Texto de Francisco
Luís Fontinha – Divulga Escritor
|
terça-feira, 17 de junho de 2014
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Lanternas cinzentas
Há silêncios que
lutam enquanto dormes, e sonhas,
há mãos que se
cruzam, mãos que rezam...
há silêncios que
tu não entendes,
palavras escritas na
escuridão,
há silêncios que
labutam, que gritam... que morrem...
Há cabelos que se
despedem do amanhecer,
cabelos brancos,
cabelos frágeis, e mãos que rezam,
há silêncios que
não te esquecem,
que nunca te
ignoram,
cabelos loucos,
cabelos que namoram,
Há...
talvez...
um poemário à tua
espera,
Há silêncios
dentro do teu armário,
e crucifixos
embrulhados em cinzentas pálpebras,
há as tuas
palavras,
que acredito, não
acredito...
Mas que tento
acreditar!
Há luzes que
brilham, luzes que são engolidas por embarcações enjoadas,
lágrimas, e tristes
madrugadas,
poesia, poesia...
nos teus cabelos suicidados...
há silêncios...
E... e adormecidos
soldados.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 16 de
Junho de 2014
domingo, 15 de junho de 2014
O vazio
foto de: Stéphane
Spatafora Photographe
|
O vazio,
e falsas esperanças
mergulhadas no buraco da solidão,
o vazio que se
traveste de dor, o silêncio que embrulha o sofrimento,
este rio que são as
tuas mãos, perdidas no musseque anónimo da paixão,
as crianças saltam
até agarrarem as flores que habitam o tecto da noite,
vazio, sisudo...
sentido proibido de amar,
o vazio imprevisto,
descontínuo... o vazio agreste dos olhos da estátua de granito,
há sombras que
embriagam os teus seios de porcelana e eles, eles a construir
sorrisos desde...
(desde o último
luar)
O amor,
também ele, vazio,
pobre,
ângulo obtuso
quando alimentado pelo púbis da madrugada,
(hoje não corações,
hoje não beijos – a esplanada recheada de vampiros)
O vazio,
homem rude, homem
dos sete ofícios, o homem mendigo que descobriu a falsa esperança,
o fantasma,
o vazio dos telhados
que a cidade ignora, despreza, que a cidade... não quer,
Que cidade é esta?
Vazia,
sem pessoas, sem
imagens, sem..., sem nuvens,
o sombreiro
carnívoro que devora todas as palavras que a tua pele transpira,
gotículas de poesia
descendo o teu corpo, até que a falsa esperança ilumina o teu
cabelo,
e sei que deixou de
viver,
hoje... nada, a
cidade provocadora, a cidade dos teus suspiros,
uma porta que se
encerra, e morre, e levita,
a lanterna do Adeus,
sempre acesa, sempre pronta a suicidar-te com os beijos de alvenaria
cansada,
(hoje, hoje não)
Que cidade é esta?
(desde o último
luar)
Que deixei de amar a
espuma dos espelhos de amanhecer,
e sem o perceber,
descobri que a falsa
esperança... que deixei de amar, não existe mais,
o vazio, o vazio
corpo da sílaba encarnada...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 15 de Junho
de 2014
sábado, 14 de junho de 2014
Gaivota “AMAR”
(para Oumara Moctar
Bambino)
Não me encontro
neste labirinto de palavras,
precisava de uma
lanterna invisível, pequeníssima e frágil,
uma lanterna que me
guiasse quando viajo nos olhos de gaivota “AMAR”,
perco-me, desejo-me
e desejo-te, quando te transformas em mar, e eu,
e eu, eu me
transformo em neblina sem som, em carcaça encalhada...
não me encontro,
não, não existe no teu sorriso uma canção,
(oiço o Oumara
Moctar Bambino)
(Feliz porque o
oiço)
Não me encontro e
perco-me nos teus lábios, meu Amor sonâmbulo,
sou um ponto algures
no espaço, em rotação,
sei que das tuas
lágrimas crescem gaivotas de “AMAR”,
gaivotas
lindíssimas, gaivotas com sabor a mel,
gaivotas...,
gaivotas de papel,
como silêncios
embebidos nas nocturnas madrugadas sem nome,
Insignificantes,
estes braços que te abraçam,
estes olhos que te
absorvem como as tempestades de paixão,
sou quase engolido
pelo teu coração,
feliz... feliz
porque o oiço, porque... porque a música dele é poema vadio, é
poema rebelde,
porque o oiço,
porque a sua música me provoca uma translação,
e voo, e voo... até
aos sonhos do Tejo,
não me encontro,
não tenho medo das tuas coxas quando ele entra em nós, e somos dois
pássaros em suspensão, brincando nos lençóis da tua pele, e
voo...
até me cansar,
e voo... voo para te
encontrar,
gaivota, minha
gaivota de “AMAR”
minha gaivota com
sabor a Aurora Boreal...
… minha gaivota
irreal,
(oiço o Oumara
Moctar Bambino)
(Feliz porque o
oiço)
Não me encontro, e
só te observo em sonho,
imagem transparente
dos espelhos embriagados,
não, não me
encontro, não... não no centro das palavras,
objectos, cacos,
cacos e carcaças apodrecidas...
e esqueletos
doirados das tardes intermináveis,
tardes em que o teu
corpo era poesia...
POESIA NUA
DESPIDA... POESIA, POESIA EM DESPEDIDA.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Junho
de 2014
sexta-feira, 13 de junho de 2014
O esconderijo da Lua
Toco-te,
estilhaças-te como
o espelho da velha cristaleira,
depois, depois entra
o mar nas tuas veis de nylon,
toco-te, e finjo ser
um barco esquecido nas tuas mãos,
em silêncio, em
silêncio para que ninguém perceba que no meu corpo habitam
porcelanas em cacos,
alguns sons
metálicos, melódicos, alguns... alguns ciclónicos ventos,
perguntas-me como é
o amanhecer quando lá longe a Lua se esconde na montanha do desejo,
e eu, eu sem jeito,
não sei responder,
entretenho-me a
construir beijos num velho muro em xisto,
preguiçosos,
doentes,
toco-te e sinto, a
claridade do teu olhar a entrar na caverna do Adeus,
(Ai como eu
sofro...! Oiço-o enquanto alicerço as minhas pernas ao cansaço)
Querias o amor, e
eu, eu dei-te o amor...
daí sobejaram os
segmentos de recta da tua boca,
e deixaste alguns
círculos de chapa nos cortinados da madrugada,
(Ai...! Oiço-o...)
E deixei de o ouvir,
afogou-se num poço
de luz,
e...
e reapareceu quando
um menino de bibe descobriu que existia noite depois do dia,
toco-te, e
estilhaças-te nas escadas sem rumo,
desgovernadas,
loucas, loucas e
apaixonadas...
Consegues imaginar a
paixão de uma escada?
Claro que não,
claro que não...
dizes-me,
que... que as
escadas não se apaixonam,
que as pedras, os
cacos de porcelana... nunca existiram,
(Ai como eu sofro!
Oiço-o... na sua voz roufenha... São pássaros, menino, são
pássaros... pássaros de cristal)
O caraças
Toco-te e finges
orgasmos de coloridas flores,
toco-te, toco-te
e... estilhaças-te como o espelho da velha cristaleira,
morres,
desapareces no
interior da alvenaria ensonada,
lá fora, nada, nem
uma locomotiva para te recordar,
um rio, um
Cacilheiro embriagado, nada...
lá fora, toco-te,
toco-te e acordo...
Ai... ai como eu
sofro, menino! Não..., não tenho sorte nenhuma.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 13 de
Junho de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Versos de amor encurralados numa vidraça estilhaçada
foto de: A&M ART
and Photos
|
Não acredito nos
teus cabelos, são voláteis, são versos de amor encurralados numa
vidraça estilhaçada,
Um dia, qualquer
dia, todas as árvores do meu jardim se transformarão em desejo,
das suas folhas,
cairão palavras,
coisas,
pedras,
cabelos, vidraças...
todas... estilhaçadas,
Todas perfumadas,
não acredito, e
tenho medo à noite vestida de insónia,
todas elas, todas
mesmo..., um dia, qualquer dia..., cairão na tua mão,
como granizo
envenenado pelo silêncio dos teus beijos,
como barcos defuntos
no cemitério do prazer,
Não acredito nos
teus cabelos,
e quando sinto a
presença do teu corpo, percebo que não existe corpo,
apenas uma montanha
de sombras,
apenas..., e nada
mais do que isso, porque, porque tu nunca tiveste corpo,
porque..., porque tu
não existes!
Se não existes,
se não tens
corpo...
como poderás ter
beijos em silêncio..., como?
Ah... e a tua boca?
Sem palavras, sem
lábios, sem... sem comestíveis corações de papel,
ao jantar,
uma colher de sopa
misturada com algumas insignificantes carícias...
e..., e uma flor
semeada no teu ventre de cristal,
(Não acredito nos
teus cabelos, são voláteis, são versos de amor encurralados numa
vidraça estilhaçada)
Tínhamos cartas que
os anos 90 engoliram numa tarde de Agosto,
nas folhas apenas
alguns desenhos,
um alucinante odor a
paixão,
e..., e tudo se
perdeu, e tudo... tudo mesmo, morreu numa noite de Novembro...
Viva a solidão!
Viva esta vida sem vida... Viva, vivendo, sem cartas com odor a
“paixão”,
(ouvem-se sílabas
de areias no teu olhar)
E a luz da minha
biblioteca, ténue como as minhas mãos, despede-se de mim com um
sorriso de incenso.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 12 de
Junho de 2014
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Pássaros de aço
Deixei de sonhar,
a vida entranha-se
nos meus ossos tridimensionalmente aos soluços,
e eu, às vezes,
percebia que havia uma parábola no meu olhar,
comecei a despedaçar
imagens, comecei a desperdiçar curvas, quadrados e triângulos,
os sonhos iam
desaparecendo, como a chuva, aos poucos, misturada com finíssimos
raios de sol,
e em vez de sonhar,
comprava num
quiosque das redondezas algumas gramas de noite,
pensava eu que era o
esqueleto de verniz mais feliz da minha cidade,
não o era,
e... e nunca o fui,
depois regressaram
aqueles malditos pássaros de aço,
tão esfomeados que,
que comecei a trocar os poucos beijos que me sobejaram por andorinhas
de papel,
(batem à porta)
É o meu vizinho a
queixar-se que os meus sonhos não o deixam adormecer,
respondo-lhe que...,
que eu não sonho,
que... que há muito
deixei de sonhar,
escrever,
e amar,
(o tipo ateima que
sim, que são os meus sonhos,
canso-me...
e mando-o foder com
todas as letras...)
São tristes os
candeeiros da minha rua,
não respondem às
minhas questões e anseios,
ignoram-me...
e quantas vezes...
nem servem para me iluminarem,
abaixo os candeeiros
da minha rua,
a minha rua...
e esta estonteante
cidade,
a que pertenço e
que me engole a cada milímetro de solidão,
(batem à porta)
(o tipo ateima que
sim, que são os meus sonhos,
canso-me...
e mando-o foder com
todas as letras...)
Deixei de sonhar,
deixei de ver as
sanzalas iluminadas pelo doce luar,
deixei de ouvir o
melódico som dos mabecos,
e da espuma
brilhante do mar do Mussulo,
dois ou três
caixotes em madeira apodrecida,
e apenas uma pequena
caixa de sapatos com um, com... com dois, talvez três sonhos,
um avião
telecomandado,
e livros do meu pai,
um par de calções,
e... e alguns
tarecos,
e os sonhos?
Deixei de sonhar e
voava, e voava quando calçava as minhas sandálias de couro...
(batem à porta)
É o carteiro!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 11 de
Junho de 2014
terça-feira, 10 de junho de 2014
Que faço às limalhas do teu olhar!
Que faço às
limalhas do teu olhar!
São pingos de
sofrimento embrulhados em folhas de alumínio,
folhas adormecidas,
folhas mortas, folhas... folhas embalsamadas,
E o teu olhar vive
num cubo de vidro,
respira as magoadas
madeixas de uma triste madrugada,
são singelas
paredes, são insignificantes sombras...
são transeuntes
encalhados numa calçada,
Que faço às
limalhas do teu olhar!
E o teu corpo voa
como a gaivota de amar,
poisa em mim como se
eu fosse o mastro cansado de um veleiro,
desço à preia-mar,
cerro os olhos para
não ver o teu triste olhar,
um cartaz
apressadamente preenchido, grita-me e obriga-me...
… e obriga-me a
chorar,
e obriga-me... e me
obriga a sonhar,
com o teu olhar,
as limalhas do teu
olhar quando prisioneiras das tempestades que os teus seios inventam,
esqueço,
e pareço...
o velho às voltas
com a roda da vida,
Sento-me em ti!
Sento-me em ti não
sabendo que és de papel,
que... que quando o
vento se enfurece, tu... tu desapareces, tu...
tu... tu te
transformas em silêncio,
em neblina,
em... em equação
sem resolução,
Que faço às
limalhas do teu olhar!
São pingos de
sofrimento embrulhados em folhas de alumínio,
folhas adormecidas,
folhas mortas, folhas... folhas embalsamadas,
Folhas como eu,
folhas como ele, folhas... folhas apaixonadas,
que faço, meu amor,
aos pingos do teu sofrimento,
quando vaiadas todas
as mandíbulas da paixão,
e ao acordar, a
minha mão não encontra o teu corpo de andorinha... tu, tu nunca lá
estiveste,
Tu... tu nunca
exististe dentro de mim,
tu, tu desejas não
desejando o amanhecer,
e é tão distante,
e é tão longínquo... que me perco nos teus braços invisíveis,
engano-me quando o
espelho da saudade me informa que hoje...
“hoje não há
felicidade”!
Hoje apenas existe
uma cidade, uma rua, e... e uma velha calçada,
sem pressa de fugir,
sem pressa de amar..., amar não amando os dias sem sentido,
eu sentado,
esperando que tu, que tu... que tu sejas tu e não a noite vestida de
limalhas, as limalhas do teu olhar!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Terça-feira, 10 de
Junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
As tuas mãos
As tuas mãos são
pétalas de rosa,
não de uma rosa
qualquer,
têm coração de
prata,
sabem a palavras
acabadas de escrever,
uma rosa, uma
sombra, e pedaços de luar,
pétalas de silêncio
mergulhadas nos meus lábios,
desejos de amar,
amar... as tuas
mãos, as pétalas... sem esquecer o teu olhar,
As tuas mãos são
frágeis,
como jarras de
porcelana onde adormecem as rosas que têm pétalas com perfume de
madrugada,
amo-as, amo-as sem o
saber,
às tuas mãos,
entrego o meu corpo cansado, o meu corpo de estanho...
o meu corpo
envenenado pela solidão,
o meu corpo
envenenado pelo teu sorriso de amanhecer,
(oiço-as no meu
peito, os gritos teus, e os solstícios suicidados)
As tuas mãos... as
tuas mãos me encantam,
são sons melódicos
que se abraçam a nuvens poéticas,
frágeis,
macias,
tão finíssimas...
Meu Deus, que tenho medo de lhes tocar!
que tenho medo que
me toques, e se evaporem na neblina de Belém,
(oiço-as, oiço-as
e tenho-lhes medo)
Podem quebrar,
podem morrer,
… podem se
apaixonar,
As tuas mãos são
pétalas de rosa,
são mimos,
são... são néons
perpendiculares deambulando na cidade,
as tuas mãos, ai...
ai as tuas mãos de felicidade,
quando imaginam
círculos de areia em busca de uma gaivota revoltada,
elas te olham, e
elas ficam encantadas...
com as tuas mãos,
com as pétalas das tuas mãos,
rosas, rosas
castigadas.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 9 de
Junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
O teu nome...
O teu nome...
quando dormes,
sonharás?
Não sei como te
acordar,
não sei se tens
vontade de acordar,
o teu nome?
Voltarás a sorrir?
A caminhar?
O teu nome...
quando dormes,
sonharás?
Como serão os teus
lençóis, a tua almofada é estampada, lisa... ou não tens
almofada?
Não sei o teu nome,
porque corres junto
ao mar,
não sei se lês,
tão pouco me importa que leias, que nem saibas ler...
Voltarás a sorrir?
A caminhar?
E a amar?
Não sei o teu nome
para te acordar,
talvez te acorde com
um beijo, talvez...
e... e se não
acordares?
E... e se não
resultar!
Abanar-te-ei?
ou... ou finjo que
és um espelho de prata deitado no desejo invisível!
Como o faço,
não sei, não
sei... não sei,
E a amar?
Não sei o teu nome,
tenho dificuldade em
te acordar,
e... e se tu não
estiveres a dormir?
O que faço?
Não o sei, não...
o teu nome estéreo,
o teu nome agrafado
aos meus lábios,
e no entanto, nunca
soube o teu nome,
e no entanto...
acredito que dormes, sonhas... e estás viva,
como as ruas da
minha cidade,
como as palavras que
mendigam a minha cidade...
uma cidade com nome,
uma cidade que dorme, sonha... e acorda,
E a amar?
E a sonhar...!
Não, não sei o teu
nome,
passas por mim e
sinto a presença de um fantasma,
passas por mim e
sinto que és uma cena cinematográfica,
ou um fotografia, a
preto-e-branco, esquecida numa esquina de luz...
não sei o teu nome,
e pouco me importa se tens nome.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 8 de Junho
de 2014
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