Inventa-me,
desenha no meu corpo
as línguas de fogo que os teus lábios libertam,
escreve-me, escreve
em mim as palavras proibidas, as palavras falseadas,
invade-me,
faz de mim uma
equação trigonométrica,
soma-me, divide-me…
e multiplica-me,
mas… inventa-me,
no pecado mais
secreto do teu olhar,
Inventa-me,
no silêncio das
madrugadas,
inventa-me no
espelho onde escondes o teu rosto…
quando poisa a noite
sobre ti,
Inventa-me nas
catacumbas da insónia,
faz de mim a sombra
mais bela do amanhecer,
inventa-me,
como flor,
como abelha…
inventa-me e
acolhe-me na tua colmeia,
que eu seja o mel
dos teus sonhos,
que eu seja… a tua
invenção,
Inventa-me,
faz de mim pássaro,
barco… ou… ou avião,
não tenhas medo de
me inventar,
não, não tenhas
medo de me amar,
inventando-me,
escrevendo em mim os
números primos, ímpares… ou… ou pares,
inventa-me,
inventa-me sem
chorares!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 21 de
Julho de 2014