domingo, 3 de agosto de 2014

Correntes de luz


Sinto-me prisioneiro das correntes de luz que embrulham o teu olhar,
sou um casebre perdido na montanha, uma árvore, um cigarro que arde...
e... e que nunca se apaga,
sinto-me a noite no precipício da saudade,
esperando o regresso das mãos poesia,
sinto-me um esqueleto desventrado, uma sanzala iluminada pelas pálpebras da madrugada,
acariciando o meu rosto de página amarrotada,
e... e que nunca se apaga,
o teu sorriso, o teu corpo voando sobre o meu peito,
sinto-me..., sinto-me uma jangada, a maré contra os rochedos,
o poço da morte onde habitam néons com silêncios medos,
e... e que nunca se apaga,

Sinto-me prisioneiro das correntes de luz...
quando a tarde se extingue nas tuas coxas,
… o teu olhar,
magoa, incendeia a minha solidão,
sinto-me... sinto-me um desamado, um corpo suspenso na varanda do luar,
na rua, na rua adormecem chapéus de palha e canaviais,
e eu, e eu aqui... aqui... aqui dentro deste casebre perdido na montanha,
havia um beijo à janela do farol, e o petroleiro do amor...comeu-o,
hoje só os lábios de titânio resistiram à dor,
… o sofrimento,
o sofrimento de desejar,
desejar sem ser desejado.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 3 de Agosto de 2014

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