Suspenso
na enxada da paixão, procuro a matriz transposta da noite, olho cansadamente
para a equação diferencial do desejo, elevo ao quadrado o beijo e, fico com o
corpo embrulhado no luar; hoje, pareço uma estrutura metálica prestes a ruir no
cansaço da escuridão, como acontece aos pássaros, todas as noites, quando vão
dormir.
Suspenso
na enxada da paixão, sento-me perante este rio triste e sombrio, como eu,
enquanto um estúpido relógio caminha para o abismo. Amanhã acordará o dia,
faz-se homem e, morre junto à noite tranquila da aldeia.
Francisco
Luís Fontinha, 1/09/2020
Sem comentários:
Enviar um comentário