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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Galeria-boutique El Capitan


 A galeria-boutique El Capitan fica na Foz do Arelho.

Conheci a artista plástica Zahra Aghamiri, descendência Iraniana, pai Iraniano, mãe Americana e marido Inglês.

 Gostei imenso dos seus trabalhos, conversamos sobre as suas origens, processos criativos e ainda deu para tirar uma foto e fazer-lhe um convite para visitar o nosso lindo Douro.

Que tenha muito sucesso.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Espelho

 Despimo-nos em frente ao espelho da saudade

Erguemos as mãos às flores daquele jardim

Que transpira de alegria

Despimo-nos em frente ao mar

E não tenhamos medo da neblina

Que nos visita pela manhã

 

Despimo-nos em frente ao espelho da saudade

Tarde árdua em pequenas marés de engodo

Que morre pela boca

Que grita e se revolta

Despimo-nos então…

Contra a noite que não volta

 

 

28/09/2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Flor de lótus

 Ofereço-te esta flor de lótus

Que acordou do poema

Ofereço-te um beijo

Que mergulhou no poema

E viaja em direcção ao mar

Ofereço-te a minha mão

Que pega no teu cabelo

Onde escondes a flor de lótus

Que eu te ofereci

 

Ofereço-te poesia

Ofereço-te palavras

E as tristezas do dia

E as tristes madrugadas

 

Ofereço-te esta flor de lótus

Como palavra ou confissão ou oração

Enquanto procuro nos teus lábios

Os segredos do luar

E as sombras da noite

Que te atormentam

E te ofereço

Esta flor de lótus

 

Ofereço-te esta flor de lótus

Que acordou do poema

Ofereço-te um beijo

Que mergulhou no poema

E viaja em direcção ao mar

Como se fosse uma lágrima

Não de uma lágrima de chorar…

Como se fosse uma lágrima de amar

Este porto transatlântico sem nome

E que transporto nos ombros.

Por tudo. Ofereço-te esta flor de lótus. E um punhado de fome.

 

 

26/09/2023

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Da insónia Primavera

 Se nos teus lábios de mel

Brincasse o mar

Dos teus olhos

Se nos teus lábios

Brincassem as flores

E voassem os pássaros

Se nos teus lábios de mel

Acordassem todas as Primaveras

… morria a insónia.

 

 

25/09/2023

domingo, 24 de setembro de 2023

Cubo de silêncio

 Pego no teu cabelo

Sonâmbulo acordar da manhã

Pego no teu cabelo e lanço-o ao vento

Como se fosse uma semente

Ou um pedaço do meu pensamento

 

Como se fosse um corpo que não sente

Indolor dentro deste pequeno cubo de silêncio

Pego no teu cabelo e lanço-o ao vento

Primeira lágrima da manhã

Que me mente

 

E me diz que não habita o sofrimento

Nos teus olhos de mar

Neste velho jardim com sabor a mágoa

Pego no teu cabelo

Pedaço de vinho

 

Neste cálice doirado

Pego no teu cabelo abençoado

Que voa sobre o luar

Sem perceber que na minha mão

Brinca o Outono

 

Pego no teu cabelo

Sonâmbulo acordar da manhã

Janela virada para o mar

Quando as algas são as Princesas da preia-mar

Que no teu cabelo eram crianças… crianças de brincar.

 

 

24/09/2023

Meia-luz

 Meia-luz da luz que o dia consome

Na luz que o dia lança ao mar

Quando não tem fome

Meia-luz incendeia a tua mão

Na tua mão meia-luz

Da meia-luz do coração

 

Na meia-luz do teu olhar

Meia-luz que o dia abraça

Meia-luz de medo

Nas profundezas desta barcaça

Em meia-luz e contraluz da desgraça

Na meia-luz que não tem graça

 

Meia-luz que o dia consome

Na outra meia-luz que o dia vomita

Porque a cada meia-luz sem nome

É meia-luz em fome

Na meia-luz que não dorme

Na meia-luz que levita

 

Meia-luz no teu olhar

Do teu olhar meia-luz de mar

Mei luz que o dia consome

Da meia-luz que o dia come

Sem segredar à outra meia-luz

Que em cada meia-luz há uma outra meia-luz com fome

 

 

23/09/2023

sábado, 23 de setembro de 2023

Espingarda

 Às vezes éramos apedrejados pelo silêncio

Às vezes éramos escravos

Do silêncio

Às vezes gritávamos

Às vezes chorávamos

Às vezes tínhamos em nós toda a alegria

Às vezes sentíamo-nos os filhos do poema

Da poesia

Que às vezes atrapalhava o dia

 

Às vezes marchávamos em direcção ao mar

Às vezes fazíamos de mar

Quando o mar

Às vezes

Se disfarçava de um outro mar

 

Às vezes ouvíamos o apito do comboio

Na algibeira de transeuntes aflitos

Com fome

Que às vezes sentíamos enquanto o sono não regressava

Das vezes que se despedia

E nós sem saber o significado de manhã

Quando às vezes

Se perde um sorriso no meu olhar

 

E lá se vai a manhã

De apenas algumas vezes

Às vezes fugíamos

E às vezes pegávamos nas espingardas da insónia

Disparávamos incenso contra o sol

E sal contra a lua

 

E de todas as vezes

Regressavam sempre a nós as outras vezes

Dos dias de às vezes

Meio-escondidos na rua

Meia-lua dos teus olhos

Que às vezes ofusca

Que às vezes me chama

E lamenta

Esta espingarda de corda.

 

 

23/09/2023

Caminho

 Dá-me a mão

Entrelaça os teus dedos nos meus dedos

E vamos

Vamos á procura do mar

 

Vamos abraçar

O mar

Dá-me a mão

Entrelaça os teus dedos nos meus dedos…

E vamos

Vamos à procura do luar

 

Dá-me a mão

Entrelaça os teus dedos nos meus dedos

E vamos

Vamos à procura do teu olhar

Vamos à procura do mar

Ou… ou simplesmente caminhar

 

 

23/09/2023

Fotografia

 Tenho saudades do mar

Meu amor

Tenho saudades do mar

E dos teus braços que me seguram

Para eu não ir com o mar

 

Tenho saudades do mar

Meu amor

Tenho saudades do mar

E das palavras do mar

Meu amor

E saudades

Dos segredos do mar

 

Tenho saudades do mar

Meu amor

Tenho saudades dos teus beijos

Roubados ao mar

Tenho saudades das tuas mãos

Poisadas no meu rosto… de mar

 

 

23/09/2023

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Insónia

 Um milhão de moedas

Pesa o teu sorriso

Um milhão de moedas

Pesa o teu silêncio

Nesta Terra desorientada

E sem juízo

E sem madrugada

Um milhão de moedas

Pesam as tuas mãos de veludo

E outro milhão de moedas

Valem os teus olhos de mar

Na primeira noite de luar

Um milhão de moedas

Loiras

De oiro

Pesam as sílabas da tua boca

Um milhão de moedas

E uma moeda louca

Dormem

 

22/09/2023

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Incenso

 Pincelo o teu olhar

De doce insónia

Pincelo o teu doce olhar

Com os primeiros pingos de chuva

Que a manhã esconde

Em sua mão

 

Pincelo o teu olhar

De puro silêncio adormecido

Da noite em despedida

Em despedia aflita

Quando a noite se perde

No teu olhar

 

E gravita

E grita

O teu olhar pincelado

Com muitas cores

Com muitos sorrisos

E flores

 

Pincelo o teu olhar

Com a luz que se ergue das profundezas da terra

Da água salgada

Na planície que apelidam de mar

 

E do mar

O teu olhar em pedacinho de doce pincelado

Com perfume de sonhar

Vezes sem conta em pequenas deambulações

Pincelo o teu doce olhar

Quando acorda o dia

E sei que o dia

É apenas uma lágrima de incenso

 

 

19/09/2023

O guardião

 Sou guardião do teu olhar

Ó salgado mar!

Sou guardião do teu olhar

Sou pedaço de palavra que brinca com o luar

Sou estrela que não se cansa de brilhar…

Do teu doce olhar,

 

Sou guardião do teu olhar

Sou maré infinita

Manhã faminta

Sou árvore sonolenta

Que dança ao silêncio do vento

Que lamenta o invisível sorriso

Da sombra ferrugenta.

 

 

 

19/09/2023

sábado, 16 de setembro de 2023

Gaivota

 Em teu cabelo de mar ondulação

Brinca uma gaivota de papel

Tem um sorriso nos olhos

Tem nos lábios um batel

Em teu cabelo

De mar

Cinzenta tempestade

De ondas na mão

Em pedacinhos de fúria

Em teu cabelo de mar ondulação

Brinca uma gaivota de papel

Tem o silêncio na boca

E sobre os ombros embriagados de luz…

O sino da aldeia.

 

Em teu cabelo de mar ondulação

Brinca uma gaivota de papel´

Tem nas mãos o feitiço da lua

E nas asas

A doce liberdade.

 

Em teu cabelo de mar ondulação

Brinca uma gaivota de papel

Tem no sorriso um poema

Tem no poema um sorriso de mel

Em teu cabelo

Em mar ondulação

Brinca uma gaivota em papel

E um pobre coração.

 

 

 

16/09/2023

Os barcos da infância

 S. Martinho do Porto, Janeiro de 1989,

 

Deste quarto, dentro deste quarto, olho o mar e pinto o mar nos meus olhos, antes de adormecer. Deste quarto, onde me escondo, não sabendo porque me escondo, neste quarto pinto o sol no tecto, no tecto deste quarto, e sinto neste quarto, dentro deste quarto, o assobiar dos barcos da minha infância.

Neste quarto, de onde oiço o mar, pincelo o meu olhar com estrelas-do-mar e silêncios de alegria, depois, depois peço ao guarda deste quarto, peço ao senhor António, que liberte todas as serpentes, que dormem neste quarto e não gostam de poesia, como todos os que detestam poesia, que são muitos, que são alguns, não pertencem a este quarto, de onde eu, pela janela deste quarto, sinto o cheiro do mar, e depois,

E depois nada. Fico dentro deste quarto.

Vou à janela deste quarto, puxo por um cigarro, acendo-o preguiçosamente, eu oiço-os

Entre gritos, ao lado deste quarto,

Sem perceberem que dentro deste quarto,

Habito eu, o poeta suicidado por uma bala de medo numa tarde junto ao Mussulo.

Então senhor António, as serpentes?

Sei lá eu das serpentes, menino,

Sei lá eu.

E de dentro deste quarto, nem eu, nem eu, senhor António,

Nem eu.

Neste quarto, de dentro deste quarto, oiço o sorriso das girafas, brincando no capim como se fossem crianças pinceladas de saudade, neste quarto, dentro deste quarto todos os papeis são loucos, todas as palavras são loucas, neste quarto, de dentro deste quarto, todos os Sábados, junto ao rio…

Então o senhor António pensava que as serpentes não sabiam ler?

Sei lá eu, menino,

Sei lá eu,

Nem eu, de dentro deste quarto,

A bala sorriu e caiu no pavimento lamacento. Dentro deste quarto, neste quarto, aos Sábados, oiço o mar, desta janela sem sorriso, enquanto o senhor António se vai travando de amores com as serpentes,

E o menino,

O menino, deste quarto, de dentro deste quarto, deste quarto, dentro deste quarto, olha o mar e pinta o mar nos seus olhos, antes de adormecer. Deste quarto, onde se esconde, não sabendo porque se esconde, neste quarto pinta o sol no tecto, no tecto deste quarto, e sente neste quarto, dentro deste quarto, o assobiar dos barcos da sua infância.

 

 

 

16/09/2023

Luís

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Mar nos teus olhos luar

 Dá-me a tua mão

Meu amor

Dá-me a tua mão e vamos desenhar

O sol na areia fina do mar,

Dá-me a tua mão

Meu amor

Dá-me a tua mão e vamos escrever

O silêncio da lua nas mãos do mar,

Dá-me a tua mão

Meu amor

Dá-me a tua mão e vamos brincar

Com as flores do meu jardim… nos lábios do mar.

 

 

14/08/2023

Francisco

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

(sem título)

 Um filho

É o primeiro Sol do teu dia

É a primeira Lua da tua noite,

Um filho

É o poema da tua vida

É poesia,

 

Um filho

É o mar do teu silêncio

É o silêncio da tua mão,

Quando lhe afagas o rosto,

Um filho

É a paixão,

O amor da tua vida.

 

 

09/08/2023

Partida

 Senta-te e pega na minha mão

Senta-te e escreve na minha mão

O poema da despedida,

Senta-te e abraça-me

Enquanto a tarde não acorda,

Enquanto a tarde é uma lápide sinalizando a partida

Do teu silenciado olhar.

 

Senta-te e pega na minha mão

Senta-te e desenha na minha mão

O luar.

Senta-te e pega na minha mão

E não tenhas medo da noite sem estrelas;

Porque eu sou a tua estrela.

 

Senta-te e pega na minha mão

Senta-te e abraça-me,

Enquanto o rio corre para o mar

E o mar,

E o mar é o cortinado do teu lindo olhar.

 

 

 

09/08/2023

domingo, 6 de agosto de 2023

Pequenos anúncios

 Procura-se

Cavalheiro

Educadamente

Educado

Com conhecimentos em poesia

E abraços de madrugada,

Enviar mensagem pelo correio

(Ctt)

Privatizados.

 

Solicita-se ao senhor de camisa encarnada

Sim

Vossemecê

Era eu

Não?

Que retire a sua viatura que está estacionada dentro da cabine telefónica.

 

Vendem-se flores

Todas

Todas as flores

De todas as cores

De todos os tamanhos

Estas flores

Estes ramos

Que aos teus pés

Ficarão

Como sendo uma solicitação minha,

Amém.

(perceberás)

 

Troco.

Troco o meu corpo

Por outro corpo

Troco a minha cabeça

Por uma outra cabeça

Que não pense

Que se ausente

Que sente

Que se troca

Em troca

Vender-se-á ao diabo.

 

Vendem-se favas.

Com fava

Sem fava

Com carne

Em porco

Chouriço

Que são muito boas

À noite

Não

Ao dia

Doze euros e quarenta e oito cêntimos

Sentidos pêsames

Sentidos,

Em sentido

Em frente ao Tejo.

Um amigo.

Um outro abrigo

Suicida-se.

 

Aluga-se.

Alma.

Aluga-se alma em perfeito estado de conservação

De higiene

E com certificado digital,

Aluga-se hospital

Aluga-se hospital sem médicos

Médicos que se alugam, sem hospital

A alma

Que também alugo

Ao desbarato

Em frente ao confessionário

Perdoa-me

Pequei

Chorei

E fodi-me,

Senhor vigário.

 

Embaixada.

Embaixada. Nacionalidade.

Preciso.

Onde nasceu.

No mar.

No mar coisas nenhuma

Ninguém nasce no mar

Só nasce no mar

Quem pertence ao mar,

Embaixada do prazer

O clítoris em sofrimento,

E lamento informar,

Que informo lamentando

Que deixei de ter nacionalidade

E continuo a fumar.

 

Faleceu.

Faleceu poeta, artista plástico, coisa alguma

E nenhuma coisa,

Daqui a pouco

O pôr-do-sol

O jantar

A ceia

A nocturna viagem

Às estrelas

E morreu.

Morreu acreditando que amanhã é segunda-feira,

Faleceu.

Coitado

Dele

Coitado.

Às catorze horas

Da tarde que se extinguiu no horizonte.

 

Batatas – 1,80€;

Cebolas – grátis;

Pipocas – 5€/gr

 

 

Cais das Tábuas, 06/08/2023

(Almirante)