Bom dia meu amor
Que o teu acordar
Seja
a luz
do meu acordar
Que o teu olhar
Seja a estrela
da minha manhã
Que os teus
lábios
me olhem
E me digam bom dia…
26/02/2024
Bom dia meu amor
Que o teu acordar
Seja
a luz
do meu acordar
Que o teu olhar
Seja a estrela
da minha manhã
Que os teus
lábios
me olhem
E me digam bom dia…
26/02/2024
Ofereço-te esta flor
Que aos poucos acorda
neste poema
Ofereço-te esta flor
Sabendo que na planície
acorda o cacimbo
E o cheiro do capim
Poisa na minha mão.
Brinco contigo
Pequenino charco de lama
e saudade…
Que às vezes salta para
cima do zincado telhado do musseque…
Aos poucos me afasto
Aos poucos escondo esta
flor
Para te a oferecer,
Quando acordar a manhã,
E depois de um beijo no
teu ombro,
Poiso-a docemente nos
teus lábios.
Oferece-to esta flor
Logo que termine o poema
Como se os meus poemas
tenham um fim,
Começo, e morte.
Como se os meus poemas
Fossem um pedacinho de
terra fértil
Em pequenos sorrisos
depois das chuvas.
Ofereço-te esta flor
Que aos poucos acorda
neste poema
Ofereço-te esta flor
Sabendo que na planície
acorda o cacimbo
E o cheiro do capim
Poisa na minha mão…
E ao longe, aceno ao Mussulo.
30/10/2023
Desenho o fatídico beijo nos teus lábios de mel
Dos teus lábios poéticos
Do dia que não quer acordar
E no meu peito
Sinto os teus olhos de
mar,
Desenho o beijo
Em teus lábios de mel
Manhã sonolenta
Manhã quase perfeita
Nas tuas doces mãos de
seda,
Nas tuas doces mão de
feiticeira
Quando desenho o beijo
Transparente
Leve como um pequeno
suspiro
Quando inventas um
sorriso,
Desenho o beijo
O fatídico beijo
Em teus lábios de mel
Nos teus lábios em desejo
Por palavras,
Sombras nos teus lábios
Beijo envenenado que
desenho
Em teus lábios de mel
Em teus lábios de purpura
insónia…
Quando a insónia é uma
caverna de prazer.
28/10/2023
São os teus olhos, meu amor,
São os teus olhos que
iluminam este túnel frio e escuro,
Que alguém apelidou de
vida.
São os teus olhos, meu
amor,
São os teus olhos que me
servem o pequeno-almoço do desejo,
De olhar os teus olhos.
São os teus olhos, meu
amor,
O primeiro poema da
manhã, mesmo quando a manhã se esquece de acordar,
E os teus olhos me
abraçam,
E os teus olhos me lançam
ao mar…
São os teus olhos, meu
amor,
São os teus olhos o
primeiro ramo de flores que recebo, pela manhã,
26/10/2023
Silêncio
Tuas mãos em meu rosto
Tuas mãos abraçadas ao
meu coração
Teus lábios de Agosto
Quando o mar se veste de
canção,
Silêncio
Quando o mar é a luz do
meu amanhecer
E dos teus olhos recebo a
manhã em despedida
Que não se cansa de crescer
Que não tem medo da
partida,
Silêncio
Tuas mãos em meu rosto
Teu sorriso embriagado em
maré diáfana
Meu silêncio desgosto
De ver partir a manhã
profana.
26/10/2023
O que posso esperar
Depois de um dia de chuva
O que espero eu
Desta cidade envenenada
Nesta cidade de latidos
De gritos
De suspiros
O que posso esperar
Depois de um dia de chuva
O que me espera
Depois de um dia de chuva
Sentar-me?
Fumar-me?
Beber-me?
O que posso esperar
Eu
Depois de um dia de chuva
Depois de uma morte
anunciada
O que posso esperar eu
Depois de um dia de chuva
Enquanto a noite regressa
Lentamente ao meu corpo
E espero
Que as estrelas em papel
Se transformem em mel
O que posso esperar
Depois de um dia de chuva
Quando os pássaros já
dormem
E eu
Sei que não dormirei
Enquanto espero pelo que
me espera…
Depois de um dia de
chuva.
16/10/2023
A janela do quarto
Deixou de abrir
A chuva cai
A chuva traz vinho
E pão
Também
E às vezes
A chuva vai
Depois vem
E rima
Com ninguém
Ninguém à mesa
De alguém
Que já foi tudo
E hoje
E hoje entretém-se a comer
chocolates
Coisas raras e boas
Castanhas assadas
E viagens sem fim ao fim-do-fim
Entre parêntesis
E a rima
E a rima com noite
desgovernada
Que tinha não mão uma
granada
E a rima
E pimba
A bala disparada
Contra o peito do magala
O cachorro não cessa de
latir
A janela do quarto
Deixou de abrir
A chuva cai
A chuva traz vinho
E pão
E a chuva vai
E a chuva vem
Sem saber que do tecto
cai
Que do tecto também
Uma nuvem sai…
E uma nuvem vem
Aos braços de alguém.
15/10/2023
Sentamo-nos.
Suicidamo-nos com o fumo
deste cigarro
Quando dispara sobre a
manhã
A bala de prata.
Suicidamo-nos com as
lágrimas do mar
E sentamo-nos nesta pedra
cinzenta,
Velha,
Ferrugenta,
Sentamo-nos e
suicidamo-nos pelo entardecer,
Junto ao rio,
Quando o teu corpo não se
cansa de arder
E chorar,
O veneno que nos vai matar,
No verbo de escrever.
Sentamo-nos no chão com o
odor do teu corpo,
Suicidamo-nos com as
flores da Primavera…
Voamos para o castelo do
silêncio,
Quando os teus lábios se
transformam em pigmentos de luz…
Em pedacinhos de
amanhecer,
E suicidamo-nos quando
acordar o dia,
Quando o sol nascer,
E nos oferecer,
Ao pequeno-almoço…
Poesia.
Sentamo-nos.
Suicidamo-nos com o fumo
deste cigarro,
Nutriente do meu corpo
viver,
Sentamo-nos sobre esta
pedra, esta pequenina pedra de veludo…
E suicidamo-nos com as
primeiras lágrimas da manhã,
Nós
Sentados…
À espera de que o mar nos
leve.
08/10/2023
Meu pedacinho de silêncio envenenado
Flor deste jardim sem
nome
Minha insónia que não
dorme
Neste meu corpo cansado,
Minha lua florescida
Ténue clandestina solidão
Que sofre em vão
Com cada noite perdida,
Meu pedacinho de tudo,
flor deste jardim sem nome
Quando a manhã se levanta
da tua mão
E poisa no meu coração
Este poema com fome.
30/09/2023
Despeço-me dos teus olhos
Sem saber se os voltarei
a desenhar
Nos lábios da manhã,
Despeço-me dos teus
lábios
Sem saber se os meus
lábios,
Um dia.
Sem saber se os meus
lábios um dia vão escrever nos teus lábios…
Amo-te.
26/09/2023
Pego no teu cabelo
Sonâmbulo acordar da
manhã
Pego no teu cabelo e
lanço-o ao vento
Como se fosse uma semente
Ou um pedaço do meu
pensamento
Como se fosse um corpo
que não sente
Indolor dentro deste
pequeno cubo de silêncio
Pego no teu cabelo e lanço-o
ao vento
Primeira lágrima da manhã
Que me mente
E me diz que não habita o
sofrimento
Nos teus olhos de mar
Neste velho jardim com
sabor a mágoa
Pego no teu cabelo
Pedaço de vinho
Neste cálice doirado
Pego no teu cabelo
abençoado
Que voa sobre o luar
Sem perceber que na minha
mão
Brinca o Outono
Pego no teu cabelo
Sonâmbulo acordar da manhã
Janela virada para o mar
Quando as algas são as
Princesas da preia-mar
Que no teu cabelo eram
crianças… crianças de brincar.
24/09/2023
Que o teu sorriso
Seja sempre o sol de cada
manhã
Quando acorda
Que o teu sorriso
Seja sempre o poema
Em cada dia
A cada poesia.
22/09/2023
Nos teus olhos de mar
Nascem as púrpuras manhãs
de incenso,
Dos olhos de mar
Acordam as madrugadas
E adormecem
Nos teus olhos de mar
As manhãs cansadas,
Aos teus olhos de mar
Regressam as gaivotas em
papel
E as primeiras palavras
do amanhecer,
Nos teus olhos de mar
Esconde-se a paixão,
O beijo…
E o desejo de beijar os
teus lábios de mel.
17/08/2023
Francisco Luís Fontinha
Ergue-se sobre mim
A espada que o silêncio
desenhou neste triste acordar
Erguem-se dos braços
destas árvores
Que brincam no meu jardim
Os segredos do mar,
Ergue-se sobre mim
A manhã vestida de negro
Metáfora que o vento sabe
esconder
Com tristeza e apego
As longínquas palavras de
escrever,
Erguem-se e morrem sobre
mim
As flores
Cadáveres em papel
Crianças de brincar
Erguem-se sobre mim… as lágrimas
do luar.
10/08/2023
Flor em tua luz
Cintilante madrugada de
viver
Sempre ausente
Contente
Que mente
O pobre do poeta,
Das manhãs de Inverno
Sempre ausente
O mar da tua mão
Em tua mão sempre ausente
Contente
Sem ninguém o poeta sem
ninguém,
Flor em tua luz
Da luz miserável das
árvores do meu jardim
Nuvem cinzenta
Das tempestades
Nas tempestades
Do inimigo luar,
Flor de luz
Em teu cabelo ausente
Em mim também ausente
Entre quatro paredes
Junto ao mar
Dos lábios de mel
Teus olhos de mar.
01/08/2023
Isto,
Isto não é nada,
São riscos em pedacinhos
de corrida,
São traços,
Dos abraços…
Que uma pobre flor
Semeia na madrugada,
Isto,
Isto não é nada,
São cores,
Em flores de papel,
São palavras,
Em geadas palavras,
Isto,
Não…
Isto não é nada,
São sombras,
Das coisas de ninguém,
Nos traços de nada,
Dos traços de alguém,
Isto,
Isto nunca poderá ser nada.
É uma janela,
Desenhada,
Nesta triste folha em
papel…
Uma janela…
De nada,
Numa parede sem ninguém,
Isto,
Isto nada é,
Enquanto um outro eu,
Pertencer às manhãs que o
mar lançou contra a maré…
De nada,
Isto é…
Isto,
Isto não é nada,
São traços,
São riscos…
São pedacinhos da minha
vergonha,
Na vergonha da minha fé.
13/07/2023
Francisco Luís Fontinha
O corpo extingue-se nas lágrimas do fogo
O corpo desaparece
E reaparece
Nos braços da madrugada,
O corpo finge
O corpo grita
Às estrelas de um doce
olhar,
O corpo move-se
Contorce-se
E abraça-se ao vento
Quando o vento regressar
E novamente partir,
O corpo extingue-se
Dentro do teu corpo sempre
que acorda a manhã,
O corpo escreve
Ao meu corpo
As palavras de um outro
corpo,
Frágil
Doce
Meigo
Deste corpo que morre
Neste corpo quando se
deita…
A triste noite ensonada.
07/072023
Francisco
Para ti
O primeiro beijo da manhã,
Para ti
O último luar da noite
Que se alicerça aos teus
olhos de mar…
E aos teus lábios de mel,
Para ti
Um pedacinho da minha
mingua luz…
A que me resta,
Para ti
O colorido desejo,
De desejar-te
E de amar-te…
Para ti…
Este desenho pigmentado
de paixão…
Que espera…
Por ti.
05/07/2023
Há sempre uma manhã que
nos ilumina
E uma noite que nos assassina…
Uma estrela que nos mata,
Há sempre uma manhã de
silenciado olhar…
Num coração de chapa,
Há sempre uma manhã que
nos ilumina…
No desejo de amar.
04/07/2023
Francisco