Trago no peito
A equação do silêncio.
Às palavras que escrevo,
Peço perdão à madrugada,
Sentado nesta pobre
esplanada,
Sentindo o vento na face
oculta da solidão;
Trago no peito
A equação do silêncio,
Um pedacinho de saudade,
Trago no peito a sílaba
envenenada,
E um pedaço de pão.
Trago no peito
O feitiço da alvorada,
Quando cansado me deito,
Me deito sem saber nada.
Trago no peito
A equação do silêncio,
Um pedaço de pano,
Onde me abraço,
Sem perceber que amo,
Amo este pobre cansaço.
Trago no peito
Os cigarros fumados,
Os pedacinhos em papel
onde escrevi,
Trago no peito
Marinheiros abraçados,
Marinheiros que nunca vi,
Marinheiros desgraçados.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 30/11/2021
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