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segunda-feira, 24 de março de 2014

Viagem ao centro dos teus olhos


Verdes pergaminhos do amanhecer amargurado,
cintilantes madrugadas com sabor a desejo,
vagabundas manhãs infestadas de corações de mel,
viajo dentro de ti como os pássaros quando regressa a chuva miudinha,
verdes cansados beijos,
verdes lábios,
… boca dispersa na Primavera das flores campestres,
verdes olhos, verdes... verdes pergaminhos do amanhecer amargurado,
viajante solitário procurando abrigo, e um abraço se levanta do chão,
e dou-me conta que é noite,
cortinados cerrados...
e da tua janela... e da tua janela apenas uma sombra de silêncio.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 24 de Março de 2014

domingo, 16 de fevereiro de 2014

criança dos teus olhos

foto de: A&M ART and Photos

há silêncios nos teus olhos
existe uma mão que absorve as lágrimas dos teus olhos
tens cabelos semeados pelo vento que cerram os teus olhos
o medo que cruza os teus braços que aprisionam os teus olhos...
há silêncios nos teus olhos
há palavras que descrevem a cor dos teus olhos
imagens
negras
a noite
o dia
a morte... que brinca nos teus olhos
há silêncios de amor nos teus olhos

há silêncios de ciume nos teus olhos
searas campos montanhas árvores nuas
despidas cidades amargas ruas cansadas
que os teus olhos vêem e se calam como pedras silenciosas
há rios mares barcos e gaivotas
há desejo nos teus olhos
há corpos em cio que magoam os teus olhos
há madrugadas onde habitam os teus olhos
bares mesas de bares copos recheados de uísque em bares dos teus olhos...
jardins inclinados
tristes tristes como os teus olhos chorados
há seios que me esperam na criança dos teus olhos


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 16 de Fevereiro de 2014

sábado, 18 de janeiro de 2014

Sem nome – o teu nome

foto de: A&M ART and Photos

Não sei o nome dos teus olhos molhados
quando chovem pedaços de saudade nas pedras íngremes do silêncio
convenço-me que sou um corpo putrefacto esquecido nos pingentes húmidos telhados de vidro
sentindo as tuas mãos em aço
e submergindo nas tempestuosas águas que as palavras trazem depois de escritas
ditas e perdidas nas calçadas com flores apaixonadas pelos candeeiros envidraçados do medo
e na areia da paixão sei que vivem vogais vestidas de negro vendendo o corpo por três moedas...
sei que o teu corpo é um fóssil mergulhado nas quatro pedras de gelo do meu invisível uísque
sinto-as como carícias sombras nas páginas do livro de poemas à procura do barco dos sonhos
apitam e choram apitam... e gritam... e apitam... e gritam o apito da melancolia
e em loucas orgias de sílabas licenciadas em nuvens de sémen...
não sei o nome... dos anzóis da solidão.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 18 de Janeiro de 2014

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Olhos de água

foto de: A&M ART and Photos

São frágeis os teus olhos de água
Transparentes como a noite
Em cio
São castanhos, azuis, verdes… são olhos demónio
Tamanhos verdejantes dos abraços de um rio
São frágeis
Como a noite sincera de ti quando entras dentro do espelho
São teus os teus pseudónimos olhos vagueando na paisagem
Destino
Viagem
São eles
Tão frágeis…

E tão lindos quando as palavras se escrevem
E vivem
E crescem
Neles, os teus frágeis olhos de água,

Mágoa
A alvorada em travestidos sorrisos
A menina tem lume?
Juízo?
A menina ama?
É amada?
A menina… é tão linda
Como os seus olhos de água…

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

como o mar amar os lábios da paixão

foto de: A&M ART and Photos

dois viajantes vagueando sobre o silêncio da noite
comendo pétalas de chocolate embrulhadas em poemas desejo
como o mar
amar os lábios da paixão
quando estrelas dançam nos teus cabelos de porcelana,

dois viajantes apaixonados nas palavras invisíveis
folheadas pelas mãos tuas em desenhos sonhos amanhecer
comendo-me
comendo-te...
dois simples braços e mãos... entrelaçadas na alvorada,

o corpo arde na tela da insónia como acrílico sombreado das nuvens embriagadas
sobre mesas e cadeiras
sobre ti e sobre mim
o corpo
o teu corpo rodopiando ao som da garganta de um relógio de parede,

sonolento os olhos teus dançando nos versos da manhã
o medo entranha-se-te nos dedos sisudos
e a melancolia absorve-te as pálpebras encarnadas que o Sol esconde
e alimenta comendo-te
comendo-me... sem saber que éramos de brincar...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 25 de junho de 2013

A revolta dos lençóis de linho

foto: A&M ART and Photos

Olhos, eu? Não os tenho... são apenas pedaços de xisto vagueando ente os socalcos do Douro e a imaginação invisível do sonho de voar..., uma velha metralhadora dispara sorrisos contra a parede de vento que separa os quintais, um pertence ao palhaço rico, e o outro, como nem podia ser de outra forma, é propriedade do palhaço pobre, quando criança queria ser palhaço, trapezista... ilusionista, qualquer coisa que rimasse com circo, qualquer coisa que me fizesse deslocar de terra em terra, e nunca, nunca ser pertença de nenhuma, não ter terra, não inventar rimas quando vinhas à janela, olhava-te e sorriamos como crianças entrelaçadas nas aranhas dos livros de banda-desenhada, imagina que eu fosse o circo, uma roulote, uma fera indomável, correndo e comendo carne até adormecer,
Imagina-me de bicicleta entre sombras de mangueira e gargalhadas de plátanos, imagina-me, não à janela do primeiro andar, mas... num rés-do-chão sobre rodas,
Imaginava-me prisioneiro a uma corda sem princípio nem fim, eu, um palhaço, um trapezista ou um malabarista engolindo fogo e vomitando pedaços de vidro, imaginava-me acorrentado aos abraços de alguém, que quando chegasse no final da noite,
Estou enjoada,
E eu confortava-a dizendo-lhe que provavelmente era do trapézio, ela olhava-me e sorria
E ente silêncios,
Do trapézio... Parvalhão que não percebe,
Nunca, quando chovia, nunca, quando montávamos a tenda e debaixo dela centenas de crianças, sorrindo, comendo pipocas, gelados, nunca, quando eu no palco travestido de cigana lançava-me às feras, elas diziam que eu
Do trapézio... Parvalhão que não percebe,
Disparam-se sorrisos contra a parede de vento, revoltam-se os lençóis de linho das nossas avós, e ardentemente, faço uma pequena sesta na minha infame roulote, e o melhor local para arquivar determinadas mensagens é sem qualquer dúvida a pasta “LIXO”, e enquanto me esticava no pouco espaço da roulote, olhava-me suspenso no tecto, e percebia que nunca seria eternamente criança, e que um dia a vida artística terminaria, deixaria de ser o trapezista, deixaria de ser o palhaço pobre, deixaria de ser o malabarista... e de to e sempre, deixaria de ser o menino do mar, e perguntar-me-ia
Do trapézio?... Parvalhão que não percebe,
E que não, nunca percebeu, e ainda hoje acredita que os olhos são apenas pedaços de xisto vagueando ente os socalcos do Douro e a imaginação invisível do sonho de voar...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sonhos que acompanhavam o vendedor de sombras

foto de: A&M ART and Photos

Não sabia como apelidar-te, se de anjo, chuva... ou Primavera enlouquecida, mas sentia-te logo pela manhã, ainda meio acordado, ainda meio sonâmbulo, ainda não sentido a musicalidade dos pássaros que horas mais tarde, e de árvore em arbusto, passeiam-se como se fossem transeuntes embriagados com palavras do motor de arranque do automóvel que me transportará ao meu destino final,
não sabia,
E no entanto, quando ancorava o rabo na cadeira de couro, com pernas elegantes e rodinhas que me transportavam e me faziam transportar, em círculos, em ondas, como atravessando os espaços vazios do compartimento a que baptizaram de “escritório”, eu recordava-me dos teus olhos...
dirão... olhos, quais olhos, de quem são os olhos que neste momento dormem sobre as palavras acabadas de escrever?
E tantos, de tantas cores, uns cansados e usando óculos, outros, menos cansados, e não necessitando de uma bengala para simples leituras a curtas distâncias, e outros, outros da cor do desejo e com sabor a melancolia, a saudade, a tristeza, a... vinham as tempestades, e traziam-me os cordéis que serviam para me acorrentar às árvores em protesto pela sombra prometida, e víamos que de sombra nada ou algo parecido, concluindo que tínhamos sido burlados pelo vendedor de sombras, homem que se fazia passar por honesto, como todos os homens burlões, bem falante, com cultura superior à média, bem apresentado visualmente, e no entanto, abria a pasta de couro, e de um catálogo colorido, mostrava-nos vários tipos de sombras, algumas pareciam lâmpadas de baile de aldeia encurralada na montanha dos apaixonados cus de de um desonesto homem vendedor de lanternas, que além das sombras, nos impingia algibeiras envenenadas contra todas as perdas monetárias, como se de uma vacina se tratasse, comprei uma delas, e logo por azar, perdi trinta euros, paciência, digo-me enquanto folheio mentalmente as imagens das milhares de sombras, que ele, o homem, nos vendia por uma módica quantia de cinco mil euros,
adquiri uma em treze suaves prestações, mas até à data de hoje, sombra nenhuma,
Voltando ao apelidado “escritório” quando carregava no interruptor que supostamente serviria para ligar a lâmpada do pequenos espaço com duas secretárias (em madeira – não das outras), só não acendia lâmpada alguma como ouvia do rés-do-chão o rinchar de uma égua, a princípio não sabia explicar o sucedido, depois, depois de tanto pesquisar, de descer escadas, entrar no curral do animal, carregar no interruptor e a luz apagada, e do primeiro andar a voz da menina Augusta
acendeu a luz do escritório...
O electricista tinha trocados os fios, e o interruptor do escritório servia para acender a luz do curral da égua, e o interruptor do curral da égua, acendia a luz do “escritório”, não sabia como apelidar-te, se de anjo, chuva... ou Primavera enlouquecida, mas sentia-te logo pela manhã, ainda meio acordado, ainda meio sonâmbulo, ainda não sentido a musicalidade dos pássaros que horas mais tarde, e de árvore em arbusto, passeiam-se como se fossem transeuntes embriagados com palavras do motor de arranque do automóvel que me transportará ao meu destino final,
não sabia,
E dos inúmeros olhos que poisaram sobre os meus olhos verdes, foram os teus, foram os teus, aqueles olhos cristalinos como a água transparente da ribeira quando desce a montanha, e sem o perceberes, estás sentada num lago invisível, e nas tuas costas, cisnes, brincam, conversam contigo, iluminados pelos
não
Sonhos que acompanhavam o vendedor de sombras, e agora, não sei, se foste uma sombra, ou se és um sonho, não sei,
acendeu a luz do escritório...
Ou... talvez saiba, luzes, luzes embainhadas em cores como os milagres do burlão vendedor de sombras, que na compra de uma, me ofereceu como bónus... o teu olhar de feiticeira, escondida sempre entre jardins e clarabóias de sótãos com janelas viradas para o rio, o mesmo, que te viu despedir-se do mundo...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 4 de maio de 2013

Quando mergulhávamos no cacimbo

foto: A&M ART and Photos

Perdia constantemente, as coisas boas da vida, perdia relógios, perdia calendários, perdido eu, perdia-te sempre como perco as gaivotas de Maio, um barco indefinido, sombrio, no domingo, não estou, fui, como ela, fui e não regressei e não vou regressar
porquê
Perdia-te, e perco, nasci perdido, nasci dentro de um mês explícito, também ele, perdido, perdido, era verão,
em Janeiro, verão
Precisamente, em Janeiro, verão, perdia-te, comei a perder-te já dentro da maternidade, depois, depois no baptismo, e parece que caíram todos os santos quando me viram, e a Igreja da Nossa Senhora da Conceição, toda ela, por mim, em lágrimas,
e por vinte escudos,
Nada,
ninguém?
A terra, o pavimento térreo, pequenas janelas, pedacinhos de luz, entre o branco e o negro, circunferências de corpos, incluindo, o teu, o dela, o dele, de lábios em triângulos, de bocas em cubos, ou... ai as saudades dos hipercubos, das lareiras em flor, da Ajuda subindo a Calçada, descendo cordas de sombra, comendo sandes rápidas depois de voar a tarde sobre a ponte com acesso ao teu púbis de mel, a outra cidade em ti, e de ti, as ruas resumidas a pequenos grupos de palavras, simples palavras, pequenas canções, melodias que eu ouvia quando te sentavas sobre o meu ventre descarnado, sem folhas, suspenso num paralelo de vidro
ninguém e nada, entre nós como Dezembro depois da madrugada,
Escrevia Janeiro e debaixo do Sol tórrido entranhavam-se-me os finos arames que seguravam o tecto das estrelas onde dormia uma tenda, um enorme oleado, por baixo, uma longa estrutura metálica
era o circo
Homens e mulheres e crianças, e palhaços, e cães amestrados, e trapezistas, malabaristas e eu como ninguém, sentado num banco, em madeira apodrecida, contava eu, cada buraco preenchido pelo bicho da madeira, quadrados, círculos de corpos, o teu, o meu, o dela e o dele, os nossos transformavam-se em madeixas coloridas, em pequenas sandálias de couro, entre calções e saias de chita, crianças que inventavam espectáculos, o público emergia, crescia, e depois
fugiam de nós,
Como hoje, ontem, e depois havia a cama de pregos onde o conceituado artista plástico, escritor e poeta, e zé ninguém, eu, ou outro igual, se deitava, adormecia, enquanto
gosto dela, assim, semi-deitada, com as pernas poisadas sobre a terra doirada, gosto dela assim, encurvada, quase nua, quase silenciosa, quase emagrecida nos poucos grãos de areia que o mar deixa nos circunflexos corpos com asas, com barbatanas, como tu, como nós,
E
(era o circo, e perdia constantemente, as coisas boas da vida, perdia relógios, perdia calendários, perdido eu, perdia-te sempre como perco as gaivotas de Maio, um barco indefinido, sombrio, no domingo, não estou, fui, como ela, fui e não regressei e não vou regressar...)
enquanto tu semi-nua, dizias-me com pequenos traços no chão agreste da terra adormecida que os meus olhos mudavam de cor, conforme os dias, as horas, as semanas, em Janeiro, em pelo verão
Verdes,
em Agosto, quando mergulhávamos no cacimbo, pareciam âncoras de cacilheiros esquecidos no Tejo, e no entanto, no meu cadastro
(Cento e setenta e cinco centímetros, branco ou caucasiano, olhos verdes – Verdes? - e foi visto pela última vez na zona do Roque Santeiro, vestia calças de ganga e t-shirt branca com pequenas formas geométricas estampadas no rosto)
verdes, verdes, verdes... como as ervas,
E ele não regressou dos olivais de Outubro, à volta de mim, pedaços de luz em decomposição, e esperava pelo comboio das dezanove horas, abria a porta, espreitava
às voltas, em círculos, como serpentes enfeitadas com veneno imaginário, como tu, imaginavas-me na aula de geometria descritiva, ou em termodinâmica... ou em mecânica dos materiais, e pelos vistos, eu, sem tu o saberes, há muito tinha desaparecido...
O comboio partia, e ninguém tinha poisado o pé sobre a plataforma em cimento sonífero como as plantas do teu Outono, ao contrário do meu, e ninguém a poisar um saco, uma simples mala, nada, e depois de três apitos fortíssimos, ela lá ia, lá ia até encontrar um poiso com olhos verdes, como os teus, como os teus, esses braços... que nunca abracei.

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 19 de maio de 2012

entre as torradas e o chá


Em pausa
entre as torradas
e o chá,
em pausa
suspensa nas páginas de um livro
na mão de um cigarro,

em pausa
o meu olhar no imaginário da tarde,
a literatura sufocada
nos teus verdes olhos,

em pausa
entre as torradas,

e o chá
em pausa,

à espera da madrugada.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Aos olhos

Aos olhos
a paixão pigmentada do cansaço
o murmúrio das palavras
em sexo num vão de escada
gemidos descem do sótão
como crianças embriagadas no berço da tarde

aos olhos
dos olhos
a literatura com chá e torradas
e sumo de laranja

e palavras

e murmúrios

aos olhos

aos olhos
o silêncio da noite
dentro de uma caixa de sapatos
sem janelas
sem gatos
aos olhos

e palavras

e murmúrios

e conversa fiada.