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domingo, 28 de setembro de 2014

Amanhecer amar


Se eu voasse
não atravessava o Oceano para em ti poisar...

se eu voasse
não me levantava deste banco de silêncio
com mãos de pérola adormecida
não gritava
não... não chorava
porque as palavras são searas de insónia sobre um papel queimado,

um punhado de trigo
voando
sonhando...
na planície dos corpos embalsamados,

se eu voasse
não atravessava o Oceano para em ti poisar...

não escrevia
não lia...
não
não acreditava no amanhecer amar!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 28 de Setembro de 2014

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Noite de loucura


Este pano azul cansado
deitado sobre o teu corpo
acariciando a tua pele de luar
que a madrugada fez esconder
este pano... que o piano amar acorrenta
este sofrer...
a saudade do mar
entranhada nos meus lábios,

Este pano azul...
que o silêncio consegue desenhar no teu sorriso
o morrer
sabendo que todas as flores deixaram de brincar
a tua mão vazia
como o rio que desce a montanha
a tua mão entrelaçada nas sombras da paixão
que o pano azul escreveu numa noite de loucura...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2014

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O ausentado


Tão longe, esses olhos escondidos no silêncio da minha mão,
tão perto, a tua fotografia a preto e branco suspensa no estendal da solidão,
sentado, escuto, e olho, e sonho...
sentado felicitam-se pela minha ausência,
torno-me invisível, I N V I S Í V E L...
e... e tão pequenino... que nem uma qualquer página de jornal me consegue encontrar,
dizem, quando passam por mim, que enlouqueci,
escrevem nas paredes do meu corpo...
“AUSENTE”,
e um ausentado não sofre,
não chora, não sente,
e... e não quer ser amado,
repito,
sou um simples AUSENTADO,
tenho asas,
tenho ventos nas minhas pálpebras de diamante,
e... e repito,
não,
não quero ser encontrado,
tão longe, esses olhos...
desejam-me como um esqueleto formatado,
e há quem pense que eu sou uma antiga disquete...
não, não o sou,
impossível... impossível formatarem-me,
tão perto, a tua fotografia a preto e branco...
e já me apelidaram de banco de jardim,
de árvore,
gaivota,
apelidem-me de tudo o que quiserem,,,
mas prefiro ser um AUSENTADO,
do que estar presente e pertencer ao amanhecer dos formatados,
porque não um falhado?
um falhado de fato e gravata,
de jornal com três dias de atraso debaixo do sovaco,
agacho-me,
e com o lenço de linho dou graxa aos sapatos...
Ai... anda por aí tanto engraxador,
que me farto,
que me cansa,
que... que não encontro explicação para pertencer ao amanhecer dos formatados,
antes um AUSENTADO...
mesmo sendo um AUSENTADO falhado...
do que um engraxador diplomado,
um... um engraxador fornicado...!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 15 de Setembro de 2014

terça-feira, 22 de julho de 2014

O Cometa Amar


Não te mexas,
deixa poisar o Cometa Amar na Sombra do teu olhar,
não grites,
mantém-te imóvel nos lábios do entardecer,
não fales, não... não grites,
geme no salivar nocturno que acolhe o luar,
não te mexas, por favor!
Silencia-me como se eu fosse apenas e só o teu livrinho de cabeceira,
a tua almofada recheada com seios de verniz...
o espelho do teu quarto, onde dormes, sonhas... e... e brincas...
como uma menina mimada,
escondida na madrugada,

Não te mexas,
fala-me, ouves-me?
Não te mexas,
acaricia o cansaço dos meus abraços com o teu cabelo de cetim,
não grites,
por favor... não sejas assim...

Assim, como?
Assim... menina mimada,
menina com sabor a Musseque,
menina... menina bronzeada,

Não,
não te mexas,
escreve no meu peito de xisto tudo aquilo que te apetece fazer,
sei lá eu...
também não o sei, meu Amor, mas não te esqueças de nada,
escreve tudo, escreve...
mas... mas não te mexas,
escreve em mim, desenha em mim,
o mar,
o pôr-do-sol, ou... ou a saudade,
o poema mais belos da montanha do desejo,
escreve, não te mexas, escreve... escreve beijo,

(Assim, como?
Assim... menina mimada,
menina com sabor a Musseque,
menina... menina bronzeada).


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 22 de Julho de 2014

domingo, 13 de julho de 2014

Páginas sem nome


Que faço a estas páginas sem nome,
que digo às palavras escritas nestas páginas sem nome...!

Triste, a mão que se recusa a escrever,
a mão trémula que inventa cigarros de arder...
que faço a estas páginas de escrever,
anónimas, desorganizadas... páginas mortas, páginas amarguradas,
triste, a mão que acaricia o rosto da madrugada,
e não se cansa de amar,

Que faço... ao cabelo sem vento!

Sem nome, prontas a escrever,
que faço eu mergulhado no teu corpo de neblina...
triste, a mão que não se cansa de sombrear o amanhecer,

Que faço, eu!

Que faço eu nesta tela envergonhada,
onde moram os teus seios de menina...
que triste..., que triste as páginas deste livro quase a morrer,
que faço eu, às palavras não escritas,
aos beijos desenhados na mesa-de-cabeceira,
sem saber o que fazer...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 13 de Julho de 2014

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Não, não me obrigues a voar!


Não alimentes a minha fome,
porque eu não quero comer,
não, não grites o meu nome...
… porque sem a tua mão sou capaz de viver,

Escrever,
e... e sonhar,

Não alimentes a minha fome,
não cerres toas as janelas do meu olhar,
não me peças para chorar,
não, não sei chorar...

(escrever,
e... e sonhar),

Não alimentes a minha fome,
não quero os teus lábios de ciclone,
vagueando no meu peito, sobrevoando os meus cabelos tristes,
não,
porque insistes?
que eu seja o que nunca quis ser,
não,
não quero comer,
não,
não quero correr...
apenas quero ser o mar,
com lençóis de amanhecer,

(escrever,
e... e sonhar),

Não, não me obrigues a voar!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 10 de Julho de 2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014

triste borboleta

foto de: A&M ART and Photos

sou uma triste borboleta
cansada de voar
um rio que deixou de correr para o mar
o barco
uma pedra a chorar
sou uma triste borboleta
com olhos de insónia
com asas de papel
com mãos de amónia
uma triste borboleta
eu sou
como as madrugadas de mel...

sou uma triste borboleta
em busca do Inverno
e desce a noite aos teus cabelos
e acorda o maldito Inferno
e deixo de viver
e deixo de habitar
os teus olhos sem palavras de escrever
sem as palavras de sofrer...
uma triste borboleta
cansada de voar
cansada de amar...
nas manhãs da manhã ensonada.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 22 de Maio de 2014

domingo, 11 de maio de 2014

Cerejas de papel


O corpo é de espuma verde,
cintilam nela as cerejas de papel,
o corpo incendeia-se quando cresce a noite nas mãos do desejo,
e ouve-se o beijo,
deambulando nas orgias marés de Inverno,
o corpo em chamas, o corpo Inferno,
como lábios de mel...
a cidade desamarra-se do cais da liberdade,

O corpo é de espuma verde,
erva daninha nas encostas da montanha sem amanhecer,
o corpo brinca na lareira inventada dos olhos em verniz envelhecer,
o corpo ginga como uma moeda a morrer,
sei que vês os Oceanos marginais que a cidade embarca,
o corpo diminui, o corpo procura a sílaba tonta com perfume de naftalina, e há uma arca,
e há uma sombra, apenas com uma palavra e que não quero escrever...
o corpo é uma bala com nome de cidade,

A cidade a arder.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 11 de Maio de 2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Deixar de acreditar

foto de: A&M ART and Photos

Desejar o sol é muito
porque nada desejei
escrever é estar vivo... amar quem nunca amei
e nunca quis acreditar nas esplanadas em vidro
desejar a lua é tão pouco pouco
para quem quer ser as frestas de solidão que embrulham o teu desnudo corpo
as flores
os cansaços emagrecidos do plasma adormecido,

Desejar é pouco ou quase nada
desejar o silêncio que embainham os teus lábios... desejei-o e cansei-me de esperar
que abrissem as janelas do doce colarinho de espuma que o mar deixa sobre os lençóis de seda...
desejar é tudo
desejar... desejar que arrefeça a tua mão
que cresça o tua paixão com asas em papel... desejar o sol
e ter a lua
desejar a lua
e ter apenas a sombra da montanha... sem o sol vomitando asneiras em palavras envenenadas
desejar-te como o és... uma rosa nua
de veludo
uma rosa apaixonada dos jardins suspensos que habitam a madrugada,

Sem fronteiras de cetim
deitada a meus pés...
desejar o sol é muito
porque nada desejei
escrever é estar vivo... amar quem nunca amei
e nunca quis acreditar nas esplanadas em vidro
desejar a lua
é pouco... tão pouco... tão pouco... que deixei de acreditar que estou vivo...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 9 de Janeiro de 2014

sábado, 10 de agosto de 2013

Pedras rasuradas

foto de: A&M ART and Photos

As pedras rasuradas que alimentam os teus olhos
às lágrimas choradas
como ribeiras em declínio tombando sobre a calçada
vêm as árvores à tua dócil mão de chocolate adormecido
vens tu procurar-me no interior da fértil maré que a solidão semeia nos teus seios...
sou filho pródigo do teu ventre
sou as palavras que escreves nas pálpebras da inocência
as pedras
rasuradas...
onde deitas o teu cabelo em pedacinhos amanhecer
sombras e telhados olham um líquido escorrer...
das folhas enlameadas dos velhos saberes,

Choram as tuas pedras rasuradas
um livro recusado à mão escrever
escorrem de ti as uvas embriagadas...
em videiras tuas lágrimas choradas
as pedras
e o feitiço dos lábios suspensos na tua boca
as pedras
loucas quando adormeces sobre mim antes de nascer o sol,

Loucas quando... nascer o sol
as tuas pedras amarguradas
as tuas doces pedras rasuradas
que a chuva engole nas tardes de neblina...


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 10 de Agosto de 2013

quarta-feira, 11 de julho de 2012


Por razões de ordem pessoal vou deixar de escrever e de publicar o que possa vir a escrever no meu caderno preto; poderá ser breve ou eternamente. Tudo irá depender do estado do mar nos próximos meses...

Obrigado