Odeio as poças de
água
odeio os nenúfares
e os sombreados vultos da noite
odeio a poesia
as palavras
e a felicidade...
ah... odeio a chuva
vestida de branco,
odeio os acenos
e os enganos,
odeio...
odeio as sanzalas
com telhados de vidro
as cidades sem
transeuntes
nus
descalços
odeio as calçadas
e os cansaços,
odeio as pontes
e os beijos
odeio o silêncio e
os cigarros de matar...
odeio... odeio o
mar,
odeio as poças de
água
odeio os nenúfares
e os sombreados vultos da noite
odeio a poesia
e as espingardas de
brincar
odeio... odeio a
solidão e as lareiras invisíveis
odeio as cabanas
inseminadas nos seios da montanha,
tudo odeio...
até que das nuvens
inventadas pela madrugada
desçam a mim os
sorrisos do milagre!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 15 de
Outubro de 2014