foto de: A&M ART and Photos
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O homem de negro aparece-lhe no sonho
de papel,
apalpa-lhe o seio, acaricia-lhe as
coxas diurnas da paixão,
ouvem-se os estilhaços de um corpo de
porcelana,
um tiro de desejo, e “PUM”... a
madrugada morre, e o homem de negro transforma-se em mão,
clandestina,
cinzenta,
o homem de negro é a escuridão,
e do espelho inseminado do prazer vêm
os cintilantes corações de prata,
lá fora um letreiro grita “Hoje há
moelas”, e a rua veste-se de transeunte mendigo,
e hoje, e hoje a mulher apalpada pelo
homem de negro, dorme... tranquila, dorme docemente como as curvas
esverdeadas dos olhos das searas em construção,
o homem..., o homem de negro, triste,
desaparece quando alguém liga o interruptor do amor,
e um pedaço de aço incandescente
poisa no seu ventre...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 29 de Março de 2014