Serás a eterna
folha de papel,
a pele húmida da
tempestade que me embrulha quando cai a noite na eira de Carvalhais,
oiço o espigueiro
atrapalhado no interior das canções de um sino em delírio...
oiço a tua ofegante
voz quando tentas tocar-me... e foges, e desapareces no trigo
silêncio da madrugada,
serás a eterna
folha...
onde vou escrever os
meus beijos, onde vou escrever as minhas caricias e os meus desejos,
Serás o rio onde me
vou sentar,
os socalcos seios
onde poisarei a minha cabeça...
depois... depois de
acordar,
Serás a migalha de
prazer que deambulará numa cama inventada,
os lençóis de seda
que as tuas mãos aprisionam..., os sótãos do amanhecer,
e os gemidos quando
és penetrada,
serás o luar,
e os versos
ensonados das manhãs de liberdade,
Serás a eterna
folha de papel,
a tinta
ensanguentada dos orgasmos poéticos,
serás a eterna
claridade dos espelhos de brincar,
o carrossel de uma
cidade..., o cansaço de uma noite de amar,
serás o trapézio
que se esconde na ardósia da tarde...
… a geometria
nocturna de um corpo entranhado pelo poeta sem nome!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 8 de
Agosto de 2014