Não me perguntes
onde vivem as cidades com coração de pedra,
porque a noite é
escura, porque a noite é bela, e sombreada...
não me perguntes de
quantos desejos estou à espera,
porque não espero
desejos,
porque não existem
desejos nas cidades com coração de pedra,
Não me perguntes a
cor do meu olhar,
não,
sim, sim... eu tenho
olhar,
mas... mas não
desconheço as cores,
mas... nunca vi o
mar, o amor, e as flores,
Não me perguntes...
porque há em mim
uma lâmina em betão armado,
triste,
triste e cansado,
não,
não me perguntes
pelas árvores do meu quintal,
não, e nunca... e
nunca tive um quintal,
e nunca, até ver...
fui... fui degolado,
posso ser parvo,
e louco,
mas... mas não
conheço as cores,
mas... mãos não
sei o significado de “amores”,
Tudo para mim é
pouco,
e perguntarem-me
pela madrugada é como se me tirassem os livros, e o luar,
e a insónia, e
todos os sonhos de criança...
Não me perguntes
onde vivem as cidades com coração de pedra,
não me digas que
amanhã os beijos são de papel,
não, não o
suportaria...
que um dia,
que um dia me
perguntasses como são os meus lábios enquanto dormem...!
Porque,
Porque os meus
lábios nunca, nunca, porque os meus lábios nunca dormem.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 17 de
Julho de 2014
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