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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O trigo silêncio da madrugada


Serás a eterna folha de papel,
a pele húmida da tempestade que me embrulha quando cai a noite na eira de Carvalhais,
oiço o espigueiro atrapalhado no interior das canções de um sino em delírio...
oiço a tua ofegante voz quando tentas tocar-me... e foges, e desapareces no trigo silêncio da madrugada,
serás a eterna folha...
onde vou escrever os meus beijos, onde vou escrever as minhas caricias e os meus desejos,

Serás o rio onde me vou sentar,
os socalcos seios onde poisarei a minha cabeça...
depois... depois de acordar,

Serás a migalha de prazer que deambulará numa cama inventada,
os lençóis de seda que as tuas mãos aprisionam..., os sótãos do amanhecer,
e os gemidos quando és penetrada,
serás o luar,
e os versos ensonados das manhãs de liberdade,

Serás a eterna folha de papel,
a tinta ensanguentada dos orgasmos poéticos,
serás a eterna claridade dos espelhos de brincar,
o carrossel de uma cidade..., o cansaço de uma noite de amar,
serás o trapézio que se esconde na ardósia da tarde...
… a geometria nocturna de um corpo entranhado pelo poeta sem nome!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 8 de Agosto de 2014