Dorme,
dorme, meu menino.
Nas
lágrimas desta cidade.
Na
rua caem palavras de saudade.
No
altar veneras o Santo Peregrino.
Dorme.
Dorme,
meu menino.
Dorme,
dorme, meu menino.
Nos
livros de sonhar.
Dorme,
meu menino.
Menino
do mar.
Dorme.
Dorme,
meu menino.
Nas
manhãs de desenhar.
Dorme,
dorme, meu menino.
Dorme
nesta cama de palavras incertas.
Dorme,
meu menino.
Nas
cantigas de amanhecer.
Meu
menino, dorme.
Dorme,
antes de nascer.
Dorme.
Dorme,
meu menino.
Dorme
nas sombras da madrugada.
Meu
menino, menino, dorme.
Nesta
pedra cansada.
Nesta
pobre calçada…
Dorme.
Meu
menino, dorme.
Meu
menino, dorme.
Dorme
sem almoçar.
Meu
menino, dorme.
Dorme
até antes de jantar.
Meu
menino.
Dorme.
Dorme,
cansado, meu menino, dorme.
Dorme
à beira desta montanha desabitada.
Meu
menino.
Menino.
Dorme
nesta aldeia amaldiçoada.
Dorme.
Dorme,
meu menino.
Esquece
o sono de ontem.
Recorda
o sonho de hoje.
Meu
menino. Dorme.
Dorme.
Menino que foge.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
23/11/2019