Estas telas
assassinas
suspensas nas
pálpebras nocturnas do sofrimento
um grito que voa
sobre os telhados de vidro
uma voz rouca
alicerçada às
cores incendiadas do teu olhar
um corpo que range
e sofre...
e espera
desesperadamente...
que regresse a “arte
de matar”
sem fôlego
rompes a geada do
amanhecer
sobes as escadas
íngremes do silêncio,
E cais... e cais
sobre a calçada do Adeus!
Cinco pedras de
xisto
poisam na tua
algibeira de sonífero falsificado
acordas
e o cansaço saltita
nos teus ombros
como uma corda de
nylon que aprisiona o navio da dor
sem marinheiros, sem
mulheres vestidas de paisagem,
Estas telas
assassinas
que na tua mão
circulam desejando enfrentar o medo
as palavras que tens
nas paredes do teu quarto...
de nada te servem
são palavras
são versos
são telas
assassinas
que a “arte de
matar” inventou...
das tuas janelas
vêem-se os malmequeres adormecidos
como cadeiras de
vime esquecidas no jardim da solidão
um lago
cumprimenta-te... e tu, e tu, e tu ficas feliz
como se fosses um
pássaro com asas de papel doirado...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 11 de
Outubro de 2014
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