foto de: A&M ART and Photos
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Sacias-te na minha sede mergulhada em
perfumados cachimbos de prata,
encontras em mim a doce corrente do aço
clandestino da saudade,
sei que existo porque escrevo-te
palavras, vãs palavras que o tempo come, e alimentam as tempestades
da dor,
sacias-te em mim como se eu fosse um
marinheiro escondido na escuridão da cidade,
procurando engate, procurando o prazer
sem o prazer... no inanimado mundo da morte,
procurando mãos silenciosas para
argamassarem o meu corpo aos cais do desgosto,
e sinto-me uma ténue folha de papel
esquecida no teu ventre,
sacias-te nos meus olhos, e cerro-os
para me ausentar de ti,
palavra, palavra do engano que sente o
sofrimento,
e... dizes-me que todas elas são
inconstantes equações trigonométricas,
cansadas,
tão cansadas como as tuas mãos
poisadas no meu rosto de lata...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 30 de Março de 2014