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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Querido Novembro


Esta jangada que me transporta

Para os teus braços de alento

Sem água

Sem vento

Esta jangada morta

Na planície do pensamento

Espera o regresso da noite

Ergue-se no limiar da pobreza

Como se a beleza do corpo ardente

Fosse uma estrela em papel

Desfeita em pedacinhos

Na solidão fogueira…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 24 de Novembro de 2015

domingo, 16 de março de 2014

O vento das canções de Outono

foto de: A&M ART and Photos

Dizias-me que eras o vento das canções de Outono,
e eu, eu acreditei, escrevi palavras para essa canção...
desenhei beijos para os teus lábios,
dizias-me que te chamavas “menina do mar” de do mar... não eras nada,
nem onda, nem pôr-do-sol... nem jangada,
um dia fizeste-me acreditar que eras livro de poesia,
eu tentei, tentei ler, folhear... e não eras nada,
apenas uma esbranquiçada página com um palavra... “saudade”,
dizias-me que tinhas na mão a caneta das minhas palavras,
eu, eu sentia-a no meu rosto, como o vento das canções de Outono,
e eu, eu acreditei na tua pele com flores de papel,
e tudo o que me disseste... hoje, hoje escrevo-o na rocha embalsamada na montanha do “adeus”.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 16 de Março de 2014

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

a jangada com olhos castanhos

foto de: A&M ART and Photos

trazias nas mãos uma jangada com olhos castanhos
cansavas-te com o olhar das crianças
e dos pequenos botões de rosa

trazias dentro de ti um cubo de faces rosadas
dos pobres lábios ensanguentados pelo bâton uma lâmina de tristeza
absorvia a tua boca enlatada
como uma conserva
esquecida numa qualquer prateleira da despensa

sentia-te vociferar debaixo do sombreado fantasma
agarrado a uma pétala fotográfica
e a preto-e-branco
o fotografo vestido com sais de prata
alicerçava os pobres desejos da madrugada

(trazias nas mãos uma jangada com olhos castanhos
cansavas-te com o olhar das crianças
e dos pequenos botões de rosa)

e sabia-te enlouquecida quando te embrulhavas nas marés de areia
e corrias
e brincavas num corredor longo e estreito e alto
choravas parecendo a chuva desencadeada pelos sorrisos adormecidos
dos tristes minguados sonhos que a infância assassinou

trazias nas mãos a jangada da paixão
escrevias nos absolutos números complexos as amêndoas com chocolate
que o vento imaginava
e não sabendo que o cacimbo lhe pertencia...
ela adoptou como filha a doce menina equação diferencial

ela é a integral tripla dos seios loucos com voz de rascunho
sente no corpo o aparo da caneta de tinta permanente
acaricia-lhe as coxas como quando se folheia um livros de poesia...
e as palavras saltitam como gotinhas de suor na face alegre da Lua
ela é a integral que transporta na mão a jangada com olhos castanhos


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 19 de Setembro de 2013

sábado, 5 de janeiro de 2013

Palavras frágeis


A todas as palavras frágeis
que desenhei na tua boca
quero-as de volta à minha mão deserta
morta

confusa porque o meu coração
sente o silêncio das rochas mergulhadas no mar
um peito arde e esfumaça-se na lareira da saudade
como todas as flores que viviam nos jardins da Babilónia

arderam morreram simplesmente subiram aos céus
e encontraram
morta
A todas as palavras frágeis

que desenhei na tua boca
a louca
porta
que se esconde nos teus abraços lilases

poucas
como as jangadas que se suicidam no lago da amoreira
troncos finos de árvores cansadas
tombam

incham
e em ais sobejam dos lábios em poesia
sentia que sinto ainda as palavras poucas
nas frágeis manhãs de Primavera.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó