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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Noites embriagadas


A bateria balança sobre o palco da tempestade
o baterista entra-se no meu silêncio
e absorve-me,
os sons melódicos do Jazz correm nas minhas veias desconexas
há marinheiros na minha mão que procuram o Oceano da loucura
e absorvem-me,
e sinto-os como se fossem a Primavera
correndo
caminhando sobre a límpida areia de veludo,

A música acorrenta-se aos meus braços de porcelana
choram as cordas da guitarra friorenta dentro de um cubículo sem janelas
e eu, eu transformo-me em palavras,
há poemas no meu peito com sabor a clandestinidade
beijos em pergaminhos que sobejaram da saudade...
e absorvem-me...
pequenas réstias de limalhas de aço
brincam nos meus sonhos...
e absorvem-me,

A bateria não se cansa dos meus fantasmas
o baterista suspenso no arame de papel que constrói a madurada
e absorvem-me as sonoras lágrimas da manhã,
sei que no teu rosto de madeira habitam fotografias a preto-e-branco
e outros suspiro sem nome,
homens desejando a morte
e a morte que não cessa de gritar...
absorvo-te enquanto desenhas nos seios da literatura sons geométricos das noites embriagadas.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 18 de Abril de 2014