terça-feira, 18 de novembro de 2014

Corpo flutuante


Um corpo flutuante nas arcadas nocturnas do medo
o fumo negro da saudade
que sobeja de um cigarro embriagado
tu
tu não vês... que há pássaros poemas
e poetas pássaros
tu
tu não vês... que há palavras disparadas de uma espingarda
um soldado que tomba
e sonha
e flutua...
o corpo flutuante sobe ao cimo da montanha,

grita
chora...
e ausenta-se da neblina cinzenta,

são horas de adormecer
o cansaço espera o corpo flutuante que aos poucos se solta das cordas do silêncio...
parece sofrer
mas... mas o medo permanece impávido
na parada da insónia
são horas do corpo flutuante renascer
brincar
e... e... e deambular sem correntes calçada abaixo
em direcção ao mar
grita
chora...
e ausenta-se da neblina cinzenta.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 18 de Novembro de 2014

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