quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O caixão da insónia


As máquinas enraivecidas
como vozes sem dono vagueando no areal
o sexo morre quando regressa a preia-mar e levita o caixão da insónia
um pequeno soluço
uma fina película de vento poisa sobre o corpo dela
e não existem gaivotas nas proximidades
a cortina nocturna do desejo... desce ao silêncio corpo fervilhando
dás-me a mão
e em finíssimos esqueletos de palha voando em direcção ao cinzento telhado de xisto
alcançamos o beijo
desenhado
decalcado nos teus lábios em flor,
as máquinas não sentem nem sabem o significado do “AMOR”
e tal como eu
um exército de máquinas desconhece o significado do “AMOR...
queria ser um barco passeando pela cidade adormecida
deitar-me quando todos acordam...
e acordar quando todos se deitam
levemente e aos poucos
alicerçar-me à minha cama desgovernada
sem nome
sem nada...
queria ser um barco... um barco em papel descolorido
amargo
sofrido
um barco simples
mais simples do que o “AMOR” das máquinas e do exército de máquinas...



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 12 de Novembro de 2014

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