sábado, 14 de dezembro de 2019
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
segunda-feira, 9 de dezembro de 2019
domingo, 8 de dezembro de 2019
A fome da saudade
Trago
em mim a fome da saudade.
Não
sei quem sou, nesta cidade deserta,
Cansada
da verdade.
Trago
em mim a fome da tristeza,
Quando
o vento se alicerça nos teus lábios.
Trago
em mim o silêncio da noite,
Quando
um livro perdido, se levanta, e avança contra a escuridão.
Trago
em mim o sofrimento do desejo,
Como
uma cancela escondida pela geada,
E
na montanha, tenho escondidas as lágrimas da calçada.
Trago
em mim a morte,
A
dor,
E
o sonho de adormecer no teu colo.
Trago
em mim a saudade,
A
fome,
A
vaidade.
Trago
em mim a felicidade,
De
um dia, voar,
Nas
tuas mãos,
No
teu sonhar.
Trago
em mim a fome de sofrer,
Dentro
de um relógio indignado com o tempo.
Trago
em mim a fome de escrever…
Escrever
palavras de alento.
Trago
em mim a fome de ser,
Ser
quem não sou,
Que
sou ser,
Invisível,
Nesta
Galáxia complexa da noite.
Trago
em mim o prazer,
O
sonho,
A
vontade de viver.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
08/12/2019
A sonhar sonhos de sonhar…
Longe vai o tempo
Em que eu adormecia acordado
No silêncio da escuridão.
E de madrugada
Quando o amanhecer acordava,
Sentia o vento
Na minha janela mal fechada,
O roncar do meu cão
Que não me deixava sonhar…
Adormecer,
E eu… sonhava,
Acreditava na alvorada sem luar,
Na chuva miudinha impressa num
verso de fazer
Inveja ao silêncio dos teus olhos a
chorar.
E longe vai o tempo
Em que sonhava sonhos de sonhar,
Como se fosse o movimento
Do pêndulo simples na minha mão a
saltar.
E saltava!
Corria sem correr
Adormecia e acordava
E voltava a adormecer
No silêncio da alvorada.
Longe vai o tempo
Em que eu sonhava sonhos de sonhar,
E sonhava.
E tinha medo de acordar…
No teu pensamento,
Mulher do mar.
Francisco
Luís Fontinha
Para
publicação
sábado, 7 de dezembro de 2019
Não sei
Não sei!
Não sei o que é adormecer,
Sorrir,
Sonhar,
Ou simplesmente viver.
Porque tu existes, e vais partir,
O Sol acordar,
Não sei que sei que chorei!
Ninguém quer saber,
Nem importa o que vamos fazer,
Se faz Sol ou está a chover,
Ou corremos sem correr…
És flor adormecida,
Muito bela e querida…,
Manhã submersa esquecida
Á procura da vida.
Pétala de ternura
Eterna brancura,
Olhar cansado com bravura,
Que se despedaça de grande altura…
Não sei!
Não sei o que é voar,
Viver,
O que são electrões,
Pensamentos metalúrgicos ao acordar,
Treliças que quero esquecer.
Fundem-se protões,
E de tanto te olhar…, me cansei!
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Para publicação
sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
Ilusões de Amor
Francisco Luís Fontinha
Lisboa, 87/88
Alijó / S. Pedro do Sul – Carvalhais, 89
Parte I
Pensamentos de um homem morto
1
Hoje pude olhar o nascer do sol!
Seus raios são luz que iluminam a esperança,
Não de viver, mas de sonhar.
Tudo o que me rodeia, acorda de um sonho adormecido,
A Primavera finalmente encontrou o renascer
De um amor incompreendido.
Tenho medo…, não de morrer, mas… de sonhar!
2
Estou só e todo o silêncio é pouco.
Entre estas paredes de quem sou prisioneiro,
Recordo-me dos mais loucos e distantes pensamentos,
As pedras que me escutam, olham o transformar
Da minha sombra na escuridão, e que é testemunha
Do meu processo de destruição…
O insignificante a que pertence o meu pensamento,
De nada compreende o meu passado…
3
Em cada segundo de silêncio, o meu pobre corpo
Descansa entre o sonho adormecido,
E todo o meu sofrimento é constante,
Vertical, horizontal, é dor,
E tu nunca compreendeste o que me espera,
Eles dizem-me que o fim está próximo,
Não da morte,
Mas de tudo aquilo que não compreendo…
4
As palavras,
Gritam-me constantemente o silêncio da morte.
A alegria que existe dentro de mim
Não é real, é apenas uma vontade sem vontade
De viver um futuro denegrido, hipotecado ao diabo.
A tua sombra faz com que o meu caminho
Seja projectado num passado distante da minha verdade,
E o teu futuro encalha no meu presente.
Ao longe, olho a tua sombra, e o teu sorriso é lindo!
5
Adeus liberdade solitária!
Tu compreendes-me?
É essa a razão que faz o meu destino
Parecer e ser incompreendido.
Há momentos e não momentos que imagino a separação,
E outros, fico só e o meu corpo adormece.
Em breve vou morrer…, e então serei feliz!
6
Tudo parece impossível!
Viver, sonhar e amar…
Até adormecer é impossível.
Serei diferente?
Olho na luz que me ilumina, e duvido da sua presença,
E da minha existência.
Não compreendo a verdade,
E permaneço rebelde além da destruição…, fico contente.
7
A alma que chora no meu infinito,
Faz de mim solitário,
E o meu coração esconde-se no desconhecido.
No presente, não penso o futuro,
E..., momentaneamente esqueço o passado,
Mas tudo parece impossível…
Não me preocupo quem sou,
E gostava de saber quem serei mais tarde…
Parte II
O acordar de uma mulher
1
Vou caminhando rua acima
Fugindo do meu ideal,
Ao longe recordo o mar,
E compreendo não ser eu real.
Seu olhar olha-me constantemente
E recordo minha sombra,
E um dia…, se voltares a ser minha amante,
Certamente não serei feliz como a pomba.
Maldita escuridão!
Serei eu um sonhador?
E pergunto ao meu coração
A razão de tanta dor…
2
Estou perdido
Numa canção onde posso recordar-te,
E não imaginas o que tenho sofrido
Não ser eu capaz de amar-te.
Gostava de dizer-te alguma coisa…
E por minha culpa
O sol no horizonte pousa,
E transporta-me para tão grande luta.
Conquistei o teu sofrimento
Numa noite em Setembro,
Com os teus cabelos soltos no vento,
Que já esqueci e não me lembro.
3
As folhas caídas
Repousam eternamente neste lugar,
Olho ao longe, as árvores despidas
À espera de um novo luar.
Sozinho e triste
Caminho sobre casas ruídas,
Mas…, o meu amor não resiste
Às folhas caídas.
4
Alem recordo o teu rosto
Repartido pelos movimentos vividos,
Brilhante como Sol-Posto
Imagino horizontes denegridos…
Alem ouço a tua voz
Que me tira as forças para continuar;
E alguém chama por nós
Na razão de amar.
Alem recordo o teu sorriso
Tal como se tratasse de uma estrela cintilante,
Alguém perde o juízo,
E eu, eternamente,
Adormeço no mar…
5
As flores acordam ao amanhecer
Caminhando em distantes mágoas,
Em pensamentos que me fazem reviver
A pureza de suas águas.
Recordarei sempre o teu olhar
Tal como o teu corpo,
Sabendo que não te posso amar
Porque brevemente estarei morto.
Sofro por tua causa
E desconheço se vou resistir;
Em mim apodera-se uma pausa
E logo me leva a partir.
6
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
A noite, transparente, parece reconhecer
Sombras encalhadas na ruela,
E ao fundo, a luz cansada de acender,
Apresenta-me uma mulher muito bela.
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
Olhei o meu amor
Escondido na cabana,
Escondia sua voz no tambor
E iluminava objectos de porcelana.
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
O caos do meu pensamento
Transporta-me para o final,
E todo o meu sofrimento
Esconde-se como um animal.
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
Para publicação
Lisboa, 87/88
Alijó / S. Pedro do Sul – Carvalhais, 89
Parte I
Pensamentos de um homem morto
1
Hoje pude olhar o nascer do sol!
Seus raios são luz que iluminam a esperança,
Não de viver, mas de sonhar.
Tudo o que me rodeia, acorda de um sonho adormecido,
A Primavera finalmente encontrou o renascer
De um amor incompreendido.
Tenho medo…, não de morrer, mas… de sonhar!
2
Estou só e todo o silêncio é pouco.
Entre estas paredes de quem sou prisioneiro,
Recordo-me dos mais loucos e distantes pensamentos,
As pedras que me escutam, olham o transformar
Da minha sombra na escuridão, e que é testemunha
Do meu processo de destruição…
O insignificante a que pertence o meu pensamento,
De nada compreende o meu passado…
3
Em cada segundo de silêncio, o meu pobre corpo
Descansa entre o sonho adormecido,
E todo o meu sofrimento é constante,
Vertical, horizontal, é dor,
E tu nunca compreendeste o que me espera,
Eles dizem-me que o fim está próximo,
Não da morte,
Mas de tudo aquilo que não compreendo…
4
As palavras,
Gritam-me constantemente o silêncio da morte.
A alegria que existe dentro de mim
Não é real, é apenas uma vontade sem vontade
De viver um futuro denegrido, hipotecado ao diabo.
A tua sombra faz com que o meu caminho
Seja projectado num passado distante da minha verdade,
E o teu futuro encalha no meu presente.
Ao longe, olho a tua sombra, e o teu sorriso é lindo!
5
Adeus liberdade solitária!
Tu compreendes-me?
É essa a razão que faz o meu destino
Parecer e ser incompreendido.
Há momentos e não momentos que imagino a separação,
E outros, fico só e o meu corpo adormece.
Em breve vou morrer…, e então serei feliz!
6
Tudo parece impossível!
Viver, sonhar e amar…
Até adormecer é impossível.
Serei diferente?
Olho na luz que me ilumina, e duvido da sua presença,
E da minha existência.
Não compreendo a verdade,
E permaneço rebelde além da destruição…, fico contente.
7
A alma que chora no meu infinito,
Faz de mim solitário,
E o meu coração esconde-se no desconhecido.
No presente, não penso o futuro,
E..., momentaneamente esqueço o passado,
Mas tudo parece impossível…
Não me preocupo quem sou,
E gostava de saber quem serei mais tarde…
Parte II
O acordar de uma mulher
1
Vou caminhando rua acima
Fugindo do meu ideal,
Ao longe recordo o mar,
E compreendo não ser eu real.
Seu olhar olha-me constantemente
E recordo minha sombra,
E um dia…, se voltares a ser minha amante,
Certamente não serei feliz como a pomba.
Maldita escuridão!
Serei eu um sonhador?
E pergunto ao meu coração
A razão de tanta dor…
2
Estou perdido
Numa canção onde posso recordar-te,
E não imaginas o que tenho sofrido
Não ser eu capaz de amar-te.
Gostava de dizer-te alguma coisa…
E por minha culpa
O sol no horizonte pousa,
E transporta-me para tão grande luta.
Conquistei o teu sofrimento
Numa noite em Setembro,
Com os teus cabelos soltos no vento,
Que já esqueci e não me lembro.
3
As folhas caídas
Repousam eternamente neste lugar,
Olho ao longe, as árvores despidas
À espera de um novo luar.
Sozinho e triste
Caminho sobre casas ruídas,
Mas…, o meu amor não resiste
Às folhas caídas.
4
Alem recordo o teu rosto
Repartido pelos movimentos vividos,
Brilhante como Sol-Posto
Imagino horizontes denegridos…
Alem ouço a tua voz
Que me tira as forças para continuar;
E alguém chama por nós
Na razão de amar.
Alem recordo o teu sorriso
Tal como se tratasse de uma estrela cintilante,
Alguém perde o juízo,
E eu, eternamente,
Adormeço no mar…
5
As flores acordam ao amanhecer
Caminhando em distantes mágoas,
Em pensamentos que me fazem reviver
A pureza de suas águas.
Recordarei sempre o teu olhar
Tal como o teu corpo,
Sabendo que não te posso amar
Porque brevemente estarei morto.
Sofro por tua causa
E desconheço se vou resistir;
Em mim apodera-se uma pausa
E logo me leva a partir.
6
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
A noite, transparente, parece reconhecer
Sombras encalhadas na ruela,
E ao fundo, a luz cansada de acender,
Apresenta-me uma mulher muito bela.
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
Olhei o meu amor
Escondido na cabana,
Escondia sua voz no tambor
E iluminava objectos de porcelana.
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
O caos do meu pensamento
Transporta-me para o final,
E todo o meu sofrimento
Esconde-se como um animal.
As estrelas deixaram de brilhar
E o mar fica distante!
Para publicação
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
Matemática
Se eu juntar o Sol com a geada,
E subtrair a madrugada,
Elevar ao quadrado o luar…,
Fico com nada,
E tu, talvez fiques com o mar!
Calculando a primitiva do teu olhar
Juntamente com a raiz quadrada,
Eu continuo a ficar com nada,
E tu, novamente com o mar!
Assim não dá.
Diferenciando o silêncio do teu sorriso
E ao mesmo tempo,
Dividir o meu cansaço pela falta de juízo,
Obtenho a probabilidade do vento…
Assim não dá.
Se juntar o Sol com a geada,
Adicionando o mínimo múltiplo comum da madrugada,
Integrando o luar…,
Fico com três folhas de papel perdidas na calçada,
E tu, ficas com o mar!
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Poema a publicar em livro
quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
O meu funeral
Não posso estar presente
No dia do meu funeral.
Lágrimas derramadas por muita
gente,
Rancores de raiva me querem tão
mal.
Tiveram o cuidado
Em vestir-me a rigor,
Fato e gravata, no caixão deitado
Multidão que chora presente dor.
Porque choram pergunto eu desanimado!
E só depois de ter morrido
Compreendi a razão de ser
odiado...
Sinto-me triste por ter nascido!
E estou feliz deitado
Neste caixão em madeira...
A presença do vigário
Nunca me agradou,
Fizeram tudo ao contrário
Daquilo que o meu pensamento planeou.
Não me importo. Irei
contrariado...
Poucas horas deitado
E já me sinto distante,
-Porra. Sinto-me cansado
De olhar tão triste gente.
Estou pronto para embarcar.
No meu quarto depositado
Ouço alguém cantar
A canção do abandonado.
Choram as mulheres lágrimas na
escuridão
E feliz, vejo crianças a brincar,
Brincadeiras à volta do meu
caixão
Antes do cangalheiro as portas
fechar.
Começa o maldito padre uma
“merda” qualquer,
E eu que nem padre queria.
Fecha-se o maldito caixão
E o meu olhar perde-se no meu corpo
cansado,
Gritam então..., meu querido
filho! Filho da minha alma meu coração...
E tudo fica calado.
Missa não tive, missa não.
O maldito padre apressado
Reboca o meu pobre caixão,
E eu a rir porque vou deitado.
Lançar as cordas. Corpo ao fundo.
Finalmente...
A terra cobre-me como sempre
tinha pensado,
Terra que tudo mastiga, terra que
engole gente.
Assim descansa o meu corpo
cansado.
Mais tarde uma lápide foi
colocada
Em memória de um tal Luís
Fontinha, data de nascimento...
Nascido em Janeiro e Luanda
apaixonada
Meu filho querido tristeza do meu
sofrimento.
E a lápide foi apagada.
Um anjo na escuridão
Novas palavras escreveu pela
calada,
Aqui Jaz Luís Fontinha, aqui
apodreces maldito “cabrão”.
Sete anos mais tarde.
As letras no tempo foram apagadas
Tal como uma folha de papel
dourada.
Outro no meu lugar foi enterrado
Juntamente com os restos que sobravam
de mim,
E eu sem culpa alguma
compartilhei o mesmo valado
Que mais tarde alguém fez um
jardim...
Francisco Luís Fontinha
Algures em Belém/Lisboa – 87/88
O sol
Não
o sei.
Foram
pedras da calçada que arranquei.
Foram
lágrimas que chorei.
Não
o sei.
Esta
terra que semeei,
E
depois me cansei,
E
depois me sentei,
Não.
Não o sei.
Não
o sei.
Porque
morrem, aos poucos, as palavras que plantei,
Na
folha de papel que rasguei.
Não.
Não
o sei.
Não
o sei.
Porque
brotam lágrimas esta lareira que amei.
Esta
fogueira que incendiei,
Na
madrugada que pintei.
Não.
Não
o sei.
Não
o sei.
Porque
sinto os combóis que nunca sonhei.
Não
o sei,
Porque
brincam meninos na seara que pisei…
Mas
uma coisa eu sei.
Que
o Sol que bilha, não fui eu que o pintei.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
03/12/2019
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
A casa
Sinto-te
nesta casa fria e escura.
Neste
casebre abandonado,
Sinto-te
nas paredes cansadas desta espelunca,
Na
sombra de um qualquer coitado; eu.
Sinto-te
em perfeita brancura,
Das
palavras que escrevo e pronuncio…
Que
nunca,
Vou
desenhar uma gaivota em cio.
Sinto-te
como se fosses uma pomba.
Sinto-te
como se fosses uma bomba,
Esquecida
no mar,
Esquecida
de rebentar.
Sinto-te
e não te vejo.
Pareces
invisível neste labirinto.
Pareço
o Tejo.
Voando
baixinho, quando não minto.
Sinto.
Sinto
tudo isto enquanto não consigo adormecer.
Sinto
a calçada chorar.
Sinto
o meu corpo sofrer…
Com
medo de morrer.
Com
medo de acordar.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
02/12/2019
domingo, 1 de dezembro de 2019
O labirinto do sono
Habito
neste labirinto de lata.
Desta
pobre sanzala abandonada.
Habito
neste corpo de ossos,
Alicerçado
às muralhas dessa pobre calçada.
Habito
neste corpo de chapa,
Cansado
da tristeza.
Vejo-me
no espelho da beleza…
E
apenas observo sombras, linhas rectas envergonhadas.
Habito
neste poeirento cansaço,
Nas
tardes infinitas,
Que
os meus lábios vomitam…
Palavras
malvadas.
Palavras
bonitas.
Habito
no teu cabelo desgovernado pela doença,
Entre
gemidos e demência,
Habito
na tua boca engasgada na madrugada,
Quando
o silêncio não é nada,
Quando
a vergonha,
Envenenada,
Dorme
na tua mão calcinada.
Habito,
meu amor, neste palácio assombrado,
Dentro
de livros com personagens moribundas,
Entre
xisto e calçado,
Nas
montanhas fundas.
Habito.
Habito
nos duzentos e seis ossos Outono,
Quando
as árvores se despem, e o teu corpo, longe do mar,
Enaltece
a maré de chorar.
Habito
sem parar,
Neste
labirinto do sono.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
01/12/2019
sábado, 30 de novembro de 2019
O sono encarcerado
O
sono traz o sonho.
O
sonho, o meu, alimenta-se das teias de aranha da madrugada.
O
sonho, encarcerado.
Menino.
Drogado.
O
sono dentro de um cubo de vidro.
Quando
o sonho, da parte de fora, fode o xisto cansado da viagem.
O
sonho é um travesti.
Travestido
de sono.
Deita-se
na calçada.
Come
cigarros de vento.
O
sono é um veneno.
Como
o sonho.
Um
engano.
O
sono traz o sonho.
O
sonho, meu amigo, é o prazer das prostitutas em delírio…
Zangam-se.
Comem-se.
E
nada faz querer que a noite tenha culpa da constipação dos proxenetas da
alvorada.
O
sono.
No
sonho.
O
relógio das pedras enamoradas.
Cansadas.
Das
tuas garras.
O
sonho encarcerado.
Dentro
da casa abandonada.
Fria.
Cansada.
O
sono é um filho da puta.
Às
vezes, aparece.
Outras,
Muitas,
De
mim se esquece.
Não
o si.
Quando
sonho, quando avida, se aquece.
O
sonho, no sono, embriagada mulher.
A
tristeza, do sono, quando o sonho, emagrece.
Pum.
morre o sonho.
Morre
a saudade.
De
sonhar.
Da
vaidade.
Da
verdade.
De
cansar.
O
sonho.
O
sono.
Dentro
de quarto incompleto.
Entre
lágrimas.
Entre
linhas.
Entre
ossos.
Esqueletos
vendidos na feira.
O
sonho.
O
sono.
Não
regressam além-fronteira.
Triste,
aquele que sonha.
Alegre,
aquele, que desiste.
De
dormir.
De
se vestir.
E
resiste.
Ao
temporal do sonho.
Não
ao sonho.
Sim
ao sono.
Sim
ao sono.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
30/11/2019
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