domingo, 10 de novembro de 2013

Domingo de Solidão...

foto de: A&M ART and Photos

Que o silêncio acorde em ti, que de ti se masturbem as flores cinzentas dos jardins clandestinos das mãos sem Luar, que de ti se alimente o vento, a solidão, que em ti adormeça a paixão e os candeeiros sem braços de porcelana, que o silêncio amordace a tua doce boca de jasmim, sem mim, assim
Olá noite vestida de branco...
Olá meu querido vestido de negro insónia com suspensórios de burburinho moinho em palavras sem poesia, olá primeira fila, olá segunda cadeira, à direita, olá holofotes e estrelas de papel higiénico, olá balões e castanhas árvores de sorriso nos lábios, olá vodka, olá
Olá noite vestida de branco...
Olá Xokolatte com Margaridas colores,
Assim,
Que o silêncio se entranhe nos teus cabelos e deles acordem as noites vagabundas dos cais de embarque, que todos os petroleiros e afins se afundem no teu púbis hieroglífico como sandálias tristes cores derretidas em suor ordinário dos corpos transpirados, que tudo em ti seja meu, a fome e os pilares dos melódicos sons, que a tua voz alvoreça e adormeça e
Assim?
Acorde, viva, e durma sobre o meu peito, que venham todas as tempestades e derrubem todos os silêncios que a noite tece como uma teia, como a rede que nos separa, como o dia se transforma em noite, como a tarde se transforma em sexo e o sexo em lágrimas com sorriso para o Tejo, que os cacilheiros entrem em nós, brinquem, fodam-nos como fodem as gaivotas voláteis dos tristes medos de Alcântara, que sejas tu a travestires-te de carruagem sem locomotiva, que sejas tu a disfarçares-te de holofote suspenso nas glândulas apátridas dos nomes começados por...
F
R
A
N
C
I
S
C
Olá... menina dos silêncios encaixotados quando as plumas madrugadas
Poisam,
Em mim,
Em ti, em cima da mesa-de-cabeceira, os livros apilhados desde o chão até... comprem meninas comprem,,, meias da casa Baiona... que chegam dos fundo dos pés até ao cimo da C..., comprem, comprem meninas comprem,
Poisam em mim as tuas imaginárias mãos de pergaminho, oiço o baloiço do ciume descendo a calçada, oiço os gonzos prisioneiros a despedirem-se das janelas em viagem, oiço o apito do marinheiro em cio à procura de dos corpos insufláveis onde dormirá nos próximos dias, e as horas não brincam, e as horas correm como veleiros esquecidos no centro das tempestades de cimento branco, há uma ponte que nos liga
Ligava?
Naufraguei em ti?
Há relógios loucos, há carroças puxadas por homens e burros que puxam adornados carros encarnados, há mulheres dentro do teu corpo que absorvem a solidão, e por essa razão
Procurei-te hoje,
Domingo de Solidão...


(não revisto - ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo de Solidão, 10 de Novembro de 2013

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