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sábado, 8 de abril de 2023


 Antigamente, tinha sonhos e escrevia cartas a amigos…

Hoje,

Continuo a escrever cartas a amigos!

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Três flores e um martelo e quatro pregos em aço

 Tudo é culpa minha, a chuva, é culpa minha, a tempestade… é culpa minha, as palavras que escrevo, são uma merda, culpa minha, as flores têm um odor a putrefacção, culpa minha, claro,

As vidraças da minha janela, partiram-se, e claro, culpa minha,

O silêncio, também é culpa minha,

E depois?

A morte, as pessoas de quem gostava e morreram, claro, foi por minha culpa.

A tristeza, é culpa minha, a fome, tantas crianças com fome, é culpa minha,

Olho as minhas mãos, percebo delas o quanto silêncio existe, percebo delas a míngua tristeza das sanzalas com telhados em zinco, e quando oiço os mabecos, entre uivos e pincelados corações de prata, eis que um alicerçado e cansado amanhecer se deita sobre mim…

E depois?

Tudo, tudo é por minha culpa.

As guerras, as guerras acontecem por culpa minha. A minha vizinha do terceiro esquerdo, coitada, suicidou-se juntamente com o gato, o Malaquias… e claro, foi por culpa minha.

E enquanto olho as minhas mãos, e enquanto olho o mar amaldiçoado, tal como eu, amaldiçoado, com aquele cheiro intenso a morte, percebo que tudo o que sonhei, não o sonhei, que tudo o que tive, não o tive, e que Deus é um estupor, impostor, um aldrabão diplomado e sem escrúpulos, um gajo…

Um gajo que nunca assume os erros, e claro, tudo, tudo é culpa minha.

E por minha culpa, por minha grande culpa, me despeço destas pedras onde brincam as ratazanas de Gunter Grass, onde poisa o coração de todos aqueles que deixaram de voar, claro, por minha e tão grande culpa minha; tens fome? Culpa minha. Não tens casa onde aportar os teus braços, claro, claro, é culpa minha.

E não te preocupes com o aspirador ou com a ventoinha ou com a porta do quintal… porque, claro, tudo é culpa minha.

 

 

 

Francisco

07/04/2023

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Parêntesis recto

 Um pouco

Um pouco de quase nada

Quando o nada é pouco

E do pouco que se tem

O nada

É tudo.

 

 

Francisco

06/04/2023

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 

Come línguas de gato, miúdo, come línguas de gato…, olha que não há coisa melhor no Mundo de que…, beijar os seios da mulher que desejas…

Come línguas de gato, miúdo!

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Poemas ao vento

 

Pego na tua mão,

Pequena,

Meu doce de mel,

 

Escrevo no teu olhar,

Poemas ao vento,

E desenho nos teus lábios de luar

As palavras do meu pensamento,

 

Escrevo cartas ao mar,

Lanço beijos aos barcos de papel,

Escrevo cartas de amar,

Amar um pedacinho de mel,

 

Pego na tua mão,

Pequena…

Pequena do meu coração,

 

Coração que me envenena.

 

 

Alijó, 30/11/2022

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

 

Lágrimas?

Rega as plantas

Desfaz a barba

Veste o melhor fato

E come sempre a sopa

 

 

Fontinha

 

Sou um gajo aprumadinho

Não como a sopa

Não sei as cores

Sou um gajo tão mal-encarado

Que até as flores

Fogem das minhas mãos

 

 

Fontinha

terça-feira, 1 de setembro de 2020

 

Suspenso na enxada da paixão, procuro a matriz transposta da noite, olho cansadamente para a equação diferencial do desejo, elevo ao quadrado o beijo e, fico com o corpo embrulhado no luar; hoje, pareço uma estrutura metálica prestes a ruir no cansaço da escuridão, como acontece aos pássaros, todas as noites, quando vão dormir.

Suspenso na enxada da paixão, sento-me perante este rio triste e sombrio, como eu, enquanto um estúpido relógio caminha para o abismo. Amanhã acordará o dia, faz-se homem e, morre junto à noite tranquila da aldeia.

 

 

Francisco Luís Fontinha, 1/09/2020

domingo, 5 de novembro de 2017


As ratazanas do quinto monte castanho, as metástases da dor suspensas num pendulo prateado, o relógio oculto no pulso da dor, o medo de perder-te no Oceano... Quando as palavras se suicidam nas tuas mãos de Princesa, choro, sofro, deixei de ter sorrisos e dou-me conta que estamos sós.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Querido Novembro


Esta jangada que me transporta

Para os teus braços de alento

Sem água

Sem vento

Esta jangada morta

Na planície do pensamento

Espera o regresso da noite

Ergue-se no limiar da pobreza

Como se a beleza do corpo ardente

Fosse uma estrela em papel

Desfeita em pedacinhos

Na solidão fogueira…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 24 de Novembro de 2015

domingo, 5 de janeiro de 2014

Cigarro invisível

foto de: A&M ART and Photos

Puxo de um cigarro invisível e penso nos teus cabelos húmidos depois das chuvas de Inverno, recordo o lamacento labirinto de saudade que existia nos teus doces dedos envenenados pela paixão do silêncio, habitas como um pássaro no meu pobre e triste covil, habitas também tu, tal como o cigarro invisível, derretido em pedacinhos de cinza que voa sobre os desejos matinais das ardósias sem janelas, puxo e penso no cigarro invisível, estive quase a desejá-lo, estive quase a possui-lo... estive quase dentro dele como ele vive eternamente dentro de mim, inexplicavelmente... não o fumei, inexplicavelmente... não o puxei, manuseei-o na minha mão como uma munição perdida, esquecida... e
Sem nome?
Uma carcaça de fome, puxo, não puxo, invento, adormeço, me sento sobre as dores do andarilho covil da minha infância, viajo, regresso, embarco... sem medo, com medo, sem nome?
E puxo e regressam todas as palavras adormecidas, e puxo e regressam todos os desejos prometidos...
Ausente,
Sente,
E puxo, e puxo até que o dia acorde, até que a noite se deite, durma, finja viver quando a vida não se vive... come-se como rodelas de laranja...
E estonteante me sinto para acreditar em labirintos de prata, e estonteante me sinto... me sinto para sofrer paixões de xisto quando a húmida manhã se entranha no púbis da atmosfera encharcada de dióxido de carbono...
Sente,
O ausente,
E puxo de um cigarro invisível e penso nos teus cabelos húmidos depois das chuvas de Inverno, recordo o lamacento labirinto de saudade..., e não sei, e não sei se a noite é negra, encarnada... ou... ou de cor nada.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 5 de Janeiro de 2014

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

e amávamos os peixes

Desenho de: Francisco Luís Fontinha

Há uma transversal imagem dentro de ti, come-te e dilacera-te como as árvores andorinhas depois de se evaporar a Primavera, sinto o cheiro imenso da solidão dentro do frasco do desejo, percebo que no teu espelho com caixilho de pérola abandonada, uma limalha de sofrimento escorre como escorrem as gotículas invisíveis das tristes manhãs de Inverno, uma cabana vestida de colmo brinca junto à ribeira dos sonhos, há uma pedra onde nos sentávamos e líamos os poemas impossíveis de mim, davas-me a mão e adormecíamos como duas crianças em movimento circular uniforme, éramos círculos embrulhados em cubos de areia... e amávamos os peixes.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 18 de Novembro de 2013

domingo, 3 de novembro de 2013

Uma boca?


Termina a noite e sinto-me um desamor, desalmado, um pedaço de papel sem endereço ou palavras, sinto-me uma flor sem pétalas, ou
Uma boca?
Sou a boca sem lábios, a boca sem desejos, sou a boca das palavras envenenadas pela noite, vigio a luz que ilumina a minha mão, oiço a voz do teu sofrimento, oiço a voz dos teus anseios, oiço a sombra transformada em voz, oiço a pele sedosa da manhã na límpida chuva dos orvalhos clandestinos que aparecem nos dias de ansiedade, oiço a voz do desejo proclamando os inocentes divãs com pernas de cetim, oiço dos cortinados os vãos confusos que a tua língua deixa sobre a mesa-de-cabeceira do quarto duzentos e dezassete, e oiço a voz do simpático cortinado vomitando orgasmos; amo apaixonadamente a noite e a embriaguez das luzes encarnadas dos teus seios.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 3 de Novembro de 2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Mágico espelho das palavras teus lábios


Um espelho perfumado olha-te e absorve-te, um espelho magoado puxa-te, e mergulhas no silêncio da penumbra lareira do desejo, olhas-te, e finges viver na solidão dos pássaros, perguntas-te
Quem sou?
E um emaranhado de palavras são pinceladas nos teus lábios de cetim, adormeces e vives, e sonhas
Quem sou eu, perguntas-te...
Um espelho suspende-se nas tuas costas e entranha-se na tua coluna vertebral... há sons melódicos na tua boca, há poéticas sílabas nas tuas mãos..., e

Quem sou eu?
E percebes que o espelho perfumado olha-te e absorve-te, e percebes que és filha das palavras, e percebes que és filha das imagens... e percebes
Que sou a noite?
Quem sou?
Um espelho, perfumado, um espelho perfumado com coração de cacimbo... perdido na areia.

@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 14 de Outubro de 2013

domingo, 6 de outubro de 2013

O meu “mundo”


Solidificado no vórtice da mentira quando sei que das tuas mãos linhas transversais dividem dois corpos em duas laranjas, solidificado este meu triste olhar quando sinto no espelho teus lábios sofridos, teus molhados lábios, a boca estremece, desce ao mais intimo poço da insónia, no meu “mundo” vive-se sentado sobre uma placa de xisto, no meu “mundo” vives húmida como as árvores depois da neblina, solidificado no meu “mundo”
Nosso “mundo”,
vives húmida como cavernas em sais de prata a preto e branco, a imagem bloqueia, a imagem deseja a tela sobre ela sabendo que do outro lado do abismo, o
Nosso “mundo”?
Vive e diverte-se,
Chora, grita entre uivos e orgasmos doirados, no nosso “mundo” há uma clarabóia com olhos de gaivota e asas em papel, no meu “mundo”, vive-se, chora-se, deseja-se
Desejam-se as fotografias, as minhas e as tuas, as nossas imagens tridimensionais multiplicam-se, dividem-se... e acordam os teus seios depois da madrugada partir, sem deixar rasto ou paixão como fazem os barcos quando abandonam o porto de abrigo e sente-se uma corda esmorecer, coitada, e aos poucos vê-se o corredor na morte o teu púbis comestível nas páginas de um livro,
O meu “mundo”
No nosso “mundo” tudo pertence às fotografias, tudo é sombra, tudo é desejo...
( ….... )


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 6 de Outubro de 2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Hoje perco-me de ti nos teus braços de hoje, e ontem...


As palavras, os sons... porque hoje o silêncio mistura-se nas palavras por dizer e em trocados olhares, porque hoje, hoje tudo parece adormecer como uma doce boneca de trapos nas mãos de uma criança, e o céu, e o mar, e os sons... mergulham nas esplanadas do abismo, comem poemas não escritos, e, e escondidos nas clarabóias do nocturno beijo que as árvores de papel crepe deixam cair sobre as tuas mãos de acrílico sobre tela
Há uma tempestade dentro do meu coração,
Cair sobre os charcos que vivem nos musseques de ontem, e de hoje, e talvez amanhã, um sofrimento de capim grite sobre os telhados de zinco
Há uma,
Sobre tela, o acrílico desejo em sons uivos dos alicerces amaldiçoados pelos mabecos revoltados, embondeiros dormem de pé esperando a chegada do silêncio e este mistura-se nas palavras por dizer e em trocados olhares, porque hoje, hoje tudo parece adormecer como uma boneca de trapos nos ramos feridos das folhas mortas que vão caindo sobre o paralelepípedo castanho que as sílabas de prata escrevem no caderno em pequenas despedidas,
Perco-me de ti nos teus braços de hoje, e ontem...
Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem
Eu era um cadáver em movimento curvilíneo, suspenso por um cordel ao tecto das amendoeiras preguiçosas, sem flor, caindo em pedaços apodrecidos sobre as paredes do amor impossível, indesejado... do amor não vivido, do amor proibido, às palavras, às linhas transversais das marés de Inverno...
(o cosseno de trinta graus é raiz de três sobre dois)
Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem Havia uma tempestade dentro do meu coração, e ontem,
Há uma,
Havia muitas...
As palavras, os sons... porque hoje o silêncio mistura-se nas palavras por dizer e em trocados olhares, porque hoje,
Hoje perco-me de ti nos teus braços de hoje, e ontem...
(o cosseno de trinta graus é raiz de três sobre dois).

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 1 de Outubro de 2013

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

E... livres de sonhar...


E tudo o vento levou... ficaram as palavras em revolta, contam estórias, cantam, gritam, amuam..., e repentinamente, e em abraços de xisto, acordam os prisioneiros das madrugadas sem horário, e tudo o vento levou, e deixou, e apenas, só... a esperança de recomeçarmos, reaprendermos, sermos livres, livres como as gaivotas de Maio.
Regressaram as palavras, e as nuvens são de prata...
Somos livres como a seiva das árvores descendo o corpo do amor, somos livres como os calções de chita e a t-shirt branca com sabor a tristeza, regressaram as palavras, ainda são poucas, ou nenhumas..., e tudo o vento levou, e tudo na fogueira da vaidade ardeu como arderam os manuscritos de Gogol, somos livres pois então, e brevemente, regressarão todas as palavras roubadas aos sonhos inventados por uma criança dançando num baloiço de cordas, brevemente, são de prata, as palavras e as bocas que gritam as palavras...
E apenas a tua mão no cais à minha espera; regressei, voltei para os teus braços... para novamente sermos livres, de escrever
Amar?
E... livres de sonhar...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó

domingo, 8 de setembro de 2013

estive esperando na tua cama


pois vou... estive esperando na tua cama... e tu? voando entre quatro paredes... e tu? sorrindo rosas com pétalas de cetim, pois vou, vou, claro que vou, dormir, sonhar, ficar apenas acordado, olhar o tecto, desesperado, cansado, pois vou... estive, estou... esperando por você... e a sua cama parece um manicómio com muitas janelas, um corredor longínquo, grandes de beijos nas janelas, voando, dançando, pois vou, claro que vou... sonhando, brincando, até que a tempestade traga as tuas mãos disfarçadas de gaivota, mar, barco... ou... nada,
só isso, buscar água? e eu que pensei que foste procurar-me entre sombras, debaixo das bananeiras do teu quarto... mas não, não
pois vou,
dormir... estive esperando na tua cama... e tu?


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 8 de Setembro de 2013

domingo, 11 de agosto de 2013

Doce lareira em delírio

foto de: A&M ART and Photos

A tempestade vai abrandar, o mar ficará calmo e suave e a areia húmida da noite sobreviverá aos alicerces das árvores abandonadas..., uma gaivota sobrevoará as tempestades do infinito silêncio, coisas débeis insignificantes, olhos verdes, barbatanas cinzentas..., asas em papel construídas em pequenas neblinas de azoto, e eu pergunto-lhe se as marés são em lápis de cor, carvão, o acrílico sorriso da tua doce lareira em delírio, olho-te e desejo-te, e oiço-te como um mendigo desgovernado... até que o vento te faça sorrir, até que o vento seja música, seja poesia, sejas simplesmente... tu.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 11 de Agosto de 2013