Dentro do sono,
Viaja a cansada noite sem
despertador,
- há dias que não como,
Como uma flor.
Vive-se e morre-se de
quê?
Não comendo flor,
Não bebendo água
congelada,
Morrer-se porquê?
Sabendo que na triste
madrugada,
Em plena união,
Habita uma flor,
Uma flor sem coração.
Dentro do sono amanhecer,
Quando alguém sem nome
Abre a cancela da
alvorada;
É o poeta que não
consegue escrever,
Escrever no papel da
fome,
A fome envenenada.
E depois de morrer,
O desgraçado do poeta
vagabundo
Deixou sob a ponte,
Um pedacinho de geada.
Não consegue correr,
Correr até ao cimo do
monte,
Sentar-se e olhar a
imensidão do mundo,
Do mundo que é uma
maçada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 02/12/2021
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