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foto de: A&M ART and Photos
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Eras mármore gratinado nas doces tristes algas da
solidão, havíamos de terminar a noite entre resmas de papel,
cinzeiro recheado de beatas, neblina ensurdecedora que os cigarros
vomitavam sobre a mesa decorada com objectos insignificantes, eras
mármore sobre um piano coberto por um cobertor de areia, regressavam
no final do dia...
Pombas, gaivotas e barcos enjoados devido à forte
ondulação que as horas incompletas e mortas, pelas finas espumas
que os marinheiros traziam no pulmão alcatroado por um empreiteiro
de algibeiras encurraladas das tempestades que o medo, de vez em
quando, deixava cair sobre o silêncio, os olhos, os olhos
Fingiam que nada viam, adormeciam como embriagados
homens de cabelo comprido,
Cumprido o teu desejo sublime, desfazem-se as
pétalas em sorrisos amargurados, oiço-os
Aos olhos?
Os olhos dormem,
Comprido como a fome, as andorinhas regressavam ao
local do crime, e as janelas de cristal sempre lá, suspensas nas
árvores com ventoinhas eléctricas, do tecto, a chuva do teu cheiro,
a catinga mergulhava na sombra nocturna do cinzento púbis que
embebia a madrugada em despedidas ao Verão, regressado de longe,
vêem-se as superfícies lisas das coloridas faces com lábios de
amanhecer, ao longe
Aos olhos?
Vêem-se-lhe as pernas arqueadas e poisadas sobre o
parapeito virado para as traseiras onde brincava um robusto quintal,
velho, barbudo, atulhado de lixo, lixo... e aqui e além
O cheiro a catinga,
Os caixotes de lixos até não aguentarem mais
alimento, vomitavam-se e sujavam as laminadas passadeiras em pura lã
virgem, o pastor reclamava o preço a que lhe pagavam a lã, as
ovelhas gritavam
Gatunos, gatunos...
O preço da água é um roubo,
Gatunos, gatunos... e o coitado do chibo endiabrado,
correndo de leira em leira... até encontrar um rio com peixes
voadores, até encontrar a mulher mais bela do cinzeiro onde ardiam
algumas das beatas... e o lacrimante púbis enjoado devido às
difíceis encostas cobertas por placas de xisto, e mármore gratinado
nas doces tristes algas da solidão, havíamos de terminar a noite
entre resmas de papel, cinzeiro recheado de beatas, neblina
ensurdecedora que os cigarros vomitavam sobre a mesa decorada com
objectos insignificantes, eras mármore sobre um piano coberto por um
cobertor de areia, regressavam no final do dia...
Gatunos, gatunos...
O preço da água é um roubo,
Aos olhos?
A catinga absorvia o ranger
Oiço-os... meu querido
O quê?
A catinga absorvia o ranger que ela ouvia dos cornos
em migalhas, depois do desgraçado do chibo, tombar como uma
borboleta sobre a lápide do amor, recordava-se ainda do fumo
embrulhado em fina prata de alumínio, e fingiam que nada viam,
adormeciam como embriagados homens de cabelo comprido,
Cumprido o teu desejo sublime, desfazem-se as
pétalas em sorrisos amargurados, oiço-os
Aos olhos?
Os olhos dormem,
E choram as tuas lágrimas
Fingiam que nada viam, adormeciam como embriagados
homens de cabelo comprido,
Cumprido o teu desejo sublime, desfazem-se as
pétalas em sorrisos amargurados, oiço-os
Aos olhos?
Os olhos dormem,
Dormem... e dormem... e dormem... e ele gritava
“Povo desta aldeia... andastes quarenta e oito
anos a dormir... e agora, agora comei do sono”
Aos olhos?
Os olhos dormem,
Dormem... e dormem... e dormem...
E onde está a lã das minhas ovelhas?
Ouvíamos-o chorando como uma criança empoleirada
em calções e sandálias de couro, sentava-se no triciclo...
E dormem,
E onde está a lã das minhas ovelhas?
Dormem...
(Não revisto – Ficção)
@Francisco Luís Fontinha - Alijó
Domingo, 22 de Setembro de 2013