Tenho pena de ti,
meu amor,
trocaste a liberdade
por um pedaço de plástico...
um cartão,
um obscuro e amorfo
ramo de árvore,
vendeste a
felicidade ao diabo,
como se habitasses
no interior de uma matriz composta,
insensível...
abraças-te à
equação metafisica sem solução
que deambula na
ardósia do teu olhar,
disfarçada de
abutre em desassossego...
passeias-te pelas
avenidas mais chiques de Lisboa,
e no entanto... és
tão pobre, e no entanto... és tão imbecil,
como o pavimento
nojento dos porcos em revolta...
há dias de “merda”,
dias em que até a
lua nos “fode”,
noites tranquilas...
e noites inquietas,
e no entanto... és
tão pobre, e no entanto... és tão imbecil,
tenho pena de ti,
meu amor,
quando não quero
amor,
quando não quero
paixões de areia
e marés sem
marinheiros,
tenho pena de ti...
e percebo que as
palavras são um jogo desonesto,
sem saída,
nojentas...
a janela quebrada
ou a pedra no charco
da miséria...
tenho pena,
de ti,
meu amor!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 13 de
Novembro de 2014