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foto: A&M ART and Photos
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Vejo as faúlhas da parvalhice, sinto das auras mãos
de menina, o doce perfume da mulher desiludida, com o marido, com os
filhos, com os vizinhos, com os políticos..., comigo, com ele, ou
com o amante, sinto-lhe a leveza vassalagem a transbordar a alegria
de pálpebras negras, e empobrecidas, falta-lhe o amor, falta-lhe ser
amada, desejada, possuída... sobre as toalhas vadias das tempestades
de Agosto,
(assobiam os manifestantes contra a ausência de
amor)
Crescem pétalas de amor como de lixo existe nas
ruas, há muito amor, este ano, para dar, oferecer e vender, este ano
tudo se oferece, e tudo é possível de concretizar, as auras de
menina, o doce perfume da mulher acabada de o ser, finge ter um
marido ausente, caminha pelas encostas cegas dos socalcos
abandonados, imagina um rio feliz, imagina um homem a comandar esse
rio, e apenas com um sorriso nos lábios, ele, ele desancora o
casebre em ruínas, dissimuladas canções escritas em paredes de
areia, velhas cortinas em janelas de madeira, tudo arde, e ele corre
até entrar nos orgasmos clandestinos das eleições que se
avizinham, alguns, precocemente, já ejacularam, outros, nem esse
prazer chegaram a sentir, porque é assim a puta da vida, quando se
quer, não se tem, às vezes, apostam no cavalo errado, por essa
razão comecei a apostar em ratos de capoeira, são destros, astutos
e sabem sempre o que fazer, alicerçam-se os caminhos até ao cimo
das escadas com vista para as nuvens, e tudo se perderá como um
simples grão de areia...
(assobiam os manifestantes contra a ausência de
amor)
Vejo as faúlhas da parvalhice,
Como são as borboletas?
Têm pintinhas nas asas, meu amor,
Como as ondas silvestres dos Oceanos mergulhados em
areia branca, uma voz de carneiro desaparece dos currais desabitados
e com telhas em cerâmica pintadas de verde alface, oiço os orgasmos
inconsequentes de alguns candidatos, e coitadas das mulheres que
descem e sobem a montanha da vaidade, infelizes, tristes como as mãos
do escultor, que tendo diante dele um pedaço de rocha, nada dali
sairá até que desçam todas as estrelas dos céus onde se escondem
os malabaristas do costume, e afins,
(não falo de política, porque me enoja a
sobrevivência de alguns)
Ela amanhava uns cabelos curtos, castanhos e com
alguns desenhos misturados com algumas frases inocentes,
deitávamos-nos sobre uma lago de sémen e olhávamos os edifícios
com braços longos e esguios, alguns deles, masturbam-se
intelectualmente e sem se aperceberem, os edifícios, deslizam rua
abaixo... até que o Tejo os apanha, os coloca no comboio para Cais
do Sodré, e depois, nasce a manhã em nós, e depois...
Têm pintinhas nas asas, meu amor,
E depois crescem pétalas de amor como de lixo
existe nas ruas, há muito amor, este ano, para dar, oferecer e
vender, este ano tudo se oferece, e tudo é possível de concretizar,
as auras de menina, o doce perfume da mulher acabada de o ser, finge
ter um marido ausente, ama o amante, e tem raiva às flores amarelas,
Porquê?
Pergunto-me se seria possível viver sem ti, sem os
teus carris, sem as tuas sombras, pergunto-me... e percebo, que há
sempre uma esplanada de amor à nossa espera, sempre, como as chuvas
depois do carregado céu com estrelas de papel, Porquê
Porquê o quê?
(não falo de política, porque me enoja a
sobrevivência de alguns)
Porquê o quê?
… se a cidade é tão bela, se a cidade tem um
coração de amêndoa e uma pétala poética e melódica... como as
palavras dos Fingertips..., como os pinheiros de Carvalhais, como as
algas na boca dos teus queridos peixes...
E amanhã
Porquê o quê?
E amanhã, logo pela manhã, serei odiado por alguns
sobrevivente raivoso porque este texto existe e é meu...
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha