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terça-feira, 10 de outubro de 2017

Outono em flor


O corpo pincelado de noite,

Quando da noite regressam as barcaças do Inferno,

Não trazem destino,

Como no Inverno,

O menino…

O menino recheado de luz e incenso verbo,

Lá fora chora uma flor,

Um pequeníssimo poema morre de dor…

E o menino em febre, cansado da flor,

Deita-se sobre o orvalho imaginado pelo seu progenitor,

Prometo conquistar todos os ossos do teu corpo,

Prometo desenhar no teu corpo a sombra da revolta,

E que nunca mais volta,

Às escadas do sofrimento.

Oiço o teu lamento,

Os teus gritos contra os cortinados da Primavera…

Oiço o Outono na tua mão tão bela,

Quando a barcaça,

Em passo acelerado,

Bate contra os rochedos da desgraça…

E o menino,

Coitadinho…

No chão sentado.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Beijos em flor

(desenho de Francisco Luís Fontinha)


Roubaste-me o sorriso nocturno dos beijos em flor
pegaste nas minhas palavras e transformaste-as em solitárias andorinhas
depois
trouxeste a Primavera
e o amor
do poema
de amar o poema
e sentir no peito as equações do destino...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 31 de Janeiro de 2015


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Sombras de aço


Os orgasmos poéticos
quando do chão esfomeado
se levanta
a matriz
ouvem-se as vozes disformes das andorinhas em flor...
ouvem-se... as sombras de aço nos lábios de uma abelha!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Arcadas em flor


Não sei porque chora,
este granito das arcadas em flor,
porque se cansa esta cidade...
porque morre este amor,
se a noite não vai acordar,
e a tarde,
e a tarde teima a alicerçar-se nos lábios da dor,
não sei porque chora,
este granito sem cor,
que no cansaço mora,
que dos abraços inventa as palavras de amar,
quando se dissipa no teu corpo o silêncio grito...
não sei porque chora,
este granito em teu olhar,
esse corpo fervilhando em desejo,
não o sei, agora,
se esse granito é luar...
ou... ou se é um beijo,
não o sei...
porque chora este granito das arcadas,
em flor semeados os seios da alvorada,
este granito das madrugadas,
que um dia desenhei,
e hoje, e hoje não é nada.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 30 de Julho de 2014

domingo, 17 de novembro de 2013

o corpo malfadado

foto de: A&M ART and Photos

Inventei o cansaço
o tédio
e a dor
inventei os palhaços em aço
o remédio
e o amor
fui amado
desamado
e dissecado por um doutor
inventei as amendoeiras em flor
os guindastes em movimento
e o vento

(fui filho
sou filho
e continuarei a ser... filho)

inventei o cansaço
o tédio
e a dor
tive palavras reescritas em muros em xisto
sou pai dos profetas falhados
inventei o livro da noite com holofotes embriagados
fui drogado
fui homem deambulando nos silêncios das montanhas amoreiras
fui desempregado
cristão
e baptizado
inventei-me homem e sou um livro sem coração

inventei-me sabendo que tu me inventavas
inventei a palavras que tu me odiavas
inventei o cansaço
o abraço
e os lábios com sabor a mel
tive pássaros com asas em papel
inventei-me dentro de uma nuvem imaginando que me abraçavas
tive tudo
tive tudo e não tenho nada
fui infeliz
feliz
cadeira de esplanada

(fui filho
sou filho
e continuarei a ser... filho)


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 17 de Novembro de 2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

Os homens sonoros, que de casa em casa, que, que de jardim em jardim, arbitrariamente prendiam as inocentes palavras que um louco com asas de vidro e olheiras gelatinosas, escrevia nas paredes transparentes dos pilares de areia, morreram, desapareceram nas veias lilases das pétalas em flor, morreram, evadiram-se com éguas em cio correndo sobre o verdejante pasto, húmido, sombrio, os homens, sonoros, que de casa a casa, porta a porta, impingiam rádios a pilhas, lanternas pornográficas, revistas com gajas nuas, que ele vendia num quiosque junto à rotunda das margaridas (flor) envenenadas pelo tesão da chuva esfomeada
Comprávamos três revistas, religiosamente encerradas dentro de um saco plástico, por vinte e cinco escudos,
Da chuva esfomeada vêm-se as estrelas de prata que cobrem o tecto da aldeia com sabor a laranja de S. Mamede de Ribatua, laranja saborosa, conhecida mundialmente, bonita, a moça, da chuva
Dávamos-lhe os vinte e cinco escudos com direitos adquiridos, uma voltinha às revistas, e posteriormente
Revendidas separadamente, aprendi que comprando um maço de cigarros e vender os cigarros a avulso podia ganhar alguns escudos, não muitos, alguns, economia paralela, entre os carris do comboio com destino a Santa Apolónia, e derretiam-se os corações de açúcar quando olhávamos o Tejo vestido de pérola-mármore à porta do Texas em Cais do Sodré,
Até,
Até que...
(   )
(texto de ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Marinheiro de Luz


Achas-te superior
indigente
com falta de amor
como muita gente,

achas-te superior
rainha das coisas boas
montanha de luz
achas-te uma flor
uma simples flor
com pernas de cansaço
e braços
aos abraços
oiço o balançar da porta de entrada
truz truz truz
ninguém será certamente para me dar nada
nem uma simples corda de aço,

um prato com sopa de legumes encarnados
vinho do porto velho como os pássaros com asas de mar
(achas-te superior
indigente
com falta de amor
como muita gente)
e às vezes
multiplicam-se as manhãs de inverno
cresce o inferno
maré de marinheiro
quando eu sentado no barbeiro
penso solitariamente nas nuvens de barbear,

sinto-te em espuma no meu rosto envelhecido
e das saudades
as pequenas saudades
correr amar correr livremente
e voar
e amar
voar até cair nos teus braços
abraços
uma corda de aço
do tão construído cansaço
a espuma de ti mergulhada no meu simples desenho da alvorada
e tão triste e tão só tudo aquilo que foi esquecido,

achas-te superior
indigente
com falta de amor
como muita gente,

mas continuarás a ser uma resma de palavras
sem nexo
moribundas quando a mergulhada canção de amor
não é uma flor
é uma canção
que sofre
que dói
e mói
as pedras finas da calçada dos amores proibidos
e dói
mói
a doçura tristeza do desejo.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 12 de maio de 2012

cansaços de amar

Os olhos
gotículas pétala flor
em cansaços de amar
nos olhos
o perfume de uma flor
quando a noite se suicida no mar

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A voz

Oiço a voz cansada da solidão
oiço a madrugada
poisada na minha mão
e suspiros de menta
e algodão suspiros
de quem não aguenta
a tarde em cansaços
poucos abraços
nos lábios em maldição
oiço a madrugada
oiço a madrugada da solidão
e suspiros de menta
quando uma bela flor
quando oiço a madrugada
sentada à janela
e o cortinado em clamor
afugenta
tão estranha dor
ser pedra de calçada
ou berma de estrada
ser engenheiro ou doutor
ou não ser nada.

domingo, 18 de março de 2012

Equação diferencial

Há uma equação diferencial
Suspensa no pêndulo do amor
Há um homem emagrecido nos lábios do rio
Cansado
Com frio
Há uma noite mergulhada nos murmúrios do meu quintal
Em silêncio apressado
Sem destino
Sem cor
Há um menino
Nos murmúrios do meu quintal
Suspensa no pêndulo do amor
A flor
Que olha estupidamente a equação diferencial

segunda-feira, 5 de março de 2012

Homem sem destino

Das mandibulas da solidão
A flor exígua da vida jacente sobre o mármore curvilíneo
Caiem sorrisos das árvores enfeitadas de silêncio
E nas mãos de um homem sem destino
Crescem gotinhas de suor embalsamadas pela tempestade da noite
É no medo de adormecer
Que a flor exígua da vida morre
E grita
E desaparece entre as rodas dentadas de um orgasmo literário
E gira
E corre até se abraçar ao mar
Traveste-se de pássaro antes de acordar o dia
Abre todas as janelas que escondem o céu
E todas as portas começam a voar
Como se fosse sempre noite
Como se fosse sempre invisível