foto de: A&M ART and Photos
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Ele tinha um coração em pedra,
daquela pedra ínfima que alimenta os beijos nocturnos dos pássaros,
vinha a chuva, e viam-se-lhe as
perdidas chapas de zinco nos pobres telhados da madrugada,
hoje, ele, hoje ele dispensa o
significado da palavra “AMOR”, porque onde a tinha escrito, na
folha caduca da árvore tombada, essa, essa... morreu, morreu a
palavra... morreu a árvore tombada,
fingiam-se amantes abraçados aos
pinheiros mansos no recreio da escola, e sempre, e sempre havia uma
janela em ruínas, pedaços de lágrimas que sobejavam do sino da
Igreja,
ao longe sentiam-se os feirantes que
tudo vendiam, e de nada servia gritarem... “Vendem-se Beijos
Embalsamados”, porque de beijos, nada, nem o vento, nem o triste
amanhecer na boca dela,
Desenhei-lhe os lábios na esplanada do
falso diamante,
escrevi nos seus seios “AMAVA-TE”...,
hoje escrevo, não, hoje nada lhe escrevo, porque o amor desaparece e
aparece como as sombras dos barcos em movimento,
recordo o púbis coloidal do imaginado
olho de vidro, fundeado na minha mão,
a mesma que depois de suicidada,
acariciava-te os esconderijos do néon vaginal,
e assim, ele tinha um coração em
pedra, e assim... ele dorme sobre as candeias do luar.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 29 de Março de 2014
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