Sábado,
a metralhadora do
silêncio começa a disparar,
uma mulher vestida
de negro, caminha vagarosamente para o altar,
alguém a espera,
alguém a ama, e só alguém a pode desejar,
sábado,
hoje não há
palavras de escrever,
hoje só uma ténue
lâmina de sémen suspensa na janela da cidade com chaminés de
vidro,
ela dispara, ela
mata... e depois, depois cessa... depois... depois abraça-se às
feridas que choram,
hoje, sábado, a
metralhadora do silêncio começa a disparar...
a tarde escoa-se
através de uma conduta de beijos, e há os cabelos da noite
enrolados no vento,
a mulher leva um
livro na mão, uma bala que lhe dita o futuro não existente,
ela deita-se sobre a
lápide da solidão, e espera, e espera...
Espera que um
coração de papel acorde da ressaca de sexta-feira,
Sábado,
um dia invisível,
chuvoso,
a cidade com
chaminés de vidro, arde,
e sente,
os estilhaços no
corpo de uma criança,
ASSASSINOS!
Sábado prometido,
hoje, hoje, hoje o
que posso eu dizer...
que invento mulheres
vestidas de negro?
que há
metralhadoras apontadas ao meu peito?
Sábado...
ASSASSINOS!
Os meninos,
brincam no centro do
furacão,
os calções
fendidos, os calções de chocolate baloiçando nas pernas íngremes
da madrugada,
e sábado..., e
sábado os ASSASSINOS...
saciam-se à volta
de uma mesa redonda, recheada de comida,
e os meninos,
morrem,
e os ASSASSINOS... e
os ASSASSINOS escondem os sobejantes calções de chocolate,
e ninguém, e
ninguém os consegue parar...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 19 de Julho
de 2014
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