domingo, 20 de abril de 2014

olhos de naftaleno...


a espuma em pálpebras de cianeto
o relógio suspenso entre o sono e a madrugada construída de esferas metálicas
a chuva miudinha entranha-se no corpo da serpente de chapa
enrola-se na sinfonia do teu olhar...
e descansa
dorme
e sonha com as sandálias do amanhecer
eu procuro-te na imensidão da escuridão nocturna do perfume

tu disfarçada de árvore e apenas em ti poisam gaivotas ensonadas
a espuma embainha-se nos teus seios floridos
há palavras inaudíveis no teu sorriso
há cansaços desgovernados vestidos de barcos
prostitutas com coração de marinheiro
e candeeiros em braços de lentidão
o amor fuma cigarros com poemas de cartão
e tu pareces a ponte iluminada da paixão

o amor é uma parvoíce
como todos os poemas que escrevo
como todas as palavras que grito...
a espuma é o teu corpo em pedaços de retracto
imagens simples
tristes
o amor é a noite desconexa
com olhos de naftaleno...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 20 de Abril de 2014

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