foto de: A&M ART
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não o sei
às vezes desce
sobre mim a voz do silêncio
o rio com mãos de
porcelana
acorda
deita-se na nossa
cama
chora...
olha-se ao espelho e
grita
não o sei
e às vezes
pergunto-me porque
há barcos em papel com coloridas manhãs de Primavera
e às vezes
não o sei
os sonhos sonhados
quando a noite deixa de nos pertencer
as palavras escritas
amadas e desamadas
e o palheiro da
madrugada invadido pelos odores do jardim anónimo
não o sei
acorda
e às vezes
tantas vezes... meu
Deus
percebo que há
andorinhas com fome
e fome vestida de
gaivotas
chora...
não o sei
porque vives
escondida no meu peito.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 1 de
Maio de 2014