Este malfadado
trânsito que não me deixa regressar à tua mão,
a chuva miudinha que
invento,
e poisa nas tuas
pálpebras de gaivota ensonada,
o meu corpo não
anda, a noite entra em mim... assim... sem nada,
só,
este malfadado
trânsito,
que alimenta a tua
saudade,
e a estrada
encurvada,
sem candeeiros...
sem... sem
madrugada,
que a montanha
engole,
que... que a
montanha esmaga,
Este triste silêncio
com mandíbulas de cristal,
a pequenina folha de
papel sobre a secretária,
espera-me,
espera-me sem
perceber que eu não tenho paciência para ela,
enerva-me,
ela e as palavras,
estas palavras,
… que o sono
constrói só para me atormentar,
Este malfadado
trânsito... infernal,
que da longínqua
insónia multiplica o cansaço pela solidão,
subtrai os teus
pincelados seios ao amanhecer...
e fico... e fico com
as estrelas de papel que tens suspensas nos teus cabelos,
sinto dentro deste
corpo vagabundo,
o rio com odor a
embriagados sábados...
não sei o
significado da paixão,
nem do imundo
colorido sorriso do amor,
não sei... não
quero saber,
porque caem as
árvores mais belas do meu jardim,
porque choram as
rosas mais belas do meu jardim...
este malfadado
trânsito... é um sofrimento sem fim.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 21 de
Setembro de 2014