sábado, 26 de julho de 2014

O livro que arde, e não sente nada...


Há um beijo desgovernado,
há uma planície na frescura dos teus lábios,
um livro que arde, um livro que desiste de amar...
há silêncios com sabor a amanhecer,
olhares desatentos, olhares... olhares suspensos nas pálpebras da solidão,
há uma mulher com asas de papel na varanda do terceiro andar,
não chora,
não... não olha para ninguém,
há um beijo desgovernado,
uma manhã prisioneira que teima em acordar,
há um veleiro perdido no mar,
onde habita o marinheiro amor,

Há um corpo que procura os rochedos da dor,
e finge ser a preia-mar, e finge ser a cidade inacabada, sem braços, sem mãos...
sem... sem madrugada,

Há uma planície na frescura dos teus lábios,
um rio que desce a montanha sem perceber o significado da paixão,
há peixes assassinados,
peixes... peixes coloridos no cansado coração,
há um terceiro andar, e há uma rua com cabelos de oiro,
uma eira esquecida nas noites de luar,
uma estrada,
o livro que arde, e não sente nada,
há... há uma mulher... há uma mulher amada...
sem o saber, sem o sentir,
há um beijo,
um beijo que não sabe sorrir...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 26 de Julho de 2014

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