Suicídio.
Acrílico s/tela 50x70. Francisco Luís Fontinha
Sem
tempo, esta escuridão de azoto,
Descendo
nas borbulhas do sono,
E,
meu amor, a tristeza quando a partida,
Às
vezes complexa, de um olhar, talvez cansado,
Começa
a desenhar-se no sorriso de uma esfera.
Uma
caixa de vidro, uma janela em pedra,
Uma
lágrima entre sorrisos e nuvens,
Vem
a nós o corpo circunflexo da insónia,
E,
nos teus seios, a alvorada envenenada pela escuridão.
Desenham
em traços de água, o sono dos justos,
Os
emagrecidos amanheceres da palavra escrita.
Sem
tempo, meu amor,
Para
dormir debaixo das árvores,
E
dos silêncios da morte;
É
tão triste, a morte, meu amor,
Quando
morre o livro,
Quando
é assassinada a palavra,
E
uma nuvem de fumo educada,
Deita-se
solenemente na manhã a despertar.
Sei
que há dias tristes, muito tristes e, aqueles, menos tristes, mas felizes,
Onde
brincam criancinhas vestidas de pano,
Amarrotado,
Pequena
folha em papel que arde na sanzala,
Basta
um sorriso,
Uma
pequena lágrima,
Para
nascer em ti o poema prometido.
Sem
tempo, amor,
Sem
tempo neste corredor de sonhos.
Francisco
Luís Fontinha
25/07/2020
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