foto: A&M ART and Photos
|
Submergem de ti os pequenos silêncios
da alvorada
abres as pálpebras embebidas nas
lágrimas da insónia
mergulhas em mim como um arbusto
suicidado no rio do desassossego
sinto-te fervilhar como uma gaivota em
cio
sobrevoando os socalcos imaginários da
encosta montanha
e da tua boca
os pequenos gemidos
latidos contra o muro em betão que
separa o cais do amor da sulfurosa água da fonte velha,
Oiço-o como se vivessem em ti os
braços espetados no dorso magoado da árvore do desejo
e depois da janela partida os vidros
esperam a chegada do vento
e uma mão escreve na parede dos teus
lábios as canções desesperadas
dores inventadas no teu coração,
Submergem de ti os pequenos barcos do
louco marinheiro...
e as ondas púrpuras que os teus olhos
alimentam
descem do corpo cerâmico... como as
tempestades de areia
nuvens de chocolate...
ventos desconformes
assim como o divã onde nos deitávamos
depois de poisar o Sol sobre as tuas
canelares flores de papel...
assim como um orgasmo supérfluo no
esqueleto nocturno do extinto Luar.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Sem comentários:
Enviar um comentário