a espuma em pálpebras de cianeto
o relógio suspenso entre o sono e a
madrugada construída de esferas metálicas
a chuva miudinha entranha-se no corpo
da serpente de chapa
enrola-se na sinfonia do teu olhar...
e descansa
dorme
e sonha com as sandálias do amanhecer
eu procuro-te na imensidão da
escuridão nocturna do perfume
tu disfarçada de árvore e apenas em
ti poisam gaivotas ensonadas
a espuma embainha-se nos teus seios
floridos
há palavras inaudíveis no teu sorriso
há cansaços desgovernados vestidos de
barcos
prostitutas com coração de marinheiro
e candeeiros em braços de lentidão
o amor fuma cigarros com poemas de
cartão
e tu pareces a ponte iluminada da
paixão
o amor é uma parvoíce
como todos os poemas que escrevo
como todas as palavras que grito...
a espuma é o teu corpo em pedaços de
retracto
imagens simples
tristes
o amor é a noite desconexa
com olhos de naftaleno...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 20 de Abril de 2014