A bateria balança sobre o palco da
tempestade
o baterista entra-se no meu silêncio
e absorve-me,
os sons melódicos do Jazz correm nas
minhas veias desconexas
há marinheiros na minha mão que
procuram o Oceano da loucura
e absorvem-me,
e sinto-os como se fossem a Primavera
correndo
caminhando sobre a límpida areia de
veludo,
A música acorrenta-se aos meus braços
de porcelana
choram as cordas da guitarra friorenta
dentro de um cubículo sem janelas
e eu, eu transformo-me em palavras,
há poemas no meu peito com sabor a
clandestinidade
beijos em pergaminhos que sobejaram da
saudade...
e absorvem-me...
pequenas réstias de limalhas de aço
brincam nos meus sonhos...
e absorvem-me,
A bateria não se cansa dos meus
fantasmas
o baterista suspenso no arame de papel
que constrói a madurada
e absorvem-me as sonoras lágrimas da
manhã,
sei que no teu rosto de madeira habitam
fotografias a preto-e-branco
e outros suspiro sem nome,
homens desejando a morte
e a morte que não cessa de gritar...
absorvo-te enquanto desenhas nos seios
da literatura sons geométricos das noites embriagadas.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 18 de Abril de 2014