foto de: A&M ART and Photos
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Quem imaginava que a uma mesa de café, recheada de
senhoras donzelas... uma delas me observava, uma delas me desenhava
nas sombras alegres dos jardins invisíveis do Outono em construção,
oiço o PLANETA 3, e imagino-a sentada num granítico banco de
jardim, em frente ao café da esquina e ela
Ela olha-me como se eu fosse o espelho da criação
ingénua dos livros ainda não escritos, percebo agora que não estou
só, percebo agora que me guiam, que me
Desenham nas paredes do vizinho AL Berto? E ela? Ela
vagueia entre as searas imagináveis dos campos em papel de parede,
há chávenas de café com pequenas migalhas de sílabas que
sobejaram das conversas, algumas delas, das conversas
Sem sentido?
Os olhos, os lábios, as vogais impregnadas nos
versos escritos nas mãos do desejo, imagino-me vestido de branco e
correndo junto às amoreiras em flor, e chorando junto aos candeeiros
das noites com conservas em lata, quem
Quem imaginava?
Que a uma mesa de café, os óculos superficiais nas
testa dele... e aos poucos deslizavam até aterrarem nos olhos das
flores com pétalas de paixão, sou eu, a minha fotografia sofre, a
minha fotografia... morre? Não, não percebo
Sem sentido? Desenham nas paredes do vizinho AL
Berto? E ela? Ela vagueia nas pálpebras dos telhados em colmo, havia
nuvens de prata e sonhos de plátano, havia um recreio onde habitava
um pinheiro ranhoso, doente, com bicos mínimos que depois de
poisarem nos nossos corpos...
A paixão das palavras submersas nos seios dela,
havia vidros e dos vidros espelhos e dos espelhos
Cacos?
Eu, um imbecil que para o futebol parecia uma
formiga correndo dentro de um corredor de açúcar, sem jeito, e de
pontaria desafinada, e claro
Os vidros escacados, e claro
A paixão?
À mesa do café, a saudade da presença das
conversas em melodias com parecerias ínfimas e das sandes de queijo
o molho de tomate a olhar os óculos de sol dele, atrofiados,
incrédulo, redondo como uma bola de cacos e folheados em pedaços de
xisto com cebola, havia também uma mão onde brincavam beijos
afogados em berços de porcelana, eu também acreditava nas mesas de
café, nos cinzeiros e nos cigarros, e
Os vidros escacados, e claro
A paixão?
Os cacos da vizinha do vizinho
AL Berto?
Os poemas dele quando se entranham nos corpos
nossos, somo vampiros vestidos de esqueletos, uns de vidro, outros de
saudade, e outros
Paixão?
E outros vestidos de paixão com pequenos adornos de
suor às línguas tímidas dos silêncios em sôfregos olhos quando
descem-lhe os óculos de sol, cerram-se as pálpebras, cerram-se as
manhãs sem cortinados na janela e cerram-se os pedaços em madeira
da lareira da sala
Fazíamos amor à mesa do café e tomávamos café
sobre um divã de complexos orgasmos, sou assim, sou um
Desalinhado?
Não, não vizinho...
AL Berto?
Os vidros escacados, e claro
A paixão?
Os cacos da vizinha do vizinho
AL Berto?
Os teus livros em mim como as minhas palavras nela,
Sabendo eu que amanhã todas as ruas da tua cidade
ficarão ofendidas com os meus olhos, e daqui em diante
Nunca mais agrestes guindastes sobre barcos de
papel,
Sabendo que tu
À mesa do café embrulhada em coisas, e coisas das
coisas com sabor a coisas... as coisas de ti e escritas no teu corpo.
(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 9 de Novembro de 2013
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