Das palavras frias e
esquecidas
Emerge o sonho do poeta,
Das palavras cansadas,
vadias,
Correm nas mãos do poeta.
Nas ruas desertas e
frias,
Entre janelas e
clarabóias perdidas,
Que dormem na cidade
inventada.
O sonho do poeta,
Quando escreve na
esplanada deserta,
Vêm os milhões de gritos,
Desejos,
Do poeta,
Entre beijos.
O dia.
Quando o poeta acorda,
Dança sob a chuva
miudinha,
São palavras, do poeta,
Aquelas que ficam
esquecidas,
Nos olhos da amante do
poeta.
Beijo.
O beijo do poeta
Nos lábios pincelados do
poema,
As rosas, os jardins do
poeta,
Numa qualquer cama.
(Das palavras frias e
esquecidas
Emerge o sonho do poeta)
O medo.
A sombra que mata o
poeta,
Quando a cidade se
esconde no mar,
Quando o poeta desenha o
próprio mar,
Na lareira da noite,
Quando a noite abraça o
poeta,
Quando o poeta morre no
poema.
Os versos,
As rosas das mãos do
poeta,
São prosas,
São palavras…
São o fumo da montanha.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 16/08/2020