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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Olhos de mar

 Gosto dos teus olhos

Quando a chuva cai sobre a manhã despida,

Gostos dos teus olhos

Em pequeninos desenhos animados

Nos lábios da geada,

Gosto dos teus olhos,

Dos teus olhos em poema…

Que dormem na madrugada,

Gosto dos teus olhos,

Em três favos de mel,

Dos teus olhos em partida

Para a mão que acena…

Na mão em despedida,

 

Gosto dos teus olhos,

Pequena,

Pequena folha em papel,

 

Dos teus olhos,

Os meus olhos em luar,

Nos teus olhos…

Dos teus olhos de mar.

 

 

 

 

Alijó, 13/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A tatuagem do desejo

 Tatuar o teu corpo

Com a minha boca

Nas tuas costas

No canto superior direito

Tatuava o sol

 

Ao centro

Podia tatuar o mar

E os barcos da minha infância

 

Ao fundo

No canto inferior esquerdo

Junto à nádega

Tatuava a lua

E o luar

 

Nas tuas coxas

Tatuava a noite

E todas as estrelas que tem a noite (tantas estrelas tem a noite, meu amor)

 

Depois

Escrever no teu corpo

 

Nos teus lábios

Escrevo desejo

Beijo

Nos teus olhos

Quando estão poisados na maré

Escrevo paixão

No teu peito

Posso escreve o silêncio

Quando dorme nos braços do mais belo pôr-do-sol

Depois

Pego na tua mão

Cerro os olhos

E escrevo; amo-te.

 

 

 

 

 

Alijó, 08/12/2022

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Marés de Inverno

 

Meu amor

As ruas em silêncio

As palavras semeadas neste velho jardim

Meu amor

Das páginas deste livro

Que foges de mim

Meu amor

Dos olhos estrelares

Meu amor

Meu amor em luar

Meu amor de todos os mares

Em marés de Inverno

Meu amor

Quando a noite é inferno

Da noite amor

Na noite em flor

E meu amor

Quando o poema cresce em tua mão

E de mim

A silenciada paixão

Quando o meu coração

Meu amor

Desce às profundezas do medo

E em desejo meu amor

O teu sorriso beijo.

 

 

 

Alijó, 25/11/2022

(Francisco)

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Em flor esta flor

 Uma flor

Uma pequena flor

Tem braços

Tem mãos

Tem olhos

Lábios

Uma flor

Uma pequena flor,

 

Uma flor

Uma pequena flor

Uma flor que me olha

Escuta

E deseja,

 

Uma flor

A flor da insónia

Uma flor

Uma pequena flor que me escreve

E desenha sobre o mar,

 

Uma flor

A flor que poisa na tua janela

Em flor

A flor mais bela,

 

E da boca

Uma flor

Em flor,

 

Esta pobre flor

Uma flor

Cansada

Uma flor apaixonada

Em flor

Da flor

E de nada

Esta flor,

 

Uma flor

A flor do beijo

Em flor

Uma flor

Uma pobre flor,

 

E esta flor

Que dorme

Sente

Ama

A flor,

 

A flor das manhãs ensonadas

Em flor

Esta pobre flor

Flor

Do mar em flor,

 

Da flor em mar,

 

Esta flor de amar,

 

A flor.

 

 

 

 

 

Alijó, 24/11/2022

(Francisco)

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Olhos de amar

 Há um pequeno sorriso

Nos teus olhos de amar

Há uma manhã que se despede

Dos eternos jardins em poesia

Há uma lua sem luar

 

Em cada novo dia

Há uma árvore

Que se deita na tua mão

Uma árvore sem pássaros

E um pássaro sem pão

 

Há um pequeno sorriso

Nos teus olhos de amar

Uma casa inabitada

Perto de uma ponte com fome

Há um rio sem nome

 

Que se abraça aos socalcos da madrugada

Um rio que nunca se cansa

Das minhas tristes palavras

Um rio que inventa

As lágrimas dos teus lábios

 

E as lágrimas da tua boca

Há um beijo no teu corpo

Um beijo desenhado por um sem-abrigo

Um beijo desejado

Um beijo em perigo

 

 

 

Alijó, 09/11/2022

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

As lágrimas flores do Inverno

 Quando anoitecem em ti as lágrimas flores do Inverno

E um vulcão de espuma brinca no rio da saudade

Uma ponte de sono em fuga

Procura nos olhos da insónia

As janelas para a madrugada

 

E percebe que este jardim

Infestado de barcos e de tristes palavras

É o porto de abrigo dos teus braços

Quando acorda a manhã

Na boca do inferno

 

Subo sonambulamente estes velhos degraus

Como se o meu corpo fosse uma pedra

Perigosamente e preguiçosamente livre

Destas tempestades que trazem os cadáveres poema

E o meu cadáver veste-se de poema

 

E o meu cadáver é também filho do poema

Depois

Um raio de sol poisa nos teus doces lábios

Em flor adormecida

Sem paciência para escreveres na minha mão

 

Os segredos da paixão

A paixão aprisiona-se na raiz profunda desta árvore

E esta árvore cresce

Cresce

E nunca vai morrer como morrem os pássaros

 

 

 

 

Alijó, 07/11/2022

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Primeiro beijo

 

Escuta-o

É o orgasmo das palavras

Que bate nos teus lábios

Inventa o primeiro beijo

Escuta-o

Sem questionares

Se é desejo

Porque pode ser apenas um poema (assassinado à nascença)

 

 

Francisco Luís Fontinha

24/10/2022

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

O muro do desejo

 

Desenho o beijo

Na sombra fria e escura

Do muro do desejo,

Pergunto-me,

Quanto pesará um beijo…

E ninguém sabe,

Ninguém consegue calcular o peso de um beijo,

Eu não sei,

 

Desconhecendo a massa de um beijo…

Será impossível de calcular o seu peso,

Portanto,

Um beijo poderá pesar muito…

Ou não pesar nada…

Ou nem sequer existir,

Um beijo desenhado,

Quase sempre, é um beijo desejado,

 

Mas haverá beijos que não são desejados?

E desenhados?

Conseguem desenhar um beijo?

Como se escreve um beijo?

E se a sombra fria e escura

Do muro do desejo…

Não existir?

Não sei…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 06/10/2022

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Iões da saudade

 Percebo que a noite é escura

Quando cada milímetro quadrado da tua pele

Se despede das minhas mãos,

Percebo que a noite é escura

Quando a minha voz se perde na velocidade da luz

E se abraçam,

E se beijam,

O som… e a luz,

 

Percebo que a noite é escura

Quando dos teus lábios fogem os iões da saudade,

Quando um beijo se ergue na margem esquerda das tuas coxas…

Quando um pedaço de noite é apenas um pedaço de noite,

Percebo que a noite é escura

Quando semeio as minhas palavras sobre o teu peito,

E nele, desenho as imagens do desejo,

 

Percebo que a noite é escura

Quando este poema poisar sobre o teu cabelo,

Quando a cidade dorme,

Percebo que a noite é escura

Quando as janelas do teu olhar se abrem…

E as equações do sono,

São pequeninos silêncios

Na lua… também ela, tal como a noite, escura.

 

 

Alijó, 05/10/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 5 de julho de 2022

Madrugadas em flor

 

Não sabíamos que a tempestade regressava da tua mão. Não sabíamos que em cada sorriso, o teu, habitava uma pequena nuvem de desejo. Não sabíamos que as pedras semeadas na superfície do teu corpo, as palavras entre parenteses, depois de lidas, voavam em direcção às cansadas mãos do criador e, mesmo assim, depois da chuva, levantavam-se do chão, em lágrimas, os silêncios nocturnos das sanzalas adormecidas.

Tínhamos nas palavras escritas, dentro de um pequeno cubo em vidro, as flores amarguradas das distantes marés do paraíso.

Desenhava o teu corpo sempre que a chuva descia montanha abaixo, depois, limitava-me a escrever no chão húmido da alvorada a palavra amo-te,

Sabendo que em cada muro da cidade,

Um grito em revolta.

Uma enxada vergada pelo cansaço, uma flor em flecha contra o poema que nascia nas amoras em flor, ambas envergonhadas, ambas desgovernadas pelo silêncio da tarde, desciam as escadas da solidão, depois de partir a noite, acreditando que os poemas nasciam durante as tempestades nocturnas sem luar.

E não sabíamos que a tempestade regressava da tua mão. Não sabíamos que em cada sorriso, o teu, habitava uma pequena nuvem de desejo que pé-ante-pé dançava nas escadarias que apenas a solidão conservava para mais tarde fotografar; e tínhamos nas pedras, nos anzóis da solidão, do pequeno parágrafo desalinhado, todas as tristes madrugadas entre o desejo que abraçava o teu corpo e o beijo; ai o beijo, menina!

 

Descias as madrugadas em flor,

Descias as distantes cinzentas manhãs de inferno,

Descias da boca, quando o beijo mergulhava

Na solidão nocturna da dor;

Descias às noites de Inverno

Que no beijo dançava.

 

Ai o beijo, menina!

E tínhamos na algibeira o silêncio entre gemidos e lágrimas, e tínhamos nos poemas a boca entre o beijo e a alvorada, e tínhamos na mão, ou tínhamos no silêncio, as tempestades do infinito.

E tínhamos o beijo embrulhado nas nossas bocas, quando envergonhadas, levitavam como um carrossel em direcção ao olhar de uma criança.

 

 

Alijó, 5/07/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Árvores sonâmbulas

 

Sabíamos que das árvores sonâmbulas

Acordavam os gritos faminto da fome,

Empenhando a bandeira sem nome

Que todas as tardes, dormia junto ao rio.

 

Sabíamos que das tuas palavras

Se erguiam os corações de prata,

Pedaços de lata

E pequenas andorinhas da madrugada,

 

Enquanto lá fora, sem percebermos

Porque morriam os poemas amanhecer,

Havia sobre a mesa uma pequeníssima folha onde escrever,

Havia o grito da noite,

 

Sabíamos que das árvores sonâmbulas,

Algumas delas, envenenadas pelo silêncio da alvorada,

Descia das mangueiras uma manga cansada,

Uma manga enraivecida,

 

Porque dentro de nós,

Adivinhava-se a tempestade do feitiço, primitiva

Equação em desejo. Porque dentro de nós existia o sono

Travestido de tédio.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 16/06/2022

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Silêncio no teu olhar

 

Silêncio no teu olhar

Menina das flores desenhadas,

Saudades do mar

E das palavras abraçadas.

 

Menina do meu luar,

Descendo a calçada,

Menina dos beijos de beijar,

Enquanto dorme a madrugada.

 

Silêncio no teu olhar

No poema adormecido,

Silêncio de amar,

 

Amar o verso encantado.

Menina do poema perdido,

Perdido no meu corpo envenenado.

 

 

Alijó, 27/02/2022

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Máquina de escrever

 

Na máquina de escrever

Escrevo o teu nome

E desenho os teus lábios de cereja,

Pinto a tua boca

Com pinceis de desejo,

Escrevo o teu nome,

Desenho o teu beijo.

Na máquina de escrever,

Agradeço por pertenceres à minha sombra,

Quando ainda ontem,

Eu mergulhava na tela luar.

Na máquina de escrever,

 

Eu, sou o poema,

Sou a geada suspensa na madrugada,

Sou o verbo amar,

Quando a noite

Não tem medo a nada.

Na máquina de escrever,

Sou o poeta,

Ou outro gajo qualquer,

Sem identidade,

Sem nome,

Que caminha na tua mão,

Feliz por ser.

 

 

Feliz por ter,

Ter uma máquina de escrever.

Na máquina de escrever,

Dentro do velhinho teclado,

Há uma gota de amor

Dançando na insónia.

Na máquina de escrever,

Onde me sento e deito,

Como uma pedra selvagem…

Neste corpo em viagem,

Neste corpo que chora no teu peito.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 11/02/2022

sábado, 22 de janeiro de 2022

A sebenta


 

O teu corpo;

A sebenta onde adormeço o poema cansado,

Onde deito os beijos desejados,

Entre o espaço abraçado,

Entre os versos envenenados.

 

O teu corpo;

Engraçado,

Equação sem nome

E que brinca no caderno quadriculado,

No cansaço sem fome,

 

Do cansaço aguentado.

O teu corpo desejado

Que caminha sobre o mar,

É o teu corpo argamassado,

Argamassado nos poemas de amar.

 

 

Alijó, 22/01/2022

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Flores do meu jardim

 

Tenho as flores do teu olhar,

Da saudade em construção,

Tenho rosas as rosas do mar,

As rosas do teu coração.

 

Tenho as flores dos teus lábios madrugada,

Quando em mim vive a liberdade,

Tenho as flores do teu olhar, teu olhar minha amada,

Minha amada de verdade.

 

Tenho em mim, a tua boca de beijar,

Tenho no meu jardim,

As flores de te amar,

 

Tenho em mim, o beijo desejado,

Das tuas mãos de cetim,

Às tuas mãos neste corpo cansado.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 1/11/2021

domingo, 31 de outubro de 2021

A enxada da vida

 

Descia a calçada de cigarro na mão.

Empunhava a espingarda

Como se ela fosse uma canção,

Ou apenas o nascer da alvorada.

 

Sentava-se no chão. Desenhava na algibeira

Lágrimas com a enxada da vida adormecida,

Subia aos montes e às montanhas e à ribeira…

A ribeira da vida.

 

Sentado no chão.

Cruzava as pernas em direcção ao mar,

Mas o mar era apenas uma canção,

Uma canção de embalar.

 

Descia a calçada de cigarro na mão.

Sentia na garganta a lampejou-lha dos pássaros envenenados,

Alguém lhe gritava; Alto. No ar a sua mão.

A sua mão dos dias envergonhados.

 

Descia.

A calçada em demanda.

E, escrevia

Com a mão que não anda.

 

Descia a calçada em construção.

Puxava de um cigarro que se alimentava do desejo,

Descia a calçada de cigarro na mão,

E com a mão se constrói o beijo…

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 31/10/2021

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Pequenina palavra para escrever

 

Descíamos a calçada

Em direcção ao silêncio; em cada jardim,

Uma madrugada,

Ou uma sílaba prisioneira a mim.

 

Desenhávamos o beijo

Entre as sombras do amanhecer,

Procurávamos no desejo,

O desejo de viver,

 

Ou o desejo de vencer.

Tínhamos na mão

Uma pequenina palavra para escrever,

 

Poesia que envelhecia e não queria morrer.

Tínhamos no coração

O desejo de correr.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 22/10/2021