Há um beijo
desgovernado,
há uma planície na
frescura dos teus lábios,
um livro que arde,
um livro que desiste de amar...
há silêncios com
sabor a amanhecer,
olhares desatentos,
olhares... olhares suspensos nas pálpebras da solidão,
há uma mulher com
asas de papel na varanda do terceiro andar,
não chora,
não... não olha
para ninguém,
há um beijo
desgovernado,
uma manhã
prisioneira que teima em acordar,
há um veleiro
perdido no mar,
onde habita o
marinheiro amor,
Há um corpo que
procura os rochedos da dor,
e finge ser a
preia-mar, e finge ser a cidade inacabada, sem braços, sem mãos...
sem... sem
madrugada,
Há uma planície na
frescura dos teus lábios,
um rio que desce a
montanha sem perceber o significado da paixão,
há peixes
assassinados,
peixes... peixes
coloridos no cansado coração,
há um terceiro
andar, e há uma rua com cabelos de oiro,
uma eira esquecida
nas noites de luar,
uma estrada,
o livro que arde, e
não sente nada,
há... há uma
mulher... há uma mulher amada...
sem o saber, sem o
sentir,
há um beijo,
um beijo que não
sabe sorrir...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 26 de Julho
de 2014