foto: A&M ART and Photos
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Inventava cavernas na tua garganta
percorria as entranhas rochosas da tua
pele de cogumelo acabado de nascer
via na tua língua as migalhas de
incenso
trazidas pela insónia
inventava barcos no teu púbis como os
desenhos das gaivotas sobre os teus seios de silêncio
ao cair a noite sobre o Castelo da
Solidão,
Inventava um divã semi-nu em busca de
corpos crucificados pelo suor da noite
e das pedras as encarnadas palavras
copiando veias e artérias dentro do medo
vinha até nós a escuridão dos areais
cinzentos com plumas adormecidas
vinhas-me do espelho e dizias que eu
parecia uma lanterna poisada sobre um pedaço de espuma
que o teu nobre corpo degolava como
sílabas num texto embriagado
pela minha triste mão,
Sabias-me a neblina quando palmilhava o
teu corpo com os meus lábios
escrevia meros poemas em poucas
palavras de argamassa orvalhada
sentia-me entre dedos e marés
como ventos ciclónicos depois de
partir o último comboio para o Castelo da Solidão
puxava o último cigarro
e agarrando o último suspiro...
cerrava os olhos até adormecer eternamente só... dentro do teu
peito...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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