quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Abutre em desassossego...


Tenho pena de ti, meu amor,
trocaste a liberdade por um pedaço de plástico...
um cartão,
um obscuro e amorfo ramo de árvore,
vendeste a felicidade ao diabo,
como se habitasses no interior de uma matriz composta,
insensível...
abraças-te à equação metafisica sem solução
que deambula na ardósia do teu olhar,
disfarçada de abutre em desassossego...
passeias-te pelas avenidas mais chiques de Lisboa,
e no entanto... és tão pobre, e no entanto... és tão imbecil,
como o pavimento nojento dos porcos em revolta...
há dias de “merda”,
dias em que até a lua nos “fode”,
noites tranquilas...
e noites inquietas,
e no entanto... és tão pobre, e no entanto... és tão imbecil,
tenho pena de ti, meu amor,
quando não quero amor,
quando não quero paixões de areia
e marés sem marinheiros,
tenho pena de ti...
e percebo que as palavras são um jogo desonesto,
sem saída, nojentas...
a janela quebrada
ou a pedra no charco da miséria...
tenho pena,
de ti,
meu amor!



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 13 de Novembro de 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário