Mulher,
Silêncio que se despe em
mim,
E mergulha na noite em
papel;
A ousadia de viver,
Vivendo neste jardim,
Jardim a crescer,
Junto a este hotel.
Mulher,
Canção envenenada,
palavra em revolta.
Mulher, criança mimada,
Mimada à minha volta.
Mulher,
Flor silêncio que se
despe em mim,
Da noite em combustão,
Mulher,
Mulher de mim,
De mim, corpo paixão.
Mulher,
Corpo vestido de morte,
Cansaço desta montanha
apagada,
Morte de má sorte,
Sorte em ser geada.
Mulher,
Que te vestes de mulher,
E ousas ser outra mulher.
Não te vistas,
Nem te ouses.
Mulher é mulher,
É poema,
Verso enfeitado,
Mulher é flor;
Não o sejas porque alguém
o quer,
Porque mulher
É chama,
É livro envenenado,
É palavra e é amor.
Mulher,
Mulher é mulher,
Mulher é flor,
Mulher é amor.
Mulher,
Silêncio que se despe em
mim,
E mergulha na noite em
papel;
Mulher,
Não queiras ver o meu
jardim,
Jardim de mulher,
Mulher
É amor,
É flor;
Mulher
É mulher,
Mulher é palavra semeada,
Mulher,
Mulher é livro, mulher é
batel,
Mulher é poesia
encantada,
Mulher,
Mulher é mulher,
Mulher de geada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 4/12/2021