentro da mão da tempestade, vivíamos sonhando como sonhavam os nossos antepassados, tínhamos luas sem luar, ouvíamos as lágrimas da noite e dormíamos acreditando que a noite era mãe das amendoeiras em flor, tínhamos sidos enganos, só não éramos nada, tu e eu, como a noite nunca existiu, só não éramos nada, como tu e eu, como os sonhos são uma mentira inventada pelas nuvens de prata, só não éramos anda, tu e eu, como a noite, sim, essa mesmo, como a noite nunca foi a mãe das amendoeiras em flor, porque estas
Nunca existiram?
Existiram, e existem, mas... deixaram de habitar a nossa aldeia depois dos incêndios que fizeram de nós, num verão incandescente, como uma lareira enfeitada com papel florido e pequenos desenhos em acrílico sobre tela, quanto vale
Nada,
Não vendo desenhos, não vendo vidas habitadas em telas sem sentido, nuas, escuras, telas minhas que acreditava serem também tuas, telas dela que eu acreditava serem dele... e nada lhes pertencia, a manhã, o frio, as flores dos vasos que quando o vento era mais forte os fazia estilhaçar na calçada, da varanda em queda livre
Ajuda!,
E AJUDA nenhuma, apenas paralelepípedos de tristeza mergulhados nas línguas dos magalas com gravatas em tecido desbravado das costureiras envelhecidas, ela trôpegamente subia as escadas, abria a porta de entrada e logo de seguida um velho gato infestado de reumático lhe poisava não mão esquerda, enquanto com a mãos direita afagava os colarinhos de uma gaivota tresmalhada, envenenada pelas insónias vodkas dos bares em Cais do Sodré, e putas de perfume inocência vagueavam a rua saboreando sexos murchos dos candeeiros ancorados aos pinheiros de Trás-os-Montes acabados de nascer, e cresciam, e cresciam
E AJUDA nada,
Descíamos pensando que subíamos,
Os braços da sombra Inglesa com rissóis de maré grelhada e molho de pôr-do-sol, éramos quatro barcos, éramos quatro vadios guindastes de marfim na boca de um crocodilo em pau-preto, e se a princípio éramos apenas dois barcos
Como quatro hoje?
Barcos em flores acreditando nas gaivotas de porcelana, como dois antes, os filhos dos filhos, e as putas de perfume inocência vagueavam a rua saboreando sexos murchos dos candeeiros ancorados aos pinheiros de Trás-os-Montes acabados de nascer, e cresciam, e cresciam
Até
E cresciam...
Até morrerem.


P.S.


o habitáculo do desejo


dentro do habitáculo do desejo
a bailarina Caliente voa sobre as gaivotas em flor
uma moeda insere-se na ranhura do piano embriagado
ouvem-se sons dispersos nas coxas dele
ele geme
ela sente cada milímetro quadrado dos gemidos dele
o piano enlouquece
o piano derrama a fina pauta de sémen sobre a geada da alvorada
sinto a lareira do ciume nas planícies do abismo coração solitário
e dentro do habitáculo
ela
ela ri-se e dos lábios sobejam as finas pétalas do prazer...




Percebes agora a razão da existência dos quatro barcos em vez de dois?
Não, não percebo,
Éramos dois barcos dentro da mão da tempestade, vivíamos sonhando como sonhavam os nossos antepassados, tínhamos luas sem luar, ouvíamos as lágrimas da noite e dormíamos acreditando que a noite era mãe das amendoeiras em flor, tínhamos sidos enganos pelo habitáculo do desejo, e dos vidros embaciados, nasceram mais dois barcos, filhos dos dos dois primeiros barcos,
Percebes agora a razão da existência dos quatro barcos em vez de dois?
Não, não percebo,
Tudo
Não percebes?
Tudo tão negro quando os gemidos da saudade se entranham nas frestas dos complexos números do quadriculado caderno, e de vez em quando
Poemas,
E de vez em quando
Percebes agora a razão da existência dos quatro barcos em vez de dois?
Não, não percebo,
Como nunca percebi porque chamam Calçada à AJUDA... quando ninguém é ajudado e o rio engole os sexos murchos dos candeeiros ancorados aos pinheiros de Trás-os-Montes acabados de nascer, e cresciam, e cresciam
E morriam.


(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 12 de Novembro de 2013
Barcos em flores acreditando nas gaivotas de porcelana

Robert Plant | Zirka Part 1 | Malian Journey to and from Festival in the Desert 2003


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

o habitáculo do desejo

foto de: A&M ART and Photos

dentro do habitáculo do desejo
a bailarina Caliente voa sobre as gaivotas em flor
uma moeda insere-se na ranhura do piano embriagado
ouvem-se sons dispersos nas coxas dele
ele geme
ela sente cada milímetro quadrado dos gemidos dele
o piano enlouquece
o piano derrama a fina pauta de sémen sobre a geada da alvorada
sinto a lareira do ciume nas planícies do abismo coração solitário
e dentro do habitáculo
ela
ela ri-se e dos lábios sobejam as finas pétalas do prazer...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 11 de Novembro de 2013

Que fazem os lobos na minha cidade?

foto de:A&M ART and Photos

Sei que me esperam a cada esquina da cidade, existem placas sinaléticas com o meu nome espalhadas pelas imensas ruas da cidade, obedeço e descubro que sou filho da cidade, obedeço e descubro que vivo clandestinamente na cidade, oiço-os, sinto-os galgarem os gradeamentos dos quintais de arame, sei que são eles porque o cheiro que chega a mim diz-me que são ele e pergunto-me
Que fazem os lobos na minha cidade?
Espero impacientemente o eléctrico para Belém, entre o vir e o desistir, eu ganho-lhe e antes que ele venha... desisto, começo trôpegamente e arrefeço e começo a extinguir-me conforme as sombras que a cidade constrói nas janelas envidraçadas dos táxis embriagados quando saem dos bares de Cais do Sodré, sinto-me não sentir as mãos que me acompanham, sinto-me vaguear como um louco nas cânforas lâmpadas dos candeeiros cintilantes da noite sem sucesso, oiço-os e tenho-lhes medo
Pergunto-lhe e ela responde-me que
Os lobos são filhos da cidade...
Eu paro e repentinamente imagino-me também um lobo, pois sou filho da cidade, pois... logo sou um lobo, solitário, vegetariano procurando os velhos quintais que aos poucos vão morrendo nos arredores da cidade, sinto-me voar sobre os meninos e meninas que brincam nos parques infantis, sinto-me voar sobre os lobos que fazem amor nas fina areia da praia, também ela
Filha da cidade,
Mãe dos lobos, minha mãe, sinto-me perdido dentro de um fino buraco que uma dessas crianças que brincava na areia fez, começo a descer, começo a acariciar-lhe as coxas encostas dos socalcos mergulhados no Douro, sinto-me a entranhar-me nos seios do pôr-do-sol quando há muito partiram as crianças que fizeram o buraco onde me encontro aprisionado, grito pelos lábios do desejo, e sinto a minha mão abraçada à cannabis língua dos soluços depois de acordarem os orgasmos do fumo transversal que também como eu, voam sobre a cidade, que tal como eu
Filhos da cidade,
Sinto os lobos vergarem-se quando o vento sussurra ao ouvido do púbis em cio, a cidade embrulha-se no clitóris da saudade, há momentos de silêncio, há solidões disfarçadas de insónia e mesmo assim, eles, dizem, que,
Ele... filho da cidade
Ele... irmão dos lobos e filho da praia,
Desisto do eléctrico, vou dançando pelas pedras das calçadas e eu descalço, e oiço-os, e oiço-os como martelos pneumático salpicando carne em sexo nas ruelas mal iluminadas, finjo-me de morto, finjo-me de sonâmbulo e eles abandonam-me dentro do cobertor dos sonhos, desisto do eléctrico, desisto dos corpos graníticos dos jardins de pedra, e sobrevoo como uma gaivota desnorteada o teu cabelo de papel com bolinhas encarnadas,
Ele... filho da cidade
Ele... irmão dos lobos e filho da praia, e sei que me esperam a cada esquina da cidade...


(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 11 de Novembro de 2013

prata cinzenta

foto de: A&M ART and Photos

réstias de prata cinzenta
como sobrevoam os teus seios de xisto pergaminho
descem socalcos até encontrarem os moinhos do desejo
e desenham línguas de vento na boca em pincéis de beijo
réstias de prata cinzenta
nas mãos de um menino alimentado pelo silêncio medo
há palavras que acordam cedo
e constroem as manhãs do triste vizinho


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 11 de Novembro de 2013

domingo, 10 de novembro de 2013

Domingo de Solidão...

foto de: A&M ART and Photos

Que o silêncio acorde em ti, que de ti se masturbem as flores cinzentas dos jardins clandestinos das mãos sem Luar, que de ti se alimente o vento, a solidão, que em ti adormeça a paixão e os candeeiros sem braços de porcelana, que o silêncio amordace a tua doce boca de jasmim, sem mim, assim
Olá noite vestida de branco...
Olá meu querido vestido de negro insónia com suspensórios de burburinho moinho em palavras sem poesia, olá primeira fila, olá segunda cadeira, à direita, olá holofotes e estrelas de papel higiénico, olá balões e castanhas árvores de sorriso nos lábios, olá vodka, olá
Olá noite vestida de branco...
Olá Xokolatte com Margaridas colores,
Assim,
Que o silêncio se entranhe nos teus cabelos e deles acordem as noites vagabundas dos cais de embarque, que todos os petroleiros e afins se afundem no teu púbis hieroglífico como sandálias tristes cores derretidas em suor ordinário dos corpos transpirados, que tudo em ti seja meu, a fome e os pilares dos melódicos sons, que a tua voz alvoreça e adormeça e
Assim?
Acorde, viva, e durma sobre o meu peito, que venham todas as tempestades e derrubem todos os silêncios que a noite tece como uma teia, como a rede que nos separa, como o dia se transforma em noite, como a tarde se transforma em sexo e o sexo em lágrimas com sorriso para o Tejo, que os cacilheiros entrem em nós, brinquem, fodam-nos como fodem as gaivotas voláteis dos tristes medos de Alcântara, que sejas tu a travestires-te de carruagem sem locomotiva, que sejas tu a disfarçares-te de holofote suspenso nas glândulas apátridas dos nomes começados por...
F
R
A
N
C
I
S
C
Olá... menina dos silêncios encaixotados quando as plumas madrugadas
Poisam,
Em mim,
Em ti, em cima da mesa-de-cabeceira, os livros apilhados desde o chão até... comprem meninas comprem,,, meias da casa Baiona... que chegam dos fundo dos pés até ao cimo da C..., comprem, comprem meninas comprem,
Poisam em mim as tuas imaginárias mãos de pergaminho, oiço o baloiço do ciume descendo a calçada, oiço os gonzos prisioneiros a despedirem-se das janelas em viagem, oiço o apito do marinheiro em cio à procura de dos corpos insufláveis onde dormirá nos próximos dias, e as horas não brincam, e as horas correm como veleiros esquecidos no centro das tempestades de cimento branco, há uma ponte que nos liga
Ligava?
Naufraguei em ti?
Há relógios loucos, há carroças puxadas por homens e burros que puxam adornados carros encarnados, há mulheres dentro do teu corpo que absorvem a solidão, e por essa razão
Procurei-te hoje,
Domingo de Solidão...


(não revisto - ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo de Solidão, 10 de Novembro de 2013

sentir não sentindo as velhas noites de cetim

foto de: A&M ART and Photos

senti-te despregada dos sonhos em castelos de veludo
desci as escadas da solidão à tua procura
mergulhei no incenso magusto das castanhas embebidas em pétalas de amor
dormi na rua por tua causa
subi às árvores para buscar-te as asas que te prometi
e por lá fiquei
senti
e sem ti
senti-te mais tarde dentro de mim como se sente o rio quando corre nas nossas veias de onomatopeias desgovernadas
tristes
e simples espada nas cantigas das janelas em ruelas empobrecidas
senti-te despregada dos sonhos em cubos de areia vestidos com bonecos em palha seca
sabia-te perdidamente nas cidades em volta dos relvados nocturnos dos néons castrados como abelhas fundeadas no cais das aranhas e noites em dormitórios de marés rochosas ou das malignas coberturas de zinco nas cabeças sem coloridas manhãs de Outono
amar-te-ei depois dos terramotos de cetim em cobertores de chita?
e por lá fiquei
senti
e sem ti
imaginava-te louca com brincos de centeio dos campos de Carvalhais
imaginava-te nua dentro do espigueiro junto à eira
e sentia-te entre as frestas do dia em delírios poemas como gotículas de suor que o teu corpo derramava sobre a minha sombra
e por lá fiquei
senti
e sem ti
às caravanas esplanadas do rio embrulhado em pontes de concreto armado
vagueavas-me na ponta dos dedos como objectos minúsculos do edifício da rua dos apaixonados mosquitos de arame
sentia-te fervilhar no meu sangue
sentia-te a desfrutares as palavras dos meus suspiros quando acordava o pôr-do-sol...
e um barco se sémen poisava sobre as tuas coxas envergonhadas
absorvendo o prazer da tarde como uma equação diferencial esquecida dentro do caderno quadriculado
e por lá fiquei
sem saber que tu eras como as espigas de milho
sem saber que tu sonhavas com clarabóias de insónia depois dos terramotos de cetim em cobertores de chita
amar-te-ei?


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 10 de Novembro de 2013

ofegantes dedos de cristal nas plumas do cansaço

foto de: A&M ART and Photos
os pigmentos da sinceridade desfazem-se nos meandros seios de espuma das andorinhas em flor
oiço-as vorazmente sem o saber
as canções melódicas das Princesas com vestidos de prata
os pigmentos olhos da mulher impregnada de insectos e palavras adversas
escondem-se
e mergulham nas algas salgadas dos campos de maré agoniada como papeis emagrecidos nas tendas do circo ambulante
sinto-os correr nas travessas dos carris do aço abraço
e acorrentam-se-me como se eu fosse um barco naufragado
fundeado no teu peito em arbustos artificiais como o era a tua boca transversal
e desconexa
ofegantes dedos de cristal nas plumas do cansaço avião invisível em pequenos desenhos de granito
e imaginas-me vagueando mendigos nas ruas de uma cidade sem lei
da cidade dos tristes corações de pedra...
sou forçosamente obrigado a suicidar-me pelas palavras que escrevo
e detesto quando acordam as manhãs de Domingo...
e não encontro os óculos
e não encontro a tua mão para me guiar até às escadas do silêncio


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 10 de Novembro de 2013

sábado, 9 de novembro de 2013

Quem imaginava?

foto de: A&M ART and Photos

Quem imaginava que a uma mesa de café, recheada de senhoras donzelas... uma delas me observava, uma delas me desenhava nas sombras alegres dos jardins invisíveis do Outono em construção, oiço o PLANETA 3, e imagino-a sentada num granítico banco de jardim, em frente ao café da esquina e ela
Ela olha-me como se eu fosse o espelho da criação ingénua dos livros ainda não escritos, percebo agora que não estou só, percebo agora que me guiam, que me
Desenham nas paredes do vizinho AL Berto? E ela? Ela vagueia entre as searas imagináveis dos campos em papel de parede, há chávenas de café com pequenas migalhas de sílabas que sobejaram das conversas, algumas delas, das conversas
Sem sentido?
Os olhos, os lábios, as vogais impregnadas nos versos escritos nas mãos do desejo, imagino-me vestido de branco e correndo junto às amoreiras em flor, e chorando junto aos candeeiros das noites com conservas em lata, quem
Quem imaginava?
Que a uma mesa de café, os óculos superficiais nas testa dele... e aos poucos deslizavam até aterrarem nos olhos das flores com pétalas de paixão, sou eu, a minha fotografia sofre, a minha fotografia... morre? Não, não percebo
Sem sentido? Desenham nas paredes do vizinho AL Berto? E ela? Ela vagueia nas pálpebras dos telhados em colmo, havia nuvens de prata e sonhos de plátano, havia um recreio onde habitava um pinheiro ranhoso, doente, com bicos mínimos que depois de poisarem nos nossos corpos...
A paixão das palavras submersas nos seios dela, havia vidros e dos vidros espelhos e dos espelhos
Cacos?
Eu, um imbecil que para o futebol parecia uma formiga correndo dentro de um corredor de açúcar, sem jeito, e de pontaria desafinada, e claro
Os vidros escacados, e claro
A paixão?
À mesa do café, a saudade da presença das conversas em melodias com parecerias ínfimas e das sandes de queijo o molho de tomate a olhar os óculos de sol dele, atrofiados, incrédulo, redondo como uma bola de cacos e folheados em pedaços de xisto com cebola, havia também uma mão onde brincavam beijos afogados em berços de porcelana, eu também acreditava nas mesas de café, nos cinzeiros e nos cigarros, e
Os vidros escacados, e claro
A paixão?
Os cacos da vizinha do vizinho
AL Berto?
Os poemas dele quando se entranham nos corpos nossos, somo vampiros vestidos de esqueletos, uns de vidro, outros de saudade, e outros
Paixão?
E outros vestidos de paixão com pequenos adornos de suor às línguas tímidas dos silêncios em sôfregos olhos quando descem-lhe os óculos de sol, cerram-se as pálpebras, cerram-se as manhãs sem cortinados na janela e cerram-se os pedaços em madeira da lareira da sala
Fazíamos amor à mesa do café e tomávamos café sobre um divã de complexos orgasmos, sou assim, sou um
Desalinhado?
Não, não vizinho...
AL Berto?
Os vidros escacados, e claro
A paixão?
Os cacos da vizinha do vizinho
AL Berto?
Os teus livros em mim como as minhas palavras nela,
Sabendo eu que amanhã todas as ruas da tua cidade ficarão ofendidas com os meus olhos, e daqui em diante
Nunca mais agrestes guindastes sobre barcos de papel,
Sabendo que tu
À mesa do café embrulhada em coisas, e coisas das coisas com sabor a coisas... as coisas de ti e escritas no teu corpo.


(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 9 de Novembro de 2013

a vida de viver a vida sem a vida

foto de: A&M ART and Photos

viver sem saber o que é viver
viver a vida
mas que a vida se despede aos poucos de quem vive
a vida não vida vivendo acreditando que a vida...
a vida é viver sem saber o que é viver
ama-se a vida
e esquecemos-nos de quem nos ama sem a vida
vivendo
crescendo a vida dentro de nós
e longe da vida
a vida que nos espera quando formos apenas pó e pedacinhos de osso sem sabor
sem palavras de viver

a vida
a vida que se vive no meu corpo é um cansaço sem vida
viver sem saber que vivendo se vive... o que é viver...

o que é a vida.


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 9 de Novembro de 2013