segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Castelo da Solidão

foto: A&M ART and Photos

Inventava cavernas na tua garganta
percorria as entranhas rochosas da tua pele de cogumelo acabado de nascer
via na tua língua as migalhas de incenso
trazidas pela insónia
inventava barcos no teu púbis como os desenhos das gaivotas sobre os teus seios de silêncio
ao cair a noite sobre o Castelo da Solidão,

Inventava um divã semi-nu em busca de corpos crucificados pelo suor da noite
e das pedras as encarnadas palavras copiando veias e artérias dentro do medo
vinha até nós a escuridão dos areais cinzentos com plumas adormecidas
vinhas-me do espelho e dizias que eu parecia uma lanterna poisada sobre um pedaço de espuma
que o teu nobre corpo degolava como sílabas num texto embriagado
pela minha triste mão,

Sabias-me a neblina quando palmilhava o teu corpo com os meus lábios
escrevia meros poemas em poucas palavras de argamassa orvalhada
sentia-me entre dedos e marés
como ventos ciclónicos depois de partir o último comboio para o Castelo da Solidão
puxava o último cigarro
e agarrando o último suspiro... cerrava os olhos até adormecer eternamente só... dentro do teu peito...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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