quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Edifício envidraçado


Este edifício envidraçado
que não cessa de chorar
esta noite húmida vestida de mulher
que não se cansa de gritar...
este cansaço teu
esta rua sem ninguém
este espaço exíguo
que ofusca o teu olhar...
esta cidade recheada de mendigos
como eu
assim...
procurando abrigos,
este teu corpo engraçado
que ilumina a sanzala do adeus
este teu desejo premeditado
que se enforca na terceira árvore do jardim,
este edifício doente
triste
e com odor a solidão,
esta cidade que me sufoca
e arde
no meu peito desassossegado...
sem me dizer... sem me dizer que hoje não há luar,
falta-me o lugar
e a estrada para caminhar,
e quando encontrar o rochedo da dor...
parar
e me sentar.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 8 de Outubro de 2014

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